FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Textos


Festa do Batismo do Senhor (Mc 1,7-11)(08/01/24)

 

1. Caríssimos, o batismo que recebemos é o novo nascimento na ordem da graça no seio da Santa Igreja; compreendemos isso pelo Batismo de Jesus que é o modelo perfeito do nosso batismo. No Batismo do Senhor o céu se abriu, veio o Espírito Santo e pousou sobre Ele, e do céu ouviu-se a voz de Deus Pai, dizendo: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”. (Mc 1,11).

2. Com efeito, o dom da fé é nato, ou seja, já nascemos com ele; porém, quando somos batizados ele é potencializado nos proporcionando o novo nascimento da água e do Espírito Santo como o Senhor nos ensinou (cf. Jo 1,11-12; 3,3-6). E ainda mais, é a fé que abre os ouvidos da nossa alma para ouvirmos o Senhor e pôr em prática a sua vontade, porque o céu nada mais é do que à plena realização da Sua Palavra.

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3. Uma outra graça que recebemos no Sacramento do batismo é a nossa inserção no Seio da Santíssima Trindade que se faz realmente presente em cada batizado. Ocorre que muitos deixam de experimentar essa inserção pela falta da vivência do batismo e dos outros Sacramentos, e ainda pela não prática das virtudes que nos fortalece na luta contra o pecado.

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4. Mas, o Senhor na Sua infinita misericórdia, não levando em conta as nossas transgreções nos ajuda à supera-las sempre que arrependidos o buscamos de todo coração para retornarmos ao estado de graça. Desse modo, mediante o Sacramento da Reconciliação, Ele nos perdoa, nos libertando do pecado e dos males causados pelo pecado; para assim retornamos à vida nova recebida no batismo. 

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5. Portanto, caríssimos, no batismo o Senhor nos selou com o selo da redenção, o Dom do Espírito Santo, para vivermos neste mundo em justiça e santidade todos os dias de nossa vida sem jamais saímos da Sua presença. Cabe a nós permanecermos fiéis às graças recebidas, como Ele nos ensina: "Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5b).

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6. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Bento XVI: "O Senhor não se cansa de nos dizer: "Sim, estou aqui. Eu conheço-vos. Amo-vos. Há um caminho de mim para vós. E há um caminho que sobe de vós para mim". O Criador assumiu em Jesus as dimensões de uma criança, de um ser humano como nós, para se fazer ver e tocar. Ao mesmo tempo, ao fazer-se pequeno, Deus fez brilhar a luz da sua grandeza. 

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7.Porque, ao rebaixar-se à impotência do amor, Ele demonstra o que é a verdadeira grandeza, o que é ser Deus. Se o Natal e a Epifania servem sobretudo para nos tornar capazes de ver, para abrir os olhos e o coração ao mistério de um Deus que vem estar conosco, a festa do batismo de Jesus introduz-nos, poderíamos dizer, na quotidianidade de uma relação pessoal com Ele. 

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8. De fato, através da sua imersão nas águas do Jordão, Jesus uniu-se a nós. O Batismo é, por assim dizer, a ponte que Ele construiu entre Ele e nós, o caminho pelo qual Ele se torna acessível a nós; é o arco-íris divino sobre as nossas vidas, a promessa do grande sim de Deus, a porta da esperança e, ao mesmo tempo, o sinal que nos indica o caminho que devemos percorrer de forma ativa e alegre para O encontrarmos e nos sentirmos amados por Ele.

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9. São Marcos narra que, enquanto João Batista pregava nas margens do rio Jordão, proclamando a urgência da conversão em vista da vinda já iminente do Messias, eis que Jesus, confundido no meio do povo, se apresenta para ser batizado. O batismo de João é certamente um batismo de penitência, muito diferente do sacramento que Jesus vai instituir. 

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10. Naquele momento, porém, já se vislumbra a missão do Redentor, porque, ao sair da água, ressoa uma voz do céu e o Espírito Santo desce sobre Ele (cf. Mc 1,10): o Pai celeste proclama-O seu filho amado e atesta publicamente a sua missão salvífica universal, que se realizará plenamente com a sua morte na cruz e a sua ressurreição. 

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11. Só então, com o sacrifício pascal, a remissão dos pecados se tornará universal e total. No Batismo, portanto, não nos limitamos a mergulhar nas águas do Jordão para proclamar o nosso compromisso de conversão, mas o sangue redentor de Cristo é derramado sobre nós para nos purificar e salvar. É o Filho amado do Pai, em quem Ele pôs a sua complacência, que nos restitui a dignidade e a alegria de nos chamarmos e sermos verdadeiramente "filhos" de Deus." Amém! Assim seja!

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 08/01/2024


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