29/10/2009 10h44
A SABEDORIA DO SENHOR...
A SABEDORIA DO SENHOR “há nela, com efeito, um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo, que penetra em todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis”. “mais ágil que todo o movimento é a sabedoria, ela atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza. ela é um sopro do poder de deus, uma irradiação límpida da glória do todo-poderoso; assim mancha nenhuma pode insinuar-se nela. é ela uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de deus, e uma imagem de sua bondade”. “embora única, tudo pode; imutável em si mesma, renova todas as coisas. ela se derrama de geração em geração nas almas santas e forma os amigos e os intérpretes de deus, porque deus somente ama quem vive com a sabedoria! é ela, com efeito, mais bela que o sol e ultrapassa o conjunto dos astros. comparada à luz, ela se sobreleva, porque à luz sucede a noite, enquanto que, contra a sabedoria, o mal não prevalece”. (sab 7,22-30). “O temor do senhor é o começo da sabedoria; sábios são aqueles que o adoram, sua glória subsiste eternamente”. (sl 110,10). “A boca do justo fala sabedoria e a sua língua exprime a justiça”. (sl 36,30). paz e bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 29/10/2009 às 10h44
28/10/2009 13h15
Ó ETERNA VERDADE...
Do Livro das "Confissões", de Santo Agostinho, bispo (Lib. 7, 10, 18; 10, 27; CSEL 33, 157-163. 255) "Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio". Entrei e vi com olhos da alma, acima destes olhos, acima de minha mente, a luz imutável — não esta luz vulgar e evidente para toda a carne nem como do mesmo gênero, apenas mais forte e que fosse muito e muito mais brilhante e iluminasse e enchesse tudo com o seu tamanho. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de todas estas. Também não estava acima da minha mente como o óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz. Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu elevaste-me para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez da minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força; e eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo a tua voz lá do alto: "Eu sou o alimento dos grandes; cresce e comer-me-ás. Não me mudarás em ti, como o alimento do teu corpo, mas tu te mudarás em mim". E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei "o mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos"; ele chamava-me e dizia: "Eu sou o caminho da verdade e da vida"; e o pão, que eu não era capaz de receber, uni à minha carne, "porque o Verbo se fez carne", para dar à nossa infância o leite da tua sabedoria, pela qual tudo criaste. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 28/10/2009 às 13h15
26/10/2009 11h57
E ME CRIASTE LUZ...
Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta arménio
Livro de Orações, n.°18 (a partir da trad. SC 78, p. 123 rev.) «No mesmo instante, ela endireitou-se e começou a dar glória a Deus» Houve um tempo em que eu não estava presente, e Tu criaste-me. Eu não tinha orado, e Tu, Tu fizeste-me. Eu não tinha ainda vindo à luz, e no entanto viste-me. Eu não tinha aparecido, e no entanto tiveste piedade de mim. Eu não Te tinha invocado, e no entanto tomaste-me ao Teu cuidado. Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no entanto olhaste para mim. Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no entanto tiveste misericórdia para comigo. Eu não tinha articulado o mínimo som, e no entanto ouviste-me. Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a tudo estiveste atento. Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo presente Não me votaste ao desprezo. Considerando, com Teus previdentes olhos, Os erros deste pecador que eu sou, Vieste contudo a modelar-me. Sou agora este ser que Tu criaste, Que salvaste, Que foi alvo de tanta solicitude! Que a ferida do pecado, suscitada pelo Acusador, Não me perca para sempre! [...] Presa, paralisada, Curvada como a mulher que sofria, A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se. Sob o peso do pecado, ela fixa-se à terra, Com as pesadas cadeias de Satã [...] Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim, Esta pobre árvore que pensa que caiu. A mim, que estou seco, faz-me reflorir Em beleza e esplendor, Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez 17, 22-24) [...] Tu, Protector único, Digna-Te lançar sobre mim um olhar Vindo da solicitude do Teu indizível amor [...] E do nada criarás em mim a própria luz (cf. Gn 1, 3). Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 26/10/2009 às 11h57
24/10/2009 14h36
HÁ DOIS CAMINHOS...
Didaqué (entre 60-120), catequese judaico-cristã §§ 1-6 (a partir da trad. de coll. Icthus, t. 1, pp. 112ss.) «Escolhe a vida» (Dt 30, 19) Há dois caminhos: um de vida e outro de morte, mas há uma grande diferença entre os dois. Ora o caminho da vida é o seguinte: primeiro que tudo, amarás a Deus que te criou; em segundo lugar, amarás o teu próximo como a ti mesmo e aquilo que não queres que ele te faça não o faças tu a outrem. Eis o ensinamento contido nestas palavras: Bendizei aqueles que vos maldizem, rezai pelos vossos inimigos, jejuai pelos que vos perseguem. Com efeito, que mérito tendes em amar os que vos amam? Não o fazem também os pagãos? Quanto a vós, amai os que vos odeiam e não tereis inimigos. Abstende-vos dos desejos carnais e corporais. [...] Segundo mandamento da doutrina: não matarás, não cometerás adultério, não seduzirás rapazes, não cometerás fornicação, nem roubo, nem magia, nem envenenamento; não matarás nenhuma criança, por aborto ou depois do nascimento; não desejarás os bens do teu próximo. Não cometerás perjúrio, não levantarás falsos testemunhos, não terás intenções de maledicência e não guardarás rancor. Não terás duas maneiras de pensar nem duas palavras: porque a duplicidade de linguagem é uma armadilha de morte. A tua palavra não será mentirosa nem vã, mas plena de sentido. Não serás avarento, nem ganancioso, nem hipócrita, nem maldoso, nem orgulhoso; não terás má vontade com o teu próximo. Não deves odiar ninguém: deves corrigir uns e rezar por eles e amar os outros mais do que a própria vida. Meu filho, foge de tudo o que é mal e de tudo o que te parece mal. [...] Vigia para que ninguém te desvie da doutrina, porque esse estará a guiar-te para longe de Deus. Se puderes suportar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não, faz ao menos o que te for possível. (Referências bíblicas: Mt 22, 37ss.; 7, 12; Tb 4, 15; Mt 5, 44ss.; 1Pe 2, 11; Ex 20; Mt 24, 4) Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 24/10/2009 às 14h36
22/10/2009 02h08
TODO AQUELE QUE...
Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja Comentário ao evangelho de Lucas, 7, 134 (a partir da trad. cf. SC 52, pp. 55ss.) «Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais» (Mt 19, 29) «Julgais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão. Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra dois, e dois contra três». Em quase todas as passagens do Evangelho o sentido espiritual joga um papel importante; mas nesta passagem, sobretudo, para não ser rejeitada pela dureza de uma interpretação simplista, é preciso procurar na trama do sentido a profundidade espiritual. [...] Como é que Ele próprio disse: «Dou-vos a Minha paz, deixo-vos a Minha paz» (Jo 14, 27), se veio separar os pais dos filhos, os filhos dos pais, rompendo os laços que os unem? Como pode ser chamado «maldito o que trata com desprezo seu pai ou sua mãe» (Dt 27, 16), e fervoroso o que o abandona? Se compreendermos que a religião vem em primeiro lugar e a piedade filial em segundo, compreenderemos que esta questão se esclarece; com efeito, é preciso fazer passar o humano depois do divino. Porque, se temos deveres para com os pais, quanto mais para com o Pai dos pais, a quem devemos estar reconhecidos pelos nossos pais? [...] Ele não diz, portanto, que é preciso renunciar aos que amamos, mas que há que preferir Deus a todos. Aliás, encontramos noutro livro: «Quem amar pai ou mãe mais do que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10, 37). Não te é interdito amares os teus pais, mas preferi-los a Deus. Porque as relações naturais são benefícios do Senhor, e ninguém deve amar os benefícios recebidos mais do que a Deus, que preserva os benefícios que dá. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 22/10/2009 às 02h08
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