![]() 23/11/2010 23h49
PERSEVERANÇA ATÉ O FIM
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja Sermão 306 «Pela vossa constância é que sereis salvos» Queres alcançar a vida onde estarás para sempre liberto do engano? Quem não o quererá? [...] Todos queremos a vida e a verdade. Mas como o conseguir? Que caminho seguir? É verdade que não chegamos ainda ao termo da viagem, mas vislumbramo-lo, já [...], aspiramos à vida e à verdade. Ambas as coisas estão em Cristo. Que direção tomar, para as alcançarmos? «Eu sou o Caminho», disse Ele. «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6). Eis o que os mártires realmente amaram; eis por que motivos ultrapassaram o amor a bens presentes e efêmeros. Não vos surpreenda a sua coragem; foi o amor que, neles, venceu o sofrimento [...]; trilhemos os seus passos, de olhos postos n'Aquele que é o seu e o nosso Chefe; se desejarmos alcançar tão grande felicidade, não temamos passar por caminhos difíceis. Aquele que no-lo prometeu é verdadeiro; Ele é fiel, Ele não nos enganaria. [...] Por que temer as duras vias do sofrimento e da tribulação? O próprio Salvador as sofreu. Responderás: «Mas era Ele, o Salvador !» Lembra-te de que os apóstolos também passaram por esses caminhos. Dirás: «Eram apóstolos !». Eu sei. Mas não te esqueças de que, depois deles, um grande número de homens como tu passaram por semelhantes provações [...]; e mulheres, também [...]; e crianças, mesmo meninas muito pequenas, passaram por tal caminho de provação. Será ainda tão duro esse caminho afinal já aplanado por tantos que o percorreram? Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 23/11/2010 às 23h49
22/11/2010 11h12
O SENHOR É REI, A ELE GLÓRIA E PODER POR TODA ETERNIDADE
São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge e bispo
5.º Sermão da Santa Páscoa (PG 46, 683; Leccionário, p. 367 rev.)
«Pilatos disse: "Aqui está o vosso Rei"» (Jo 19,14).
Bendito seja Deus! Festejemos o Filho único, o Criador dos céus, que lá ascendeu após ter descido às profundezas do inferno, e que envolve a terra inteira com os raios da Sua luz. Festejemos o sepultamento do Filho único e a Sua Ressurreição de vencedor, o júbilo do mundo inteiro e a vida de todos os povos. [...]
Tudo isto nos foi obtido assim que o Criador ressurgiu dos mortos, ao rejeitar a ignomínia e transformando, no Seu esplendor divino, o perecível em imperecível. E qual foi a ignomínia rejeitada? Isaías dá-nos a resposta: «Sem figura nem beleza, vimo-Lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado pelos homens» (53, 2-3). E quando ficou Ele sem a Sua glória? Quando carregou aos ombros a madeira da cruz como troféu da Sua vitória sobre o diabo. Assim que Lhe foi posta na cabeça uma coroa de espinhos, a Ele, que coroa os Seus fiéis. Assim que foi revestido de púrpura Aquele que reveste de imortalidade os que renascem da água e do Espírito Santo. Assim que pregaram à madeira o Senhor da vida e da morte. [...] Aquele, porém, que ficou sem a Sua glória foi transfigurado na luz, e o júbilo do mundo despertou com o Seu corpo. [...] «O Senhor é Rei, vestido de majestade» (Sl 93 (92), 1). De que majestade Se vestiu Ele? De incorruptibilidade, de imortalidade, do chamamento dos Apóstolos, da coroa da Igreja. [...] São Paulo é disso testemunho, ao dizer: «É, de fato, necessário que este ser mortal se revista de imortalidade» (1Cor 15, 53). E o salmista diz também: «O Teu trono, Senhor, está firme desde sempre, e Tu existes desde a eternidade; o Teu reino é um reino para toda a eternidade, e o Teu domínio estende-se por todas as gerações» (Sl 93 (92), 2; 145 (144), 13). E ainda: «O Senhor é Rei: alegre-se a terra e rejubile a multidão das ilhas!» (Sl 97 (96), 1). A Ele a glória e o poder, amen! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 22/11/2010 às 11h12
20/11/2010 09h24
A ESPERANÇA INTRÍNSECA QUE ALIMENTA NOSSAS ALMAS
Concílio Vaticano II - A Igreja no mundo atual «Gaudium et spes», § 18
«Deus não é Deus de mortos, mas de vivos»
É em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa. Não são só a dor e a progressiva dissolução do corpo que atormentam o homem, mas também, e ainda mais, o temor de que tudo acabe para sempre. Mas a intuição do próprio coração fá-lo acertar, quando o leva a aborrecer e a recusar a ruína total e o desaparecimento definitivo da sua pessoa.
O germe de eternidade que nele existe, irredutível à pura matéria, insurge-se contra a morte. Todas as tentativas da técnica, por muito úteis que sejam, não conseguem acalmar a ansiedade do homem: o prolongamento da longevidade biológica não pode satisfazer aquele desejo duma vida ulterior, invencivelmente radicado no seu coração. Enquanto, diante da morte, qualquer imaginação se revela impotente, a Igreja, ensinada pela revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um fim feliz, para além dos limites da miséria terrena. A fé cristã ensina que a própria morte corporal, de que o homem seria isento se não tivesse pecado, acabará por ser vencida, quando o homem for, pelo omnipotente e misericordioso Salvador, restituído à salvação que por sua culpa perdera. Com efeito, Deus chamou e chama o homem a unir-se a Ele com todo o seu ser na perpétua comunhão da incorruptível vida divina. Esta vitória alcançou-a Cristo ressuscitado, libertando o homem da morte com a própria morte. Portanto, a fé, que se apresenta à reflexão do homem apoiada em sólidos argumentos, dá uma resposta à sua ansiedade acerca do seu destino futuro; e ao mesmo tempo oferece a possibilidade de comunicar, em Cristo, com os irmãos queridos que a morte já levou, fazendo esperar que eles tenham alcançado a verdadeira vida junto de Deus. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 20/11/2010 às 09h24
18/11/2010 15h04
CAMINHANDO SOBRE AS ONDAS
Origines (c. 185-253), presbítero e teólogo
Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 11, 6; PG 13, 919
«Tu és, realmente, o Filho de Deus!»
Quando nos tivermos mantido firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos momentos de provação, quando tivermos dado o nosso melhor [...], estejamos certos de que, quando a noite for adiantada e o dia estiver próximo (Rom 13, 12), o Filho de Deus virá até junto de nós, caminhando sobre as ondas. Quando O virmos aparecer assim, sentiremos receio até ao momento em que compreendermos claramente que é o Salvador que veio para o meio de nós. Julgando ainda ver um fantasma, gritaremos assustados, mas Ele dir-nos-á imediatamente: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»
Pode ser que estas palavras façam surgir em nós um Pedro em caminho para a perfeição, que descerá do barco, certo de ter escapado à prova que os agitava. Inicialmente, o seu desejo de ir para o pé de Jesus fá-lo caminhar sobre as águas. Mas sendo a sua fé ainda pouco segura e estando ele próprio com dúvidas, notará «a violência do vento», sentirá medo e começará a ir ao fundo. Contudo, escapará a este mal porque lançará a Jesus este grito: «Salva-me, Senhor!» E mal este outro Pedro acabe de dizer «Salva-me, Senhor!», o Verbo estenderá a mão para o socorrer, e segurá-lo-á no momento em que ele começava a afogar-se, repreendendo-o pela sua pouca fé e pelas suas dúvidas.
Note-se contudo que Ele não disse: «Incrédulo», mas «homem de pouca fé», e que está escrito: «Porque duvidaste?», quer dizer: «Tu tinhas um pouco de fé, mas deixaste-te levar em sentido contrário». E Jesus e Pedro subirão para o barco, o vento acalmará e os ocupantes, compreendendo a que perigos tinham escapado, adorarão Jesus dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!», palavras que apenas os discípulos que estão próximo de Jesus no barco podem dizer. Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 18/11/2010 às 15h04
15/11/2010 12h45
JESUS, FILHO DE DAVI, TENDE PIEDADE DE MIM
São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador da Opus Dei - Homilia «Vida de fé», em «Amigos de Deus», nº 195
«Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais.»
Ouvindo aquele grande vozear das pessoas, o cego perguntou: o que é isto? Responderam-lhe: é Jesus de Nazaré. Então inflamou-se-lhe tanto a alma na fé em Cristo, que gritou: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim.»
Não te dá vontade de gritar, a ti que também estás parado na berma do caminho, desse caminho da vida que é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais graça para te decidires a procurar a santidade? Não sentes urgência em clamar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim»? Que bela jaculatória para repetires com frequência!
Aconselho-vos a meditar com vagar sobre as circunstâncias que precedem o prodígio, a fim de que conserveis bem gravada na vossa mente uma ideia muito nítida: como os nossos pobres corações são diferentes do Coração misericordioso de Jesus! Isto ser-vos-á sempre muito útil, de modo especial na hora da prova, da tentação, e também na hora da resposta generosa nos pequenos afazeres do dia-a-dia ou nas ocasiões heróicas.
Muitos repreendiam-no para o fazer calar. Tal como a ti, quando suspeitaste de que Jesus passava a teu lado. Acelerou-se o bater do teu coração e começaste também a clamar, movido por uma íntima inquietação. E amigos, costumes, comodidade, ambiente, todos te aconselharam: cala-te, não grites! Porque é que hás-de chamar por Jesus? Não o incomodes!
Mas o pobre Bartimeu não os ouvia e continuava ainda com mais força: «Filho de David, tem piedade de mim». O Senhor, que o ouviu desde o começo, deixou-o perseverar na sua oração. Contigo, procede da mesma maneira. Jesus apercebe-Se do primeiro apelo da nossa alma, mas espera. Quer que nos convençamos de que precisamos Dele; quer que Lhe roguemos, que sejamos teimosos, como aquele cego que estava à beira do caminho, à saída de Jericó. Imitemo-lo. Ainda que Deus não nos conceda imediatamente o que Lhe pedimos e, apesar de muitos procurarem afastar-nos da oração, não cessemos de Lhe implorar.
Paz e Bem!
©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 15/11/2010 às 12h45
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