![]() 03/06/2012 10h37
ELEVA A TUA ALMA ACIMA DE TUDO O QUE FOI CRIADO E CONTEMPLA A NATUREZA DIVINA
São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja
Homilia sobre a fé, 1-3
«Concedei-nos que na profissão da verdadeira fé reconheçamos a glória da eterna Trindade»
A alma que ama a Deus nunca está saciada, embora falar de Deus seja tanto mais audacioso quanto o nosso espírito se encontra muito longe de tão alta tarefa; [...] e, quanto mais avançamos no conhecimento de Deus, tanto mais sentimos a sua impotência. Assim foi com Abraão, assim com Moisés, que, quando puderam ver a Deus, pelo menos do modo como tal visão é concedida aos homens, tanto um como o outro se faziam o mais pequeno de todos: Abraão considerava-se «cinza e pó» (Gn 18,27) e Moisés dizia de si próprio que tinha «a boca e a língua pesadas» (Ex 4,10), comprovando a fraqueza das suas palavras em traduzir a imensidão d'Aquele que a sua alma experimentava, já que não falamos de Deus tal como Ele é, mas como somos capazes de O alcançar.
Quanto a ti, se quiseres dizer ou escutar seja o que for de Deus, abandona a tua corporalidade, repudia os teus sentidos [...], eleva a tua alma acima de tudo o que foi criado e contempla a natureza divina: encontrá-la-ás imutável, indivisa, a luz inacessível, a glória resplandecente, a bondade almejada, a beleza inigualável que fere a alma sem que ela possa explicá-La.
Assim encontrarás o Pai, o Filho e o Espírito Santo. [...] O Pai como princípio de tudo, causa do ser de tudo quanto existe e raiz de todos os seres vivos; d'Ele corre a Fonte da vida, a Sabedoria e o Poder (1Cor 1,24), a Imagem perfeita e fiel do Deus invisível (Heb 1,3): o Filho gerado do Pai, o Verbo eterno que é Deus e voltado para Deus (Jo 1,1). Por este nome de Filho temos a certeza de que Ele partilha a mesma natureza, uma vez que não foi criado por uma ordem, mas brilha sem cessar a partir da Sua substância, unido ao Pai desde toda a eternidade, igual a Ele em bondade, igual em poder, compartilhando da Sua glória. [...]
E quando a nossa inteligência for purificada das paixões terrenas e puser de lado toda e qualquer criatura sensível, qual peixe que emerge das profundezas até à superfície entregue à pureza da sua criação, então contemplará o Espírito Santo onde estão o Filho e o Pai. Este Espírito, sendo da mesma essência segundo a Sua natureza, possui também todos os bens: a bondade, a rectidão, a santidade e a vida. [...] E, tal como queimar é próprio do fogo e alumiar da luz, também do Espírito Santo são próprias a bondade e a rectidão, e não Lhe pode ser tirada a capacidade de santificar ou fazer viver.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2012
Publicado por Frei Fernando Maria em 03/06/2012 às 10h37
29/05/2012 10h40
BEM AVENTURADOS OS POBRES DE CORAÇÃO, PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS
BEM AVENTURADOS OS POBRES DE CORAÇÃO, POORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra e doutor da Igreja Introdução à vida devota, terceira parte, cap. 15 «Receberá cem vezes mais agora» As coisas que possuímos não são nossas. Deus deu-no-las para que as cultivemos e quer que as tornemos frutuosas e úteis. [...] Prescindi sempre, portanto, de uma parte dos vossos meios e dai-a aos pobres de bom coração. [...] É verdade que Deus vo-lo devolverá, não só no outro mundo, mas também já neste, porque não há coisa que mais nos faça prosperar do que a esmola; mas, enquanto esperais que Deus vo-lo torne, estareis já mais pobres daquilo que destes, e como é santo e rico o empobrecimento que advém de se ter dado esmola! Amai os pobres e a pobreza, porque por este amor tornar-vos-eis verdadeiramente pobres, tal como está dito nas Escrituras: tornamo-nos naquilo que amamos (cf. Os 9,10). O amor torna os amantes iguais: «Quem é fraco, sem que eu o seja também?», diz São Paulo (2 Co 11,29). Poderia ter dito: «Quem é pobre, sem que eu o seja também?», porque o amor tornava-o igual a quem amava. Portanto, se amais os pobres, sereis verdadeiramente participantes da sua pobreza, e pobres como eles. Assim, se amais os pobres, ide com frequência para o meio deles: tende prazer em os receber em vossas casas e em visitá-los; conversai voluntariamente com eles, ficai felizes por eles se aproximarem de vós na igreja, na rua ou em qualquer outro local. Sede pobres de língua para com eles, falando-lhes como amigos, mas sede ricos de mãos, largamente lhes dando dos vossos bens, pois vós os tendes em muito maior abundância. Quereis fazer mais, ainda? Tornai-vos servos dos pobres; ide servi-los [...] com as vossas próprias mãos [...] e a expensas vossas. Maior triunfo há neste serviço do que o que há na realeza. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2012 Publicado por Frei Fernando Maria em 29/05/2012 às 10h40
06/05/2012 09h58
PELA BONDADE DE DEUS O MUNDO INTEIRO FOI SALVO
PELA BONDADE DE DEUS O MUNDO INTEIRO FOI SALVO
Sendo muitos, nós formamos um só corpo e somos membros uns dos outros; e é Cristo quem nos une pelo vínculo da caridade, como está escrito: Do que era dividido, ele fez uma unidade, destruiu o muro de separação, a inimizade, e aboliu a Lei com seus mandamentos e decretos (cf. Ef 2,14-15). Convém, portanto, que tenhamos os mesmos sentimentos uns para com os outros; se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, os demais se alegrem com ele. Acolhei-vos uns aos outros, como Cristo também vos acolheu, para a glória de Deus (Rm 15,7). Para pôr em prática este acolhimento recíproco, devemos ter os mesmos sentimentos, carregando os fardos uns dos outros e guardando a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,3). Foi assim que Deus também nos acolheu em Cristo. Falou a verdade quem disse: Deus tanto amou o mundo, que deu seu Filho Unigênito (Jo 3,16). De fato, ele foi dado em resgate pela vida de todos nós, e assim fomos arrebatados da morte e libertados da morte e do pecado. E ilustra a finalidade deste desígnio ao dizer que Cristo se tornou ministro da circuncisão, para demonstrar a fidelidade de Deus. Com efeito, Deus prometera aos patriarcas do povo judeu que abençoaria toda sua descendência e a multiplicaria como as estrelas do céu. Por isso se revestiu da carne, tornando-se homem, ele o próprio Deus e Verbo que conserva todas as coisas criadas e lhes dá a salvação. Veio, porém, a este mundo na sua carne não para ser servido por ele, mas ao contrário, como ele mesmo afirma, para servi-lo e dar a sua vida pela redenção l de todos. Dizia claramente ter vindo ao mundo de modo visível para cumprir as promessas feitas a Israel: Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15,24). Por esta razão, Paulo não mente quando afirma que Cristo foi o ministro da circuncisão, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas e, com esse fim, foi entregue por Deus Pai; mas foi para que também os pagãos obtivessem misericórdia e assim o glorificassem como criador, autor, salvador e redentor de todos os seres humanos. Assim, pela bondade de Deus, extensiva a toda a humanidade, os pagãos foram recebidos e o mistério da sabedoria em Cristo não se desviou do seu desígnio de bondade. Efetivamente, em vez daqueles que se afastaram, o mundo inteiro foi salvo pela misericórdia de Deus. Paz e Bem! Fonte: Do Comentário sobre a Carta aos Romanos, de São Cirilo de Alexandria, bispo (Cap. 15,7: PG 74,854-855)(Séc. V).
Publicado por Frei Fernando Maria em 06/05/2012 às 09h58
26/04/2012 11h12
O PÃO NOSSO DE CADA DIA
O PÃO NOSSO DE CADA DIA
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja - Caminho de Perfeição, cap. 33-34 (Obras completas, Edições Carmelo, 2000) «Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá» Vendo o bom Jesus a necessidade, buscou um meio admirável por onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem, e em Seu nome e no de Seus irmãos fez esta petição: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje» (Mt 6,11). [...] Era mister vermos o Seu [amor] para despertarmos, e isto não uma vez, mas cada dia; por isso Se deve ter determinado a ficar conosco. [...] Tenho reparado que só nesta petição duplica as palavras, porque diz primeiro e pede que Lhe deis este pão de cada dia, e torna a dizer: «dai-no-lo hoje, Senhor». Põe-Se diante de Seu Pai, como a dizer-Lhe: já que uma vez no-Lo deu para que morresse por nós, já que é «nosso», não no-Lo torne a tirar, mas O deixe servir cada dia, até se acabar o mundo. [...] O Ele ser nosso cada dia é porque O possuímos aqui na terra e O possuiremos também no céu, se nos aproveitarmos bem da Sua companhia. [...] O dizer «hoje» me parece que é para um dia, isto é, enquanto durar o mundo, e não mais. E é bem verdade que é um só dia! [...] E assim Lhe diz Seu Filho que, pois não é mais que um dia, Lho deixe passar em servidão; e que Sua Majestade já no-Lo deu e enviou ao mundo só por Sua vontade, que Ele quer agora por Sua própria vontade não nos desamparar, mas ficar-Se aqui conosco para maior glória de Seus amigos e pena de Seus inimigos. Que agora novamente não pede mais que «hoje» ao dar-nos este Pão sacratíssimo; Sua Majestade no-Lo deu para sempre, como já disse, este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2012 Publicado por Frei Fernando Maria em 26/04/2012 às 11h12
24/04/2012 09h21
HOJE, É O TEU CORPO CELESTE QUE DÁ A VIDA AOS QUE O COMEM...
HOJE, É O TEU CORPO CELESTE QUE DÁ VIDA AOS QUE O COMEM...
São Nersès Snorhali (1102-1173), patriarca arménio
Jesus, Filho único do Pai, §§ 150-161
«É Meu Pai que vos dá o verdadeiro pão vindo do céu»
Para os Hebreus, abriste o mar em dois, bem visível (Ex 14);
E, para mim, trevas profundas.
Nessa altura, engoliste o Faraó;
Agora, o príncipe deste mundo, autor da morte (Jo 12,31; 8,44).
Para eles, foste uma nuvem protetora durante o dia
E de noite, uma coluna de fogo (cf. Ex 13,21).
Para mim, a luz é o conhecimento do Teu Filho, o Verbo,
E a minha protecção é o Espírito Santo.
Nesse tempo, deste o maná perecível,
E os que o comeram estão mortos;
Hoje, é o Teu corpo celeste
Que dá a vida aos que O comem.
Eles beberam a água que jorrou do rochedo (Ex 17),
E eu bebi o sangue do Teu lado, meu rochedo (Jo 16,34; Sl 18,3).
Eles viram suspensa a serpente de bronze (Nm 21,9),
E eu vi-Te na cruz, a Ti que és a vida.
A eles, deste-lhes a lei de Moisés,
Escrita em tábuas de pedra;
E a mim, a sabedoria do Teu Espírito,
O Teu divino Evangelho.
É por isso que será exigido de mim,
Para o bem, muito mais do que será exigido deles. [...]
Mas Tu, que Te tornaste o seu expiador,
Oh meu Senhor, cheio de piedade, Filho único do Pai. [...]
Não me impeças, como à maior parte deles,
De entrar na Tua Terra Prometida,
Mas, com os dois que nela entraram (Dt 1,36; 31,3),
Introduz-me na Tua pátria celeste.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2012
Publicado por Frei Fernando Maria em 24/04/2012 às 09h21
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