20/10/2010 13h25
O TEMPO JÁ NÃO CONTA...
Bem-aventurado John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo - PPS, t. 6, n°17 «Waiting for Christ» «Estai preparados» «Eis que venho como um ladrão. Feliz aquele que vigia e protege as suas vestes» diz o Senhor (Ap 16,15). [...] Quando Cristo diz que a Sua vinda está para breve, mas que contudo chegará de súbito, de modo inesperado, está a dizer que essa espera nos parecerá longa. [...] Porque será que o cristianismo fraqueja incessantemente e, no entanto, perdura? Apenas Deus o sabe, Ele o quer assim, é um fato; e não é paradoxal afirmar que este tempo da Igreja durou quase dois mil anos, que pode durar ainda muito tempo e que, no entanto, caminha para o seu fim, que pode mesmo terminar num dia qualquer. E o Senhor quer que estejamos virados com todo o nosso ser para a iminência do Seu regresso; trata-se de vivermos como se aquilo que pode acontecer a qualquer momento fosse acontecer durante a nossa vida. Antes da chegada de Cristo, o tempo decorria de outra forma: o Salvador iria chegar e trazer a perfeição; e a religião encaminhava-se para essa perfeição. As revelações sucediam-se [...]; o tempo era medido pela palavra dos profetas, que se sucediam. [...] O povo da Aliança não O esperava para breve, mas para depois da estadia em Canaã e do cativeiro no Egito; após o êxodo no deserto, os juízes e os reis, no termo dos prazos fixados para O introduzir neste mundo. Esses prazos eram reconhecidos e as sucessivas revelações preenchiam essa espera. Mas, uma vez Cristo chegado, como o Filho à Sua própria casa, com o Seu Evangelho perfeito, nada falta completar a não ser a reunião dos Seus santos. Nenhuma doutrina mais perfeita pode ser revelada. Surgiu a luz e a vida dos homens; Cristo morreu e ressuscitou. Nada mais há fazer [...]; por conseguinte, o fim dos tempos chegou. Além disso, embora deva existir um certo intervalo entre a primeira e a última chegada de Cristo, doravante o tempo já não conta. [...] O tempo já não caminha para o fim, antes caminha a seu lado, sempre tão perto dele como se tendesse para ele. [...] Cristo está sempre à nossa porta, tão próximo hoje como há dezoito séculos, e não mais próximo do que nessa altura, nem mais próximo do que quando vier. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 20/10/2010 às 13h25
19/10/2010 13h27
QUEM A DEUS TEM NADA LHE FALTA
São Maximiano Kolbe (1894-1941), franciscano, mártir
Conferência de 13/02/1941 (a partir da trad. Villepelée, Mission, Lethielleux 2003, rev)
«Estejam [...] acesas as vossas lâmpadas»
O que é necessário fazer para vencer a fraqueza da alma? Existem dois meios para a vencermos: a oração e o desprendimento de si mesmo. O Senhor Jesus recomenda-nos que estejamos vigilantes. É preciso estarmos vigilantes se queremos que o nosso coração seja puro, mas é preciso estarmos vigilantes na paz, para que o nosso coração seja tocado. Porque ele pode ser tocado por coisas boas ou por coisas más, interior ou exteriormente. Portanto, é preciso saber estar vigilante.
A inspiração de Deus é, de ordinário, uma graça discreta: não devemos rejeitá-la [...]; se não estivermos de coração atento, a graça retira-se. A inspiração divina caracteriza-se por uma particular precisão; tal como o escritor conduz a sua pluma, assim a graça de Deus conduz a alma. Procuremos pois atingir um maior recolhimento interior.
O Senhor quer que tenhamos o desejo de O amar. A alma que se mantém vigilante apercebe-se de que cai e de que, só por si própria, não consegue atingir aquele propósito; por isso, sente necessidade da oração. A súplica fundamenta-se na certeza de que nada podemos fazer só por nós próprios, mas que Deus tudo pode. A oração é necessária para obtermos a luz e a força.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 19/10/2010 às 13h27
18/10/2010 12h38
A FIM DE RECONHECERES A SOLIDEZ DA DOUTRINA
Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo
Homilias sobre São Lucas, nº 1,1-2 (a partir da trad. de SC 87, p. 99)
«A fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído» (Lc 1,4)
«Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos fatos que entre nós se consumaram, [...] resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído» (Lc 1, 1-4).
Antigamente, entre os judeus, um grande número de pessoas presumia ter o dom da profecia, mas alguns eram falsos profetas. [...] O mesmo se passou no tempo no Novo Testamento, em que muitos «empreenderam» escrever evangelhos, mas nem todos foram aceites. [...] A palavra «empreenderam» contém uma acusação velada contra aqueles que, sem terem a graça do Espírito Santo, se lançaram na redacção de evangelhos. Mateus, Marcos, João e Lucas não «empreenderam» escrever mas, cheios do Espírito Santo, escreveram efetivamente os verdadeiros Evangelhos. [...] A Igreja tem, pois, quatro evangelhos; os hereges têm-nos em grande número. [...] «Muitos empreenderam compor uma narração», mas apenas quatro evangelhos foram aprovados; e é desses que devemos retirar, para trazer à luz, aquilo em que é necessário crer sobre a pessoa do Nosso Senhor e Salvador. Sei que existe um evangelho a que chamam «segundo São Tomé», um outro «segundo Matias» e lemos ainda outros tantos para não fazermos figura de ignorantes diante daqueles que imaginam saber alguma coisa quando já conhecem esses textos. Mas, em tudo isso, não aprovamos nada senão aquilo que a Igreja aprova: admitir apenas quatro evangelhos. Eis o que podemos dizer sobre o texto do prólogo de São Lucas: «Muitos empreenderam compor uma narração dos fatos que entre nós se consumaram». Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 18/10/2010 às 12h38
16/10/2010 11h54
SOU CRISTÃO
Carta de igreja de Esmirna sobre os seus mártires (c. 155)
(a partir da trad. Quéré, Pères Apostoliques, Seuil 1980, p. 241; cf SC 10)
«O Espírito Santo ensinar-vos-á, no momento próprio, o que deveis dizer» No momento em que Policarpo entrou no estádio, uma voz ressoou no céu: «Coragem Policarpo, sê forte». Ninguém viu quem falava, mas os nossos que estavam presentes ouviram a voz. [...] Quando a multidão soube quem era este prisioneiro, os gritos duplicaram. O procônsul perguntou-lhe se ele era Policarpo. Sim, respondeu. E o outro tentou arrancar-lhe uma renúncia à sua religião: «Respeita a tua idade avançada. [...] Jura pela fortuna de César, renega. [...] Diz mal de Cristo.» Policarpo respondeu: «Há oitenta e seis anos que O sirvo e Ele nunca me fez mal. Como poderia rejeitar o meu Rei e meu Salvador?»
E, como o outro insistisse [...], Policarpo continuou: «Já que insistes em que eu jure pela fortuna de César, como dizes, e que finges ignorar quem sou, ouve claramente: sou cristão. E se quiseres conhecer a justeza da minha religião, dá-me um dia e escuta-me.» «Persuade a multidão», replicou o procônsul. «Penso que posso discutir contigo pois ambos aprendemos a ter pelas autoridades e pelos magistrados estabelecidos por Deus o respeito que lhes é devido, na condição de que este não se vire contra nós. Mas estas pessoas não possuem dignidade suficiente para que me explique perante elas.»
«Tenho as feras à minha disposição», continuou o procônsul, «e vou lançar-tas se não abjurares. – Chama-as, respondeu Policarpo. – Desprezas os animais? Obstinas-te? Lanço-te às chamas.» Policarpo respondeu: «Ameaças-me com um fogo que arde durante uma hora e se apaga, porque não conheces o fogo do juízo futuro e do castigo eterno que espera os ímpios. Mas porque esperas? Faz como achares melhor». Os acontecimentos precipitaram-se; foi uma corrida às marcenarias e aos banhos, de onde as pessoas trouxeram madeira e ramos. [...] Quando a fogueira ficou pronta, foi o próprio Policarpo que se despiu e desatou o cinto. Quis também ser ele a desapertar as sandálias, coisa que habitualmente não fazia porque os fiéis o ajudavam. [...] Este grande santo havia suscitado, muito antes do seu martírio, uma imensa veneração.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 16/10/2010 às 11h54
15/10/2010 09h18
REMÉDIO PARA A ANSIEDADE
Santo [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho Ep 979-980 (a partir da trad. Une Parole, Médiaspaul, p.28) «Não temais» A verdadeira razão pela qual nem sempre és bem sucedido na tua meditação é esta – e não me engano! Começas a tua meditação na agitação e na ansiedade. Isso é o suficiente para que não obtenhas nunca o que procuras, porque o teu espírito não está concentrado na verdade que meditas e não há amor no teu coração. Esta ansiedade é ineficaz, não retiras dela senão uma grande fadiga espiritual e uma certa frieza da alma, sobretudo ao nível afetivo. Não conheço para isso senão um remédio, que é este: abandonares essa ansiedade, que é um dos maiores obstáculos à prática religiosa e à vida de oração. Ela faz-nos correr para nos fazer tropeçar. Não quero evidentemente dispensar-te da meditação simplesmente porque te parece que não retiras dela nenhum benefício. À medida que fizeres vazio em ti, que te desembaraçares desse apego por meio da humildade, o Senhor te dará o dom da oração que guarda na Sua mão direita. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 15/10/2010 às 09h18
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