02/01/2010 13h22
NO MEIO DE VÓS...
João Escoto Erigena (?- c. 870), beneditino irlandês Homilia sobre o Prólogo de João, cap. 15 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 168; cf SC 151, p. 275) «No meio de vós está Aquele que não conheceis: é Ele quem vem após mim» Como é lógico, é o evangelista João quem introduz João Baptista no seu discurso sobre Deus, «o abismo que atrai o abismo» à voz dos mistérios divinos (Sl 41, 8): o evangelista conta a história do precursor. Aquele que recebeu a graça de conhecer «o Verbo no princípio» (Jo 1, 1) ensina-nos acerca daquele que recebeu a graça de vir à frente do Verbo encarnado. [...] Ele não diz simplesmente: houve um enviado de Deus, mas «houve um homem». Fala assim para distinguir o precursor, que participa apenas da humanidade, e o Homem que, unindo estreitamente em si divindade e humanidade, veio em seguida; para separar a voz que passa e o Verbo que permanece para sempre de maneira imutável; para sugerir que um é a estrela da manhã que aparece na aurora do Reino dos céus e declarar que o Outro é o Sol da justiça que lhe sucede (Ml 3, 20). Distingue a testemunha Daquele que o envia, a lâmpada vacilante da luz esplêndida que enche o universo (cf. Jo 5, 35) e que, para todo o gênero humano, dissipa as trevas da morte e do pecado. [...] «Um homem foi enviado». Por quem? Pelo Deus Verbo que o precedeu. A sua missão era ser precursor. É num grito que ele envia a palavra à sua frente: «no deserto, uma voz grita» (Mt 3, 3). O mensageiro prepara a vinda do Senhor. «O seu nome era João» (Jo 1, 6): foi-lhe dada a graça de ser o precursor do Rei dos reis, o revelador do Verbo desconhecido, o que batiza em ordem ao nascimento espiritual, a testemunha da luz eterna, pela sua palavra e pelo seu martírio. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 02/01/2010 às 13h22
01/01/2010 19h27
SANTA MARIA, MÃE DE DEUS: UMA BREVE REFLEXÃO TEOLÓGICA
SANTA MARIA MÃE DE DEUS: UMA BREVE REFLEXÃO TEOLÓGICA A contemplação do mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a dirigir-se à Virgem Santa como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-la como Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao patrimônio da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431. Na primeira comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus. Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (cf. Jo, 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33). Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. Mt. 1, 22-23). Já no século III, como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egito dirigiam-se a Maria com esta oração: "Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Da Liturgia das Horas). Neste antigo testemunho a expressão Theotokos, "Mãe de Deus", aparece pela primeira vez de forma explícita. No século IV, o termo Theotokos é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente. A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse termo, já entrado no patrimônio de fé da Igreja. Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus". Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão "Mãe de Cristo". Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas - divina e humana - presentes n\'Ele. O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus. As dificuldades e as objeções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correto esse título. A expressão Theotokos, que literalmente significa "aquela que gerou Deus", à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só à geração humana do Filho de Deus e não à sua geração divina. O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é-lhe consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria. Proclamando Maria "Mãe de Deus", a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a "Mãe do Verbo encarnado, que é Deus". Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana. A maternidade é relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é pessoa divina, é Mãe de Deus. Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do Filho e da Mãe. Esta união emerge já no Concílio de Éfeso; com a definição da maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua fé na divindade de Cristo. Não obstante as objeções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os cristãos de todos os tempos, interpretando corretamente o significado dessa maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua fé na divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem. Na Theotokos a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - "se a mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... fictícias seriam as cicatrizes da ressurreição" (Tracto. in Ev. Ioannis, 8, 6-7). E, por outro, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por Aquele que quis ser seu filho. A expressão "Mãe de Deus" remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza da mulher e a sua altíssima vocação. Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento. Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egito, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pode obter do divino Filho as graças da libertação dos perigos e da salvação eterna. Salve Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa! Fonte: www.psmn.hpg.com.br (01/01/2010) Publicado por Frei Fernando Maria em 01/01/2010 às 19h27
21/12/2009 18h14
A ALEGRIA DE SERVIR
Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade Jesus, the Word to Be Spoken, cap. 12 «Maria pôs-se a caminho» A vivacidade e a alegria eram a força de Nossa Senhora. Foi isso que fez dela a serva apressada de Deus, Seu filho, porque assim que Ele veio até ela, «pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha». Apenas a alegria podia dar-lhe força para partir rapidamente para as montanhas da Judeia, a fim de se tornar serva de sua prima. Acontece o mesmo connosco; tal como ela, devemos ser verdadeiras servas do Senhor e todos os dias, após a sagrada comunhão, apressar-nos a subir as montanhas de dificuldades com que deparamos ao oferecer com todo o coração o nosso serviço aos pobres. Dai Jesus aos pobres enquanto servas do Senhor. A alegria é a oração, a alegria é a força, a alegria é o amor, é um fio de amor graças ao qual podereis captar as almas. «Deus ama aquele que dá com alegria» (2Cor 9, 7). Aquele que dá com alegria dá mais. Se encontrarmos dificuldades no trabalho e as aceitarmos com alegria, com um grande sorriso, nisto como em muitas outras coisas constatar-se-á que as nossas obras são boas e o Pai será glorificado. A melhor maneira de mostrardes a vossa gratidão a Deus e aos homens é aceitar tudo com alegria. Um coração alegre provém de um coração que arde de amor. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 21/12/2009 às 18h14
18/12/2009 18h03
AMOR PURO E VERDADEIRO
João Paulo II Carta apostólica «Redemptoris Custos», §§ 25-27 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana) Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor O clima de silêncio que acompanha tudo o que se refere à figura de José estende-se também ao trabalho de carpinteiro na casa de Nazaré. É um silêncio que desvenda de maneira especial o perfil interior desta figura. Os evangelhos falam exclusivamente daquilo que José «fez»; no entanto, permitem-nos auscultar nas suas «ações», envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação. José estava quotidianamente em contacto com o mistério «escondido desde todos os séculos», que «estabeleceu a Sua morada» sob o teto da sua casa (Col 1, 26; Jo 1, 14). [...] Uma vez que o amor «paterno» de José não podia deixar de influir sobre o amor «filial» de Jesus e, reciprocamente, o amor «filial» de Jesus não podia deixar de influir sobre o amor «paterno» de José, como chegar a conhecer as profundezas desta singularíssima relação? As almas mais sensíveis aos impulsos do amor divino vêem com muita razão em José um exemplo luminoso de vida interior. Mais ainda, a aparente tensão entre a vida ativa e a vida contemplativa tem em José uma superação ideal, possível para quem possui a perfeição da caridade. Atendo-nos à conhecida distinção entre o amor da verdade e as exigências do amor, podemos dizer que José experimentou, quer o amor da verdade, ou seja, o puro amor de contemplação da Verdade divina que irradiava da humanidade de Cristo, quer as exigências do amor, isto é, o amor igualmente puro do serviço, requerido pela protecção e pelo desenvolvimento dessa mesma humanidade. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 18/12/2009 às 18h03
15/12/2009 15h06
EU SOU O CAMINHO
Beato Guerric d'Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 5.º Sermão para o Advento (a partir da trad. de Isabelle de la Source, Lire la Bible, t.6, p.100) Convertamo-nos ao chamado de João Batista, que prepara o caminho do Senhor É uma alegria para mim, irmãos, evocar convosco o caminho do Senhor [...], sobre o qual Isaías tece este belíssimo elogio: «A terra queimada mudar-se-á em lago, e as fontes brotarão da terra seca [...]. Haverá ali uma estrada e um caminho que se chamará Via Sagrada» (Is 35, 7-8), porque tal caminho é a santificação dos pecadores e a salvação daqueles que estão perdidos [...]. «Nenhum impuro passará por ele». Caro Isaías, irão então por outro caminho aqueles que estão impuros? Ah, não! Venham todos por este, avancem! Foi, sobretudo, para os impuros que Cristo traçou tal caminho, pois «o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido » (Lc 19,10) [...]. Quem está impuro passa então pelo caminho sagrado? Que Deus nos guarde! Por mais maculado que esteja ao pisá-lo, deixará de o estar assim que nele entrar; porque desde o momento em que pisar tal caminho, a sua mácula desparecerá. O caminho sagrado, de fato, está aberto ao homem impuro, e desde o momento em que o homem nele entra, o sagrado caminho purifica-o, apagando todo o mal que o homem tiver cometido [...]. Não o deixará passar com a sua mácula, pois é o «caminho estreito» e, por assim dizer, o «buraco da agulha» (Mt 7, 14; 19, 24). [...] Portanto, se já estás neste caminho, dele não te afastes; senão, o Senhor deixar-te-ia errar nesses teus caminhos preferidos (Is 57, 17) [...]. Se achares demasiado estreito o caminho, pensa no fim aonde ele te conduz [...]. Mas, se o teu olhar não conseguir alcançar esse fim, confia em Isaías, e faz por vê-lo. Isaías, que ao mesmo tempo distinguia a estreiteza e o fim do caminho, dizia também isto: «Ali [...] apenas passarão os remidos. Os que o Senhor libertar é que passarão por ele. Chegarão a Sião entre cânticos de júbilo com a alegria estampada nos seus rostos, transbordando de gozo e de alegria ; nos seus corações não haverá mais tristeza nem aflição» (35,9-10). Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 15/12/2009 às 15h06
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