![]() 25/02/2015 08h51
O JUÍZO...
ASSUSTA-ME O LADO ESQUERDO DE DEUS... São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja - Sermão 14, sobre o amor aos pobres, 27, 28, 39-40; PG 35, 891ss (cf bréviaire, trad. parcial) «A Mim mesmo o fizestes» Pensas que a caridade é facultativa? Que não se trata de uma lei, mas de um simples conselho? Bem gostaria que fosse assim. Mas assusta-me o lado esquerdo de Deus, esse lado para onde Ele mandou os cabritos, aos quais não censurou o fato de terem roubado, pilhado, cometido adultérios ou perpetrado outros delitos deste tipo, mas o fato de não terem honrado a Cristo na pessoa dos seus pobres. Por isso, se nos julgais dignos de alguma atenção, servos de Cristo, seus irmãos e co-herdeiros, visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, honremos a Cristo, não só sentando-O à nossa mesa como Simão, não só ungindo-O com perfumes como Maria, não só dando-Lhe sepulcro como José de Arimateia, não só provendo o necessário para a sua sepultura como Nicodemos, não só, finalmente, oferecendo-Lhe ouro, incenso e mirra como os magos. Mas, uma vez que o Senhor do universo prefere a misericórdia ao sacrifício (cf Mt 9,13), uma vez que a compaixão tem muito mais valor que a gordura de milhares de cordeiros, ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao sairmos deste mundo, sejamos recebidos nas moradas eternas (cf Lc 16,9) pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor, a quem seja dada glória pelos séculos dos séculos. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 25/02/2015 às 08h51
20/02/2015 11h27
AS PRÁTICAS QUARESMAIS...
AS PRÁTICAS QUARESMAIS... São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja - 6º sermão para a quaresma, 1-2; SC 49 «Então, hão de jejuar» Amados meus, «a terra está cheia da sua bondade» (Sl 33,5) em todo o tempo. […] Contudo, o regresso aos dias mais particularmente marcados pelo mistério da redenção humana, os dias que precedem a festa da Páscoa, exorta-nos a prepararmo-nos para ela através duma purificação religiosa. […] A festa da Páscoa caracteriza-se por toda a Igreja se regozijar com o perdão dos pecados. Esse perdão não ocorre apenas para quem renasce pelo batismo, mas também para quem já faz parte da comunidade dos filhos adotivos de Deus. É verdade que é, sobretudo, o banho do novo nascimento que gera homens novos (Tit 3,5); apesar disso, compete-nos a todos renovarmo-nos diariamente para combatermos a corrupção da nossa condição mortal e, nas etapas do progresso interior, não há ninguém que não deva tornar-se cada vez melhor; todos devem fazer um esforço para que, no dia da redenção, ninguém permaneça nos seus vícios passados. O que cada cristão deve fazer sempre, meus amados, deve agora ser procurado com mais urgência e generosidade. Assim, cumpriremos o jejum de quarenta dias instituído pelos apóstolos, não só pela redução de alimentos, mas, sobretudo abstendo-nos de pecar. […] Nada nos aproveita mais do que juntar aos jejuns, razoáveis e santos, a prática da esmola; sob a designação de obras de misericórdia, ela abarca muitas ações bondosas, dignas de elogio, e é assim que as almas de todos os fiéis se podem unir num mesmo mérito, independentemente da desigualdade dos seus recursos. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 20/02/2015 às 11h27
19/02/2015 19h49
NÃO HÁ OUTRO CAMINHO PARA A VIDA...
NÃO HÁ OUTRO CAMINHO PARA A VIDA E PARA A VERDADEIRA PAZ INTERIOR FORA DA CRUZ DO SENHOR... Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV, Livraria Moraes, 1959 - Livro II, capítulo 12 (rev.) «Se alguém quer vir após Mim, [...] tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me.» A muitos parece dura esta palavra : «Renega-te a ti próprio, toma a tua cruz e segue Jesus.» […] Porque temes levar a cruz, pela qual se vai ao Reino? Na cruz está a salvação; na cruz, a vida; na cruz, a proteção dos inimigos; na cruz se derrama toda a suavidade do alto; na cruz, a força do Espírito; na cruz, a alegria da alma; na cruz, a suprema virtude; na cruz, a perfeição da santidade. Não há salvação da alma nem esperança da vida eterna senão na cruz. Pega, pois, na tua cruz e segue-O: caminharás para a vida eterna. […] Se morreres com Ele, também com Ele viverás (cf Rom 6,8). E, se fores seu companheiro no sofrimento, também o serás na glória. Eis que tudo consiste na cruz […]; não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior. […] Anda por onde quiseres, procura o que desejares, não encontrarás mais elevado caminho no alto, nem mais seguro cá em baixo, do que o caminho da santa cruz. Dispõe e ordena tudo segundo o que queres e vês; não encontrarás nada onde não haja que sofrer, voluntária ou necessariamente, e assim sempre encontrarás a cruz. Ou sofrerás dores no corpo, ou encontrarás tribulações na alma. Umas vezes serás abandonado por Deus, outras serás afligido pelo próximo e, pior ainda, muitas vezes pesar-te-ás a ti mesmo; e não poderás ser libertado ou aliviado com qualquer remédio ou consolação. […] Deus quer que aprendas a suportar o sofrimento sem consolações, que te submetas a Ele totalmente e te tornes mais humilde pela tribulação. […] E é necessário que tenhas paciência, se queres possuir a paz interior e merecer a coroa imortal. Porém, fiquemos certos, não existe justo sofrimento sem justa consolação, é como escreveu São Paulo: ”Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com Cristo, com Cristo viveremos. Se soubermos perseverar, com ele reinaremos. Se, porém, o renegarmos, ele nos renegará. Se formos infiéis... ele continua fiel, e não pode desdizer-se”. “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os seus eleitos, segundo os seus desígnios” (2Tm 2,11-13; Rm 8,28). Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 19/02/2015 às 19h49
18/02/2015 09h44
PENITÊNCIA...
PENITÊNCIA, É CAMINHO DE PERFEIÇÃO... São João Paulo II (1920-2005), Papa. Audiência geral de 16/02/1983 «Convertei-vos a Mim com todo o vosso coração» (Jl 2,12). Este tempo forte do ano litúrgico é assinalado pela mensagem bíblica que se pode resumir numa só palavra […]: «Convertei-vos.» […] A sugestiva cerimónia das cinzas eleva a nossa mente para a realidade eterna que nunca passa, para Deus, que é princípio e fim, alfa e ómega da nossa existência (cf. Ap 21,6). De fato, a conversão não é mais do que um regresso a Deus, avaliando as realidades terrenas à luz indefectível da sua verdade. É uma consideração que nos leva a uma consciência cada vez mais clara de que estamos de passagem no meio das fadigosas vicissitudes desta terra, e nos impele e estimula a fazer todos os esforços para que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e a sua justiça triunfe [em nossa vida]. Sinónimo de conversão é também a palavra «penitência»: a Quaresma convida-nos a praticar o espírito de penitência, não na sua acepção negativa de tristeza e de frustração, mas na de elevação do espírito, de libertação do mal, de afastamento do pecado e de todos os condicionamentos que possam dificultar o nosso caminho para a plenitude da vida. Penitência como remédio, como reparação, como mudança de mentalidade, que predispõe para a fé e para a graça, mas que pressupõe vontade, esforço e perseverança. Penitência como expressão de empenho livre e alegre no seguimento de Cristo. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 18/02/2015 às 09h44
17/02/2015 21h09
DÁ-ME ENTENDER, SENHOR...
DÁ-ME ENTENDER, SENHOR, AS TUAS SANTAS PALAVRAS COM A MESMA INTENÇÃO E PROPÓSITO COM QUE AS PRONUNCIANTES... Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja - A Trindade, I, 37-38 «Ainda não compreendeis? Tendes o vosso coração endurecido?» Deus Pai todo-poderoso é a Ti que quero consagrar a ocupação principal da minha vida. Que tudo em mim, as minhas palavras e os meus pensamentos, falem de Ti. […] Conscientes da nossa pobreza, pedimos-Te o que nos falta; utilizaremos um zelo infatigável para escrutinar as palavras dos teus profetas e dos teus apóstolos, bateremos a todas as portas que a nossa inteligência encontrar fechadas. Mas é a Ti que cabe responder ao pedido, conceder-nos o que procuramos, abrir a porta fechada (cf. Lc 11,9). Porque vivemos numa espécie de torpor devido ao entorpecimento da nossa natureza; a fraqueza do nosso espírito impede-nos de compreender os teus mistérios devido a uma ignorância inelutável. Felizmente, o estudo da tua doutrina reforça a nossa percepção da verdade divina, e a obediência da fé eleva-nos acima dos pensamentos dos homens comuns. Esperamos, pois, que estimules os inícios deste empreendimento difícil, que tornes firmes os progressos da nossa diligência e que nos chames a participar no Espírito que guiou os teus profetas e os teus apóstolos. Gostaríamos de compreender as suas palavras no sentido em que eles as pronunciaram, e de empregar termos exatos para transmitir fielmente tudo o que eles exprimiram. […] Concede-nos o sentido exato das palavras, a luz da inteligência, a beleza da expressão; estabelece a nossa fé na verdade. Faz-nos dizer aquilo em que acreditamos. Paz e Bem! PS: “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anuncia-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (cf. doc. cit. 247). (Documento de Aparecida). Publicado por Frei Fernando Maria em 17/02/2015 às 21h09
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