30/03/2009 15h38
SE O GRÃO...
São Cirilo de Alexandria (380-444), Bispo, Doutor da Igreja Comentário sobre o Livro dos Números, 2; PG 69, 619 (trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 193) «Se o grão de trigo morrer, dá muito fruto» Cristo, primícias da nova criação [...], depois de ter vencido a morte, ressuscitou e sobe para o Pai como oferenda magnífica e esplendorosa, como as primícias do género humano, renovado e incorruptível. [...] Podemos considerá-Lo o símbolo do feixe das primícias da colheita que o Senhor exigiu a Israel que oferecesse no Templo (Lev 23, 9). O que representa este sinal? Podemos comparar o género humano às espigas de um campo, que nascem da terra, ficam à espera de crescer e, depois de amadurecerem, são apanhadas pela morte. Era por isso que Cristo dizia aos Seus discípulos: «Não dizeis vós que, dentro de quatro meses, chegará o tempo da ceifa? Pois bem, Eu digo-vos: erguei os olhos e vede. Os campos estão brancos para a ceifa. O ceifeiro já recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna» (Jo 4, 35-36). Ora, Cristo nasceu entre nós, nasceu da Virgem Santa como as espigas brotam da terra. Aliás, não hesita em dizer de Si próprio que é o grão de trigo: «Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.» Deste modo, ofereceu-Se por nós ao Pai, à maneira de um feixe e como primícias da terra. Porque a espiga de trigo, como aliás nós próprios, não pode ser considerada isoladamente. Vemo-la num feixe, constituído por numerosas espigas de um mesmo braçado. Cristo Jesus é único, mas aparece-nos como um feixe, e constitui efectivamente uma espécie de braçado, no sentido em que contém em Si todos os crentes, em união espiritual, evidentemente. Se assim não fosse, como poderia São Paulo escrever: «Com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar lá nos céus» (Ef 2, 6)? Com efeito, uma vez que Se fez um de nós, nós formamos com Ele um mesmo corpo (Ef 3, 6). [...] Aliás, é Ele quem dirige estas palavras a Seu Pai: «Que todos sejam um como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti» (Jo 17, 21). O Senhor constitui, pois, as primícias da humanidade, que está destinada a ser armazenada nos celeiros do céu. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 30/03/2009 às 15h38
27/03/2009 16h28
ONDE ESTÁS?
São João da Cruz (1542-1591), Carmelita, Doutor da Igreja
Cântico Espiritual, estrofe 1 (a partir da trad. OC, Cerf 1990, p. 1218) «Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão» Onde Te escondeste, meu Bem-Amado, Por isso, é de notar que, por muito íntimas que sejam as comunicações, por muito sublime que possa ser o conhecimento que uma alma tenha de Deus nesta vida, o que ela percebe não é a essência de Deus e nada tem de comum com Ele. Na realidade, Deus está sempre escondido da nossa alma. Quaisquer que sejam as maravilhas que lhe sejam desveladas, a alma deve sempre tê-Lo por escondido e procurá-Lo em sua morada, dizendo: «Onde Te escondeste?» De facto, nem a comunicação sublime nem a presença sensível são testemunho seguro da favorável presença de Deus numa alma, nem a secura e a carência de tais dons serão um indício da Sua ausência. É o que nos diz o profeta Job: «Passa diante de mim e eu não O vejo, afasta-Se de mim e não me apercebo» (Job 9, 11). Devemos daqui tirar um ensinamento. Se uma alma for favorecida com sublimes comunicações, conhecimentos e sentimentos espirituais, não deve nunca persuadir-se de que possui a Deus ou que vê clara e essencialmente a Deus, nem que esses dons signifiquem ter mais a Deus ou estar mais em Deus do que os outros; da mesma forma, se todas estas comunicações sensíveis e espirituais vierem a faltar-lhe deixando-a na aridez, nas trevas e no desamparo, não deve ela nunca pensar que nesse estado Deus lhe falta [...]. O principal intento da alma, neste verso, não é pois pedir devoção afectuosa e sensível, que não dá certeza nem evidência da posse do Esposo nesta vida: ela reclama a presença e a clara visão da Sua essência, que quer fruir, de maneira firme e segura, na outra vida. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 27/03/2009 às 16h28
24/03/2009 12h35
MARIA EXEMPLO DE VIDA DE ORAÇÃO E SANTIDADE
Maria é a mulher-oração perfeita, porque ela é também aquela que sabe ouvir a Deus em seu silêncio sagrado e nesse silêncio se une ao Altíssimo com todo o seu querer para fazer somente aquilo que é do seu agrado. Em outras palavras, a Virgem mantém-se em perfeita comunhão com a vontade de Deus Pai, pois, seu Filho amado é o elo perfeito que a introduz pelo Espírito Santo no seio da Santíssima Trindade; desse modo, ela absorve tudo o que pertence à Trindade; como a planta que vive da seiva que recebe da fecundidade do solo e dá frutos no tempo devido. Por isso, ela é nossa intercessora por se encontrar plenamente em Deus Uno, dando frutos em nosso favor, que são as graças que por seu intermédio recebemos. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 24/03/2009 às 12h35
22/03/2009 22h31
É NECESSÁRIO...
Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, Doutor da Igreja Sermão atribuído a Santo Efrém, Sobre a Penitência (trad. Ir Isabelle de la Source, Lire la Bible, Mediaspaul 1990, t. 2, p. 143) «É necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que Nele crê tenha a vida eterna» Quando o povo pecou no deserto (Nm 21, 5ss.), Moisés, que era profeta, ordenou aos israelitas que fixassem uma serpente a uma cruz, ou seja, que matassem o pecado. [...] Eles tinham de olhar para a serpente, porque fora por meio de serpentes que os filhos de Israel tinham sido castigados. E por que razão o foram por meio de serpentes? Porque tinham renovado a conduta dos nossos primeiros pais. Adão e Eva tinham ambos pecado, comendo o fruto da árvore; os israelitas tinham murmurado por causa da comida. Proferir queixas porque não se tem legumes é o cúmulo da murmuração. O salmo atesta: «Eles revoltaram-se contra o Altíssimo no deserto» (Sl 77, 17). Ora, também no Paraíso tinha sido a serpente a dar início à murmuração. [...] Os filhos de Israel aprenderiam assim que a mesma serpente que tinha conspirado para levar a morte a Adão conspirara igualmente para os matar a eles. Por isso, Moisés suspendeu-a em um madeiro, a fim de que, ao vê-la, eles fossem conduzidos, por semelhança, a recordar-se da árvore. Com efeito, aqueles que para ela voltavam os seus olhos eram salvos, não por causa da serpente, naturalmente, mas por se terem convertido. Olhando para a serpente, recordavam-se dos seus pecados. Por terem sido mordidos, arrependiam-se e voltavam a ser salvos. A sua conversão transformava o deserto em morada de Deus; o povo pecador tornava-se, pela penitência, uma assembleia eclesial e, melhor ainda, apesar de si mesmo, adorava a cruz. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 22/03/2009 às 22h31
18/03/2009 11h52
POR QUE TE INQUIETAS?
POR QUE TE INQUIETAS? “Por que te inquietas com o juízo dos homens e que te importam seus vãos pensamentos? Eles vêem quando muito, o exterior; seus olhos não penetram no fundo da alma, onde estão escondidos o bem e o mal. Não te aflijas, pois se eles te condenarem, nem te ensoberbeças se te louvarem. Prostra-te, porém diante de Deus e dize-lhe: "Se perscrutares, Senhor, nossas iniqüidades quem poderá estar em vossa presença?" (S 129,3). Imitação de Cristo - Terceiro Livro Capítulo XXXIV. Publicado por Frei Fernando Maria em 18/03/2009 às 11h52
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