FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
30/05/2009 14h17
DOIS APÓSTOLOS, DUAS VIDAS, UMA IGREJA
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja
Sermões sobre o evangelho de João, n° 124; CCL 36, 685 (trad. Orval)

Dois apóstolos, duas vidas, uma Igreja

A Igreja conhece duas vidas louvadas e recomendadas por Deus. Uma é na fé, a outra na visão; uma na peregrinação do tempo, a outra na morada da eternidade; uma no trabalho, a outra no repouso; uma no caminho, a outra na pátria; uma no esforço da acção, a outra na recompensa da contemplação. [...] A

primeira é simbolizada pelo apóstolo Pedro, a segunda por João. [...] E não são só eles, mas toda a Igreja, Esposa de Cristo, que o realiza, ela que há de ser libertada das provações deste mundo e permanecer na beatitude eterna.

Pedro e João simbolizaram, cada um, uma destas duas vidas. Mas ambos passaram juntos a primeira, no tempo, pela fé; e juntos desfrutarão a segunda, na eternidade, pela visão. Foi portanto para todos os santos unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, e a fim de os conduzir no meio das tempestades desta vida, que Pedro, o primeiro dos apóstolos, recebeu as chaves do reino dos céus, com o poder de reter ou absolver os pecados (Mt 16, 19).

Foi também por todos os santos, e a fim de lhes dar acesso à profundidade serena da sua vida mais íntima, que Cristo deixou João repousar no Seu peito (Jo 13, 23.25). Pois o poder de reter ou absolver os pecados não pertence somente a Pedro, mas a toda a Igreja; e João não é o único a beber na fonte do peito do Senhor, o Verbo que desde o início é Deus junto de Deus (Jo 7, 38;1, 1), [...] mas o próprio Senhor dedica o Seu Evangelho a todos os homens do mundo inteiro, para que cada um o beba consoante a sua capacidade.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 30/05/2009 às 14h17
 
29/05/2009 12h13
TU ME AMAS?
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja
Homília 88 sobre o Evangelho de João; PG 59, 477 (trad. Orval)


«O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas» (Jo 10, 11)

Aquilo que principalmente atrai a benevolência do alto é a solicitude para com o próximo. É por isto que Cristo exige esta disposição a Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo». Jesus disse-lhe: «Apascenta os Meus cordeiros».

Por que foi que, deixando de lado os outros apóstolos, Jesus se dirigiu a Pedro falando-lhe sobre eles? É que Pedro era o primeiro entre os apóstolos, o seu porta-voz, o chefe do seu colégio, de tal maneira que foi a ele, e não aos outros, que Paulo veio um dia consultar (Ga 1, 18). Para mostrar bem a Pedro que devia confiar e que a sua negação estava esquecida, Jesus dá-lhe agora a primazia entre os seus irmãos.

Não menciona a sua negação e não lhe faz sentir vergonha do passado. «Se Me amas, diz-lhe, permanece à cabeça dos teus irmãos; e o amor fervoroso que sempre Me manifestaste com tanta alegria, prova-o agora. A vida que dizias ser capaz de dar por Mim, dá-a pelas Minhas ovelhas». [...]

Mas Pedro perturba-se pensando que poderia dar a entender que amava muito, não amando verdadeiramente. Pedro diz, tanto como estava certo de mim no passado, assim estou agora confundido. Jesus interroga-o três vezes, e três vezes lhe dá a mesma ordem. Mostra-lhe assim o apreço que dá ao cuidado das Suas ovelhas, dando-lhe, com efeito, a maior prova de amor para com ele.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 29/05/2009 às 12h13
 
27/05/2009 21h59
COMUNHÃO MÍSTICA
S. Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e Doutor da Igreja
Comentário ao evangelho de João, 17, 11; PG 74, 558 (trad. Jean expliqué, DDB 1985, p. 134)

«Para serem um só, como Nós somos»

Quando Jesus Se tornou semelhante a nós, quer dizer, Se fez homem, o Espírito ungiu-O e consagrou-O, embora Ele seja Deus por natureza. [...] Ele mesmo santifica o Seu próprio corpo, e tudo o que na criação é digno de ser santificado. O mistério que se passou em Cristo é o princípio e o itinerário da nossa participação no Espírito.

Para nos unir também a nós, para nos fundir na unidade com Deus e entre nós, ainda que separados pela diferença das nossas individualidades, das nossas almas e dos nossos corpos, o Filho Único inventou e preparou um meio de nos agregar, graças à sabedoria que é a Sua e segundo o conselho de Seu Pai. Por um só corpo, o Seu próprio corpo, Ele abençoou os que crêem Nele, numa comunhão mística fez um só corpo com Ele e entre eles.

Por conseguinte, quem poderá separar, quem poderá privar da sua união física os que, por esse corpo sagrado e só por ele, são unidos na unidade de Cristo? Se partilhamos do mesmo pão, formamos todos um só corpo (1Cor 10, 17). Porque Cristo não pode ser repartido. É por isso que também a Igreja é chamada corpo de Cristo, e nós, os seus membros, segundo a doutrina de S. Paulo (Ef 5, 30). Todos unidos no único Cristo pelo Seu santo corpo, recebemo-Lo, único e indivisível, no nosso próprio corpo. Devemos considerar que os nossos próprios corpos já não nos pertencem.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 27/05/2009 às 21h59
 
26/05/2009 11h50
A JUSTIÇA HÁ DE CUMPRIR-SE PLENAMENTE
Papa Bento XVI 
Encíclica «Spe Salvi» §§ 41, 43 

«Segundo o poder que Lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de Ele que dê a vida eterna a todos os que Lhe entregaste.» 

No grande Credo da Igreja, a parte central – que trata do mistério de Cristo a partir da Sua geração eterna no Pai e do Seu nascimento temporal da Virgem Maria, passando pela cruz e pela ressurreição até ao Seu regresso –, conclui com as palavras: «de novo há-de vir em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos».

Já desde os primeiros tempos, a perspectiva do Juízo influenciou os cristãos até na sua própria vida quotidiana, enquanto critério segundo o qual deviam ordenar a vida presente, enquanto apelo à sua consciência e, ao mesmo tempo, enquanto esperança na justiça de Deus.

A fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente, para a hora da justiça que o Senhor repetidas vezes preanunciara. [...]

N'Ele, o Crucificado, a negação das falsas imagens de Deus é levada ao extremo. Agora, Deus revela a Sua Face precisamente na figura do servo sofredor que partilha a condição do homem abandonado por Deus, tomando-a sobre Si.

Este sofredor inocente tornou-Se esperança-certeza: Deus existe, e Deus sabe criar a justiça de um modo que nós não somos capazes de conceber mas que, pela fé, podemos intuir. Sim, existe a ressurreição da carne. Existe uma justiça. Existe a «revogação» do sofrimento passado, a reparação que restabelece o direito. 

Por isso, a fé no Juízo final é, primariamente e sobretudo, esperança – aquela esperança cuja necessidade se tornou evidente justamente nas convulsões dos últimos séculos. Estou convencido de que a questão da justiça constitui o argumento essencial – em todo o caso, o argumento mais forte – a favor da fé na vida eterna.

A necessidade meramente individual de uma satisfação que nos é negada nesta vida, da imortalidade do amor que anelamos, é certamente um motivo importante para crer que o homem está feito para a eternidade; mas só em conexão com a impossibilidade de a injustiça da história ser a última palavra se torna plenamente convincente a necessidade do retorno de Cristo e da nova vida.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 26/05/2009 às 11h50
 
25/05/2009 20h36
"CORAGEM: EU VENCI O MUNDO"
São João da Cruz (1542-1591), frade carmelita, Doutor da Igreja
Conselhos e máximas (173-177 in trad. Oeuvres spirituelles, Seuil, 1945, p. 1203)

«No mundo tereis tribulações; mas tende confiança: Eu já venci o mundo!»

Tende atenção em conservar o vosso coração na paz; que nenhum acontecimento deste mundo o perturbe; pensai que tudo acaba aqui em baixo. Em todos os acontecimentos, por muito deploráveis que sejam, devemos regozijar-nos em vez de ficarmos tristes, para não perdermos um bem mais precioso, a paz e a tranquilidade da alma.

Mesmo que aqui em baixo tudo se desmoronasse e que todos os acontecimentos nos fossem adversos, seria inútil perturbarmo-nos, pois a perturbação causar-nos-ia mais danos do que proveito.

Suportar tudo com a mesma disposição e na paz é, não apenas ajudar a alma a adquirir grandes bens, mas também predispô-la a melhor avaliar as adversidades em que se encontra e a aplicar-lhes o remédio adequado.

O céu é estável e não está sujeito às mudanças. Do mesmo modo, as almas, por terem uma natureza celestial, são estáveis; não estão sujeitas às tendências desordenadas nem a nada desse género; de certo modo, assemelham-se a Deus, que é imutável.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 25/05/2009 às 20h36



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