FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
05/05/2010 07h54
PARA QUE DÊS FRUTOS NO TEMPO CERTO
Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Sahara - Meditações sobre os salmos, Sl 1

Dar fruto a seu tempo

«Feliz do homem que [...] medita na Lei do Senhor dia e noite. É como uma árvore plantada à beira das correntes, que dá o seu fruto na estação própria» (Sl 1, 1-3). Meu Deus, vós dizeis-me que eu serei feliz, feliz com a verdadeira felicidade, feliz no último dia [...], que, por mais miserável que seja, sou uma palmeira plantada à beira das águas vivas, das águas vivas da vontade divina, do amor divino, da graça [...], e que darei o meu fruto a seu tempo.

Dignai-Vos consolar-me; sinto-me sem fruto, sinto-me sem boas obras, digo a mim próprio: converti-me há onze anos, e que tenho feito? O que foram as obras dos santos e quais são as minhas? Vejo-me de mãos vazias de bem.

Dignai-Vos consolar-me: «Tu darás fruto no teu tempo», dizeis-me. [...] Qual é esse tempo? O tempo de todos nós é o dia do juízo final; e Vós prometeis-me que, se persistir na boa vontade e no combate, por mais pobre que me veja, terei frutos nessa hora derradeira.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 05/05/2010 às 07h54
 
03/05/2010 11h10
CONCIDADÃOS DOS SANTOS E MEMBROS DA FAMÍLIA DE DEUS
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Discurso sobre os Salmos, Salmo 86

São Filipe e São Tiago, apóstolos, fundamentos da cidade santa (Ap 21, 14)

«O seu fundamento está sobre os montes santos. O Senhor ama as portas de Sião» (Sl 86, 1-2) [...] «Sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o alicerce dos apóstolos e dos profetas, com Cristo por pedra angular» (Ef 2, 19-20). [...] Cristo, pedra angular, e as montanhas, ou seja, os apóstolos e os grandes profetas que são o fundamento de toda a cidade, constituem uma espécie de edifício vivo. E este edifício vivo tem uma voz, que ressoa agora no vosso coração: Deus, hábil artífice, serve-se da minha linguagem para vos incitar a tomardes o vosso lugar nesta construção, como outras tantas pedras talhadas de lados iguais. [...]

Reparai, a forma de uma pedra perfeitamente cúbica é a imagem perfeita do cristão. Por muitas tentações que sofra, o cristão não cai; pode ser violentamente empurrado, revirado, mas não cai. Da mesma maneira, para onde quer que volteis uma pedra cúbica, ela permanece de pé. [...] Sede pois semelhantes a pedras cúbicas, estai preparados para todos os choques; e, seja qual for a força que vos empurre, que ela não vos faça perder o equilíbrio. [...]

Elevar-vos-eis ao vosso lugar neste edifício através de uma vida cristã sincera, pela fé, a esperança e a caridade. A cidade santa é constituída pelos seus próprios cristãos; os homens são, simultaneamente, pedras e cidadãos, porque estas pedras são pedras vivas. «Vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção dum edifício espiritual» (1Ped 2, 5). [...]

Por que é que os apóstolos e os profetas são os fundamentos da cidade? Porque a sua autoridade sustenta a nossa fraqueza. [...] Através deles, nós entramos no Reino de Deus; eles são os pregadores da salvação. E quando entramos na cidade através deles, entramos nela por Cristo, porque Ele é a porta (Jo 10, 9).

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 03/05/2010 às 11h10
 
30/04/2010 13h03
NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS
NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS
 
Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, Doutora da Igreja
Manuscrito autobiográfico A, 2vº-3vº
 
«Na casa de Meu Pai há muitas moradas»
 
Durante muito tempo, perguntei a mim própria porque é que o Bom Deus tinha preferências, porque é que as almas não recebiam todas o mesmo grau de graças. [...] Jesus dignou-Se instruir-me neste mistério: pôs em frente dos meus olhos o livro da natureza e eu percebi que todas as flores que Ele criou são belas, que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não apagam o perfume da pequena violeta ou a simplicidade encantadora da margarida. Percebi que, se todas as florinhas quisessem ser rosas, a natureza perdia o seu ornamento primaveril, os campos já não estariam esmaltados de flores
 
Assim é também no mundo das almas, que é o jardim de Jesus. Ele quis criar grandes santos, que podem ser comparados aos lírios e às rosas, mas criou também santos menores, que se devem contentar em ser margaridas ou violetas, destinadas a alegrar os olhos do Bom Deus quando Ele Se debruça sobre elas; a perfeição consiste em fazer a Sua vontade, em ser o que Ele quer que sejamos.
 
Compreendi ainda que o amor de Nosso Senhor se revela tanto na alma mais simples que não opõe nenhuma resistência à Sua graça, como na alma mais sublime. Com efeito, é próprio do amor abaixar-se; se todas as almas se assemelhassem às dos Santos Doutores que iluminaram a Igreja com a clareza da sua doutrina, parece-me que o Bom Deus não Se abaixaria suficientemente vindo apenas aos seus corações;
 
mas Ele criou a criança que não sabe nada e apenas emite fracos bramidos, criou o pobre selvagem que só tem para se conduzir a lei da natureza, e é exatamente ao seu coração que Se digna descer, estas são as Suas flores dos campos, cuja simplicidade O deleita.
 
Abaixando-Se assim, o Bom Deus mostra a Sua grandeza infinita. Tal como o sol ilumina ao mesmo tempo os cedros e cada florinha como se ela fosse a única na terra, assim também Nosso Senhor Se ocupa particularmente de cada alma, como se não houvesse outra semelhante a ela.  
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 30/04/2010 às 13h03
 
28/04/2010 10h06
ENTREGO-ME INTEIRAMENTE
ENTREGO-ME INTEIRAMENTE
 
Santo Anselmo (1033-1109), monge, bispo, Doutor da Igreja
Meditações (a partir da trad. Maredsous 1923, p. 142 rev. Tournay)
 
«Eu vim ao mundo para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas»
 
Ó bom Mestre, Jesus Cristo, estava eu sem amparo, não pedia nada, nem sequer pensava nisso, e a Tua luz iluminou a minha noite. [...] Afastaste de mim a carga que me esmagava, afastaste os que me assaltavam, chamaste-me com um novo nome (Cf. Ap 2, 17), emprestando-me o Teu, o nome de cristão. Sentia-me oprimido e Tu reergueste-me. Tu disseste-me: «Tem confiança, Eu resgatei-te, dei a Minha vida por ti. Se quiseres unir-te a Mim, escaparás ao mal e ao abismo para onde corres, e conduzir-te-ei ao Meu Reino.»
 
Sim, Senhor, fizeste tudo por mim! Estava nas trevas e não sabia nada [...], descia para o abismo da injustiça, tinha caído na miséria dos tempos para descer ainda mais baixo. Quando me encontrava desamparado, iluminaste-me. Sem eu To ter pedido, iluminaste-me. Na Tua luz, vi quem eram os outros e aquilo que eu sou [...]; deste-me confiança e a salvação, Tu que deste a Tua vida por mim [...]. Reconheço-o, ó Cristo, entrego-me inteiramente ao Teu amor.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 28/04/2010 às 10h06
 
27/04/2010 08h36
O SILÊNCIO
Bem-Aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionários da Caridade
No Greater Love (a partir da trad. Pas de plus grand amour, Lattès 1997, p. 22 rev.)

«As Minhas ovelhas escutam a Minha voz»

Terás dificuldade em rezar se não souberes como. Temos de nos ajudar a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos na presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior. Não é fácil fazer silêncio dentro de nós, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos novas forças e a verdadeira unidade.

A força de Deus tornar-se-á a nossa, para realizarmos todas as coisas como devemos; o mesmo acontecerá com a unidade dos nossos pensamentos aos Seus pensamentos, a unidade das nossas orações às Suas orações, a unidade das nossas ações às Suas ações, da nossa vida à Sua vida. A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.

É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares perante Deus em silêncio e em oração, Deus falar-te-á. Então saberás que não és nada. Só quando conheceres o teu nada, a tua vacuidade, é que Deus poderá preencher-te Consigo. As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.

O silêncio faz-nos ver cada coisa de modo diferente. Necessitamos do silêncio para tocar as almas dos outros. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz - aquilo que nos diz, e o que diz através de nós. No silêncio, Ele ouvir-nos-á; no silêncio, falará à nossa alma, e ouviremos a Sua voz.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 27/04/2010 às 08h36



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