FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
10/02/2011 15h21
CHEIO DE COMPAIXÃO...

 

Isaac de l'Étoile (? - c. 1171), monge cistercense 
Sermão 33, 1º para o 2º Domingo de Quaresma (a partir da trad. cf. SC 207, pp. 221-227) 
 
«Jesus foi para a região de Tiro» 
 
«Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e Sidonia» (Mt 15, 21). Quando «o Verbo Se fez homem e veio habitar conosco» (Jo 1, 14), saiu do Pai para vir ao mundo (Jo 16, 28). «Ele, que é de condição divina», saiu da Sua pátria para «Se esvaziar de Si mesmo, tomando a condição de servo» (Fil 2,6-7), «carne idêntica à do pecado» (Rom 8, 3), a fim de ser encontrado pelos que saem do seu território para irem ao encontro dEle na região de Tiro e Sidonia. [...]
 
Pois esta mulher Cananeia sai do interior do seu território (Mt 15, 22), e encontra, na fronteira da sua região, o médico que vem voluntariamente, que por misericórdia sai da Sua região, que com bondade Se apresenta numa região estrangeira, ao doente que não teria podido abordá-lO caso Ele tivesse permanecido em casa. Como Deus bem-aventurado, justo e forte, Ele estava no alto, e era interdito ao homem miserável subir até Ele. [...] Por conseguinte, cheio de compaixão, fez o que correspondia à piedade: veio Ele até junto do pecador. [...]
 
Saiamos, por conseguinte, irmãos, saiamos, cada um por si, do lugar da nossa própria injustiça. [...] Odiai o pecado, e então saíreis do pecado. Odiais o pecado, e reencontrastes Cristo onde Ele se encontra. [...] Mas direis que até isso é demasiado para vós, e que, sem a graça de Deus, é impossível ao homem odiar o pecado, desejar a justiça, desejar não pecar e querer arrepender-se.
 
«Dêem graças ao Senhor, pelo seu amor e pelas suas maravilhas em favor dos homens!» (Sl 106, 8) Com efeito, se foi pela Sua graça que Ele Se retirou claramente para a região de Tiro e Sidonia, onde a mulher O poderia encontrar, foi também por graça que tirou secretamente esta mulher da sua morada mais interior. [...]
 
Esta mulher simboliza a Igreja, predestinada eternamente, chamada e justificada no tempo, destinada à glória no fim dos tempos (Rom 8, 30), que sem interrupção roga pela sua filha, quer dizer, por cada um dos eleitos.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 10/02/2011 às 15h21
 
09/02/2011 12h48
CRIA EM MIM, Ó DEUS, UM CORAÇÃO PURO

 

CRIA EM MIM, Ó DEUS, UM CORAÇÃO PURO

Afrates (?-c. 345), monge e bispo perto de Mossul, santo das igrejas ortodoxas - Demonstrações (Epístolas), n°4 (a partir da trad. SC 349, p. 292 rev.)

«Cria em mim, ó Deus, um coração puro» (Sl 50, 12)

A pureza do coração é uma oração mais excelente do que todas as orações recitadas em voz alta, e o silêncio, conjugado com uma consciência sincera, ultrapassa a voz alta do homem que grita. Portanto agora, meu amigo, dá-me o teu coração e a tua inteligência: ouve-me falar-te da força da oração pura e vê como os nossos pais, os justos de antigamente, ganharam prestígio pela sua oração diante de Deus, e como esta se tornou para eles numa oferenda pura.

Com efeito, foi pela oração que as oferendas foram aceites. Foi ela que fez parar o dilúvio, curou a esterilidade, fez retirar exércitos, desvendou mistérios, fendeu o mar e abriu um caminho no Jordão, reteve o sol e imobilizou a lua, exterminou os impuros e fez cair fogo, conteve o céu, permitiu sair da fossa, libertou do fogo e salvou do mar. A sua força é muitíssimo considerável, como era considerável o poder do jejum puro. [...]

Efetivamente, foi, antes de mais, devido à pureza do coração de Abel que a sua oferenda foi aceita diante de Deus, enquanto a de Caim foi rejeitada (Gn 4, 4ss.). [...] Foram os frutos do coração deste que demonstraram e testemunharam que ele estava cheio de malícia, visto que tinha matado o seu irmão. Com efeito, o que o seu pensamento tinha concebido, as suas mãos tornaram realidade; mas a pureza do coração de Abel estava na sua oração.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 09/02/2011 às 12h48
 
07/02/2011 11h52
A VERDADEIRA VIDA
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja 
Sermão 306, passim 

«Quantos O tocavam ficavam curados» 

Todos os homens querem ser felizes; não há ninguém que não o queira, e com tanta intensidade que o deseja acima de tudo. Melhor ainda: tudo o que querem para além disso querem-no para isso. Os homens perseguem paixões diferentes, um esta, outro aquela; também existem muitas maneiras de ganhar a vida neste mundo: cada um escolhe a sua profissão e exerce-a. Mas quer adotem este ou aquele genero de vida, todos os homens agem nesta vida para serem felizes. [...] O que há então nesta vida capaz de nos fazer felizes, que todos desejam mas que nem todos alcançam? Procuremo-lo. [...]

Se eu perguntar a alguém: «Queres viver?», ninguém se sentiria tentado a responder-me: «Não quero». [...] Do mesmo modo, se eu perguntar: «Queres ser saudável?», ninguém me responderá: «Não quero». A saúde é um bem precioso aos olhos do rico e, para o pobre, ela é muitas vezes o único bem que ele possui. [...] Todos concordam no amor pela vida e pela saúde. Ora quando o homem desfruta da vida e é saudável, poderá contentar-se com isso? [...]

Um homem rico perguntou ao Senhor: «Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?» (Mc 10, 17) Ele temia morrer e era forçado a morrer. [...] Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida, e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. [...]

Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto «temer sempre» e não «viver sempre». [...] Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. [...] Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele Reino sobre o qual se diz: «E o Seu reino não terá fim» (Lc 1, 33). 
 
Paz e Bem!

 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 07/02/2011 às 11h52
 
04/02/2011 12h32
O CAMINHO DA VERDADE
 O CAMINHO DA VERDADE
 
Concílio Vaticano II
Declaração sobre a liberdade religiosa, 11
 
Testemunhas da verdade
 
Cristo deu testemunho da verdade (Jo 18,37), mas não a quis impor pela força aos Seus contraditores. O Seu reino não se defende pela violência (Mt 26, 51-53) mas implanta-se pelo testemunho e pela audição da verdade; e cresce pelo amor com que Cristo, elevado na cruz, a Si atrai todos os homens (Jo 12, 32).
 
Os Apóstolos, ensinados pela palavra e exemplo de Cristo, seguiram o mesmo caminho [...], não com coação ou com artifícios indignos do Evangelho, mas primeiro que tudo com a força da palavra de Deus (1Cor 2, 3-5). A todos anunciavam com fortaleza a vontade de Deus Salvador «o qual quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade» (1 Tim. 2, 4); ao mesmo tempo, respeitavam os fracos, mesmo que estivessem no erro, mostrando assim como «cada um de nós dará conta de si a Deus» (Rom. 14, 12) (24) e, nessa medida, tem obrigação de obedecer à própria consciência.
 
[...] Acreditavam firmemente que o Evangelho é a força de Deus, para salvação de todo o que acredita (Rom 1, 16). E assim é que, desprezando todas as «armas carnais» (2Cor 10, 4), seguindo o exemplo de mansidão e humildade de Cristo, pregaram a palavra de Deus (Ef 6, 11-17) com plena confiança na sua força para destruir os poderes opostos a Deus [...].
 
Como o Mestre, também os Apóstolos reconheceram a legítima autoridade civil [...]. Ao mesmo tempo, não temeram contradizer o poder público que se opunha à vontade sagrada de Deus: «deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act. 5, 29). Inúmeros mártires e fiéis seguiram, no decorrer dos séculos e por toda a terra, este mesmo caminho.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 04/02/2011 às 12h32
 
01/02/2011 13h16
QUANDO A GRAÇA SUPÕE A NATUREZA
 QUANDO A GRAÇA SUPÕE A NATUREZA
 
São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, Doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de São Marcos, n°3 (a partir da trad. SC 494, p. 129 rev.)
 
«Levanta-te»
 
«Tomando-lhe a mão, disse: 'Talitha qûm', que significa: 'Menina [...], levanta-te!'» «Porque nasceste segunda vez, serás chamada 'menina'. Menina, levanta-te por Mim, não porque o mereças, mas pela ação da Minha graça. Levanta-te, portanto, por Mim: a tua cura não provém da tua força.» «E logo a menina se levantou e começou a andar.» Que Jesus nos toque, a nós também, e logo começaremos a andar. Embora estejamos paralisados, embora as nossas obras sejam más e não possamos andar, embora estejamos deitados no leito dos nossos pecados [...], se Jesus nos tocar, ficaremos imediatamente curados. A sogra de Pedro estava atormentada pela febre: Jesus tocou-lhe com a mão, ela levantou-se e serviu-O imediatamente (Mc 1, 31). [...]
 
«Todos ficaram assombrados. Recomendou-lhes vivamente que ninguém soubesse do sucedido.» Eis a razão porque Ele mandou sair toda aquela multidão para fazer um milagre. Ele mandou, e não só mandou, mas ordenou que ninguém soubesse. Ele ordenou aos três apóstolos, e ordenou também aos pais que ninguém soubesse. O Senhor ordenou a todos, mas a menina não pôde ficar calada, ela que se tornou a levantar.
 
«E mandou dar de comer à menina»: para que a sua ressurreição não fosse considerada como a aparição de um fantasma. E Ele próprio, depois da Sua ressurreição, comeu peixe e um bolo de mel (Lc 24, 42). [...] Suplico-te, Senhor, que também a nós que estamos deitados nos toques com a Tua mão; levanta-nos do leito dos nossos pecados e põe-nos a andar. Quando estivermos a andar, manda darem-nos de comer. Deitados, não podemos comer; se não estivermos levantados, não seremos capazes de receber o Corpo de Cristo.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 01/02/2011 às 13h16



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