![]() 08/10/2015 10h24
ORAÇÃO E RESPOSTA...
ORAÇÃO E RESPOSTA: COMO DEVEMOS ORAR... Segundo o projeto providencial de Deus, Ele deu a tudo o que existe o meio de alcançar a sua conclusão como convém à sua natureza. Os homens também receberam, para obter o que esperam de Deus, um meio adaptado à condição humana. Esta condição quer que o homem se sirva da oração para obter de outrem o que espera, sobretudo se aquele a quem se dirige lhe é superior. É por isso que é recomendado aos homens rezarem para obterem de Deus aquilo que esperam receber dele. Mas a necessidade de implorar é diferente conforme se trate de obter algo de um homem ou de Deus. Quando a súplica se dirige a um homem, tem de exprimir primeiro o desejo e a necessidade de quem implora. É preciso também que dobre, até o fazer ceder, o coração daquele a quem implora. Ora estes elementos não têm lugar na oração feita a Deus. Ao rezar, não temos de nos preocupar em manifestar os nossos desejos ou as nossas necessidades a Deus, pois Ele tudo conhece. Assim, o salmista diz ao Senhor: «Todos os meus desejos estão diante de Ti» (Sl 37,10). E lemos no Evangelho: «Vosso Pai sabe que tendes necessidade de tudo isso» (Mt 6,8). Não se trata de dobrar, por palavras humanas, a vontade divina, levando-a a querer o que não queria, porque está dito no livro dos Números: «Deus não é como um homem, para mentir, nem filho de Adão, para mudar» (23,19).[1] Paz e Bem! Reza Àquele que tudo conhece, e obterás a resposta por sua Divina Misericórdia... Porém, sejas perseverante em tua oração... (cf. Lc 18,1).
[1] São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja - Compêndio de teologia Publicado por Frei Fernando Maria em 08/10/2015 às 10h24
06/10/2015 08h04
E FOI ASSIM QUE LEVANTARAM O MUNDO...
«MARIA ESCOLHEU A MELHOR PARTE» Uma alma abrasada de amor não pode ficar inativa. Sem dúvida que, como Santa Maria Madalena, ela permanece aos pés de Jesus, e escuta a sua palavra doce e inflamada. Parecendo não dar nada, dá muito mais do que Marta, que se aflige com muitas coisas e que quereria que sua irmã a imitasse. Não são, de modo nenhum, os trabalhos de Marta que Jesus censura; a esses trabalhos se submeteu humildemente sua Mãe durante a vida, pois tinha de preparar as refeições da Sagrada Família. Era apenas a inquietação da sua ardente anfitriã que Ele queria corrigir. Todos os santos o compreenderam, e mais particularmente talvez aqueles que encheram o universo com a iluminação da doutrina evangélica. Não foi acaso na oração que os santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e tantos outros ilustres amigos de Deus beberam esta ciência divina que arrebata os maiores génios? Houve um sábio que disse: «Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio, e levantarei o mundo.» O que Arquimedes não pôde obter, porque o seu pedido não se dirigia a Deus, e por não ser feito senão sob o ponto de vista material, obtiveram-no os santos em toda a plenitude: o Todo-Poderoso deu-lhes como ponto de apoio Ele mesmo e Ele só; e como alavanca a oração, que abrasa com fogo de amor. E foi assim que levantaram o mundo; é assim que os santos que ainda militam na terra o levantam e que, até ao fim do mundo, os futuros santos o levantarão também.[1] Paz e Bem!
[1] Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja Manuscrito autobiográfico C, 36 r° - v°, Edições Carmelo, 2000 (rev.) Publicado por Frei Fernando Maria em 06/10/2015 às 08h04
29/09/2015 06h49
A PALAVRA ANJO INDICA O OFÍCIO, NÃO A NATUREZA...
A PALAVRA ANJO INDICA O OFÍCIO, NÃO A NATUREZA... “Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?” (Hb 1,14). É preciso saber que a palavra anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados anjos, porque somente são anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos anjos; os que levam as maiores notícias, arcanjos. Foi por isto que à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia. Por este motivo também a eles são dados nomes especiais para designar, pelo vocábulo, seu poder na ação. Naquela santa cidade, onde há plenitude da ciência pela visão do Deus onipotente, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros. Mas quando vêm até nós para cumprir uma missão, trazem também entre nós um nome derivado desta missão. Assim Miguel significa: “Quem como Deus?”; Gabriel, “Força de Deus”; e Rafael, “Deus cura”. Todas as vezes que se trata de grandes feitos, diz-se que Miguel é enviado, porque pelo próprio nome e ação dá-se a entender que ninguém pode por si mesmo fazer o que Deus quer destacar. Por isto, o antigo inimigo, que por soberba cobiçou ser igual a Deus, dizendo: Subirei ao céu, acima dos astros do céu erguerei meu trono, serei semelhante ao Altíssimo ( cf. Is 14,13-14), no fim do mundo, quando será abandonado às próprias forças para ser destruído no extremo suplício, pelejará com o arcanjo Miguel, como diz João: Houve uma luta com Miguel arcanjo (Ap 12,7). A Maria é enviado Gabriel, que significa “Força de Deus”. Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar. Portanto devia ser anunciado pela força de Deus o Senhor dos exércitos que vinha poderoso no combate. Rafael, como dissemos, significa “Deus cura”, porque ao tocar nos olhos de Tobias como que num ato de cura, lavou as trevas de sua cegueira. Quem foi enviado a curar, com justiça se chamou “Deus cura”.[1] Paz e Bem!
[1] Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa (Hom. 34,8-9:PL76,1250-1251)(Séc.VI) Publicado por Frei Fernando Maria em 29/09/2015 às 06h49
21/09/2015 11h31
OS SANTOS EVANGELHOS SOPRAM A IMORTALIDADE E DÃO VIDA AOS HOMENS...
OS SANTOS EVANGELHOS SOPRAM A IMORTALIDADE E DÃO VIDA AOS HOMENS... “Passarão os céus e a terra, mas as minhas Palavras jamais passarão...” Não pode haver mais nem menos evangelhos. Com efeito, uma vez que são quatro as regiões do mundo no qual nos encontramos, e quatro os ventos principais, e uma vez que, por outro lado, a Igreja está espalhada por toda a terra e tem por “coluna e sustentáculo” (1Tim 3,15) o Evangelho e o Espírito da vida, é natural que haja quatro colunas que sopram a imortalidade de todos os lados e dão vida aos homens. Quando o Verbo, o artesão do universo, que tem o trono sobre os querubins e que sustenta todas as coisas (Sl 79,2; Heb 1,3), Se manifestou aos homens, deu-nos um evangelho com quatro formas, embora mantido por um único Espírito. Implorando a sua vinda, David dizia: “Manifestai-Vos, Vós que tendes o vosso trono sobre os querubins” (Sl, 79,2). Porque os querubins têm quatro figuras (cf. Ez 1,6), que são as imagens da atividade do Filho de Deus. “O primeiro [destes seres vivos] era semelhante a um leão” (Ap 4,7), e caracteriza o poder, a preeminência e a realeza do Filho de Deus; “o segundo, a um touro”, manifestando a sua função de sacrificador e de sacerdote; “o terceiro tinha um rosto como que de homem”, evocando claramente a sua face humana; “o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo”, indicando o dom do Espírito que paira sobre a Igreja. Os evangelhos segundo João, Lucas, Mateus e Marcos estão, pois, de acordo com estes seres vivos sobre os quais Cristo Jesus tem o seu trono. […] Encontramos estes mesmos traços no próprio Verbo de Deus; aos patriarcas que existiram antes de Moisés, falava Ele segundo a sua divindade e a sua glória; aos homens que viveram sob a Lei, atribuiu uma função sacerdotal e ministerial; em seguida, fez-Se homem por nós; por fim, enviou o dom do Espírito a toda a terra, escondendo-os à sombra das suas asas (Sl 16,8). […] São, pois, fúteis, ignorantes e presunçosos os que rejeitam a forma como se apresenta o evangelho, ou nele introduzem um número de figuras maior ou menor do que as que referimos.[1] Paz e Bem!
[1] Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir - Contra as heresias, III, 11, 8-9 Publicado por Frei Fernando Maria em 21/09/2015 às 11h31
18/09/2015 11h19
"SENHOR, SALVA-ME DO ABISMO DE MINHAS MÁS OBRAS".
“SENHOR, SALVA-ME DO ABISMO DE MINHAS MÁS OBRAS.” “São lhe perdoados os seus muitos pecados.” Quando viu as palavras de Cristo espalharem-se por toda a parte como aromas, a pecadora começou a detestar o fedor que saía dos seus próprios atos: «Não fiz caso da misericórdia que Cristo tem para comigo, procurando-me quando por minha culpa me perdi. Porque é a mim que Ele procura em todo o lado; é por mim que janta em casa do fariseu, Ele que dá alimento ao mundo inteiro. Faz da mesa um altar de sacrifício onde Se oferece, perdoando as dívidas aos devedores, para que estes se aproximem com confiança dizendo: "Senhor, salva-me do abismo das minhas más obras."» Ali acorreu avidamente e, desprezando as migalhas, tomou o pão; mais faminta que a cananeia (cf. Mc 7,24 ss), saciou a sua alma vazia com igual fé. Não foi um apelo que a remiu, mas o silêncio, pois disse num soluço: “Senhor, salva-me do abismo das minhas más obras.” Correu até casa do fariseu, precipitando-se na penitência. “Vamos, alma minha”, disse, “chegou o momento que tanto pedias! Aquele que purifica está aqui, porque permaneces no abismo das tuas más obras? Vou ao seu encontro, pois foi por mim que Ele veio. Deixo os amigos do passado, porque desejo apaixonadamente Este que aqui está hoje; e, como Ele me ama, dou-Lhe o perfume e as lágrimas que trago. […] O desejo pelo Desejado transfigura-me e eu amo Aquele que me ama da maneira que Ele quer ser amado. Arrependo-me e a seus pés me jogo, como Ele espera; procuro o silêncio e o retiro, como Lhe agrada. Rompo com o passado, renunciando ao abismo das minhas más obras.”[1] Paz e Bem!
[1] São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos - Hino 21 Publicado por Frei Fernando Maria em 18/09/2015 às 11h19
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