![]() 07/01/2010 12h06
A UNÇÃO
Catecismo da Igreja Católica, § 695 «O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu» A unção. O simbolismo da unção com óleo é também significativo do Espírito Santo, a ponto de se tomar o seu sinônimo (1Jo 2, 20.27; 2Cor 1, 21). Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da Confirmação, que justamente nas Igrejas Orientais se chama «Crismação». Mas, para lhe apreender toda a força, temos de voltar à primeira unção realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo («Messias» em hebraico) significa «ungido» pelo Espírito de Deus. Houve «ungidos» do Senhor na antiga Aliança (cf. Ex 30, 22-32), sobretudo o rei David (cf. 1Sm 16, 13). Mas Jesus é o ungido de Deus de maneira única: a humanidade que o Filho assume é totalmente «ungida pelo Espírito Santo». Jesus é constituído «Cristo» pelo Espírito Santo (cf. Lc 4, 18-19; Is 61, 1). A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo O anuncia como Cristo antes do Seu nascimento (cf. Lc 2, 11) e leva Simeão a ir ao templo ver o Cristo do Senhor (cf. Lc 2, 26-27). É Ele que enche Cristo (cf. Lc 4, 1) e cujo poder emana de Cristo, nos Seus atos de cura e salvação (cf. Lc 6, 19; 8, 46). Finalmente, é Ele que ressuscita Jesus de entre os mortos (Rom 1, 4; 8, 11). Então, plenamente constituído «Cristo» na Sua humanidade vencedora da morte (Act 2, 36), Jesus difunde em profusão o Espírito Santo, até que «os santos» constituam, na sua união à humanidade do Filho de Deus, o «homem adulto à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13), «o Cristo total», para empregar a expressão de Santo Agostinho (Sermão 341, 1, 1). Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 07/01/2010 às 12h06
06/01/2010 12h20
A QUARTA VIGÍLIA
Santo Hilário (c. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho de Mateus, 14, 13-14 (a partir da trad. SC 258, p. 27) «Foi ter com eles de madrugada» «Jesus obrigou logo os seus discípulos a subirem para o barco e a irem à frente, para o outro lado, rumo a Betsaida, enquanto Ele próprio despedia a multidão. Depois de os ter despedido, foi orar no monte. Era já noite, o barco estava no meio do mar e Ele sozinho em terra» (Mt 14, 22-23). Para dar a razão destes fatos, é preciso fazer distinções de tempos. Se Ele está só à noite, isso mostra a Sua solidão na hora da Paixão, quando o pânico dispersou todos. Se ordena aos seus discípulos que entrem no barco e atravessem o mar, enquanto Ele próprio despede as multidões e, uma vez despedidas, sobe a um monte, é que lhes ordena que estejam na Igreja e naveguem no mar, quer dizer, neste mundo, até que, retornando no dia da Sua vinda gloriosa, Ele dê a salvação a todo o povo, que será o resto de Israel (cf. Rom 11, 5) [...], e que esse povo dê graças a Deus seu Pai e se estabeleça na Sua glória e na Sua majestade. [...] «Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles». Na expressão «quarta vigília da noite» encontra-se o número correspondente às marcas da Sua solicitude. Com efeito, a primeira vigília foi a da Lei, a segunda a dos profetas, a terceira a da Sua vinda corporal, a quarta coloca-se no Seu regresso glorioso. Mas Ele encontrará a Igreja decadente e cercada pelo espírito do Anticristo e por todas as agitações deste mundo; virá num momento de extrema ansiedade e de tormentos. [...] TOs discípulos estarão aterrorizados pela vinda do Senhor, temendo as imagens da realidade deformadas pelo Anticristo e pelas ficções que se insinuam no olhar. Mas o Senhor, que é bom, falar-lhes-á imediatamente, afastará o seu medo e lhes dirá: «Sou eu», dissipando, pela fé na Sua vinda, o temor do naufrágio ameaçador. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 06/01/2010 às 12h20
05/01/2010 13h58
TOMOU, ENTÃO, O PÃO
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia e posteriormente Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja Homilias sobre a 1.ª Carta aos Coríntios, n.° 24, 4 ; PG 61, 204 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 383) «Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o por eles, dizendo: 'Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós'» (Lc 22, 19) Para nos levar a amá-l'O mais ainda, Cristo deu-nos a Sua carne como alimento. Aproximemo-nos então d'Ele com muito amor e fervor. [...] Os magos adoraram-n'O, esse pequeno corpo deitado na manjedoura. [...] Ao verem o Menino, Cristo, numa manjedoura, debaixo de um pobre teto, e não vendo nada do que vós vedes, aproximaram-se d'Ele com grande respeito. Já não O vereis numa manjedoura, mas no altar. Já não vereis uma mulher que em seus braços O segura, mas o padre que O oferece; e o Espírito de Deus, em toda a Sua generosidade, plena sobre as oferendas. Porém, não só é o mesmo corpo que os magos viram que agora vedes, como para além disso conheceis a Sua força e sabedoria, e nada ignorais do que Ele cumpriu. [...] Despertemos então, e despertemos em nós o temor a Deus. Tenhamos, pois muito mais piedade do que esses estrangeiros, para podermos ser dignos de nos aproximarmos do altar [...]. Essa mesa fortifica-nos a alma, unifica-nos o pensamento, sustenta-nos a certeza, a segurança; é a nossa esperança, a salvação, a vida. Se deixarmos a terra depois deste sacrifício, entraremos com perfeita segurança nos átrios celestes, como se estivéssemos protegidos, por todos os lados, por uma armadura de ouro. Mas porquê falar do futuro? Já aqui neste mundo, o sacramento transforma a terra em céu. Abri, pois as portas do céu, e vede o que acabo de dizer. O que há de mais precioso no céu, mostrar-vo-lo-ei na terra. O que vos mostro, não são nem os anjos, nem os arcanjos, nem os céus dos céus, mas Aquele que é o seu Mestre. Vós vedes então de uma certa maneira, na terra, o que há de mais precioso. E não somente O vedes, como O tocais, O comeis. Purificai, pois a alma, preparai o espírito para receber estes mistérios. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 05/01/2010 às 13h58
04/01/2010 11h46
PREGAÇÃO LUMINOSA
Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino Da Trindade e Suas obras, I. 42: Sobre Isaías, 2 (a partir da trad. Sr. Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 6, p. 43) «E aos que jaziam na sombria região da morte surgiu uma luz» «Jesus retirou-se para a Galileia. Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade situada à beira-mar, na região de Zabulon e Neftali. Assim se cumpriu o que o profeta Isaías anunciara: [...] O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz». Ao falar da visão, ou antes, do aparecimento de uma grande luz, Mateus quer fazer-nos compreender a pregação luminosa do Salvador, o brilho da Boa Nova do Reino de Deus; primeiro que qualquer outra, a região de Zabulon e Neftali ouviu-a da própria boca do Senhor. [...] Com efeito, foi nesta região que o Senhor começou a pregar, foi aqui que Ele iniciou a Sua pregação. [...] E os apóstolos que, antes de todos, viram esta luz verdadeira na região de Zabulon e Neftali, tornaram-se eles próprios «luz do mundo». [...] «Eles regozijar-se-ão perante Ti, continua o texto de Isaías, como nos regozijamos ao fazer a ceifa, como exultamos ao partilhar os despojos dos vencidos». Esta alegria será efetivamente a alegria dos apóstolos, uma «alegria multiplicada» quando «eles vierem como ceifeiros trazendo os seus feixes de centeio» «e como os vencedores partilhando os despojos dos vencidos», isto é, do diabo vencido. [...] Foste Tu, com efeito, Senhor e Salvador, que removeste dos seus ombros «o jugo que pesava sobre eles», aquele jugo do diabo que outrora triunfava no mundo quando reinava sobre todas as nações e fazia as nucas vergarem sob o jugo de uma escravidão muito pesada. [...] Foste Tu que, sem exército e sem derramamento de sangue, no segredo do Teu poder, libertaste os homens para os pores ao Teu serviço. [...] Sim, o diabo será «queimado, devorado pelo fogo eterno», porque «nasceu um menino», o humilde Filho de Deus, «que traz no Seu ombro a insígnia do poder» pois que, sendo Deus, pode pelas Suas próprias forças possuir a primazia. [...] E «o Seu poder estender-se-á», pois Ele reinará não apenas sobre os judeus, como fez David, mas sobre todas as nações «daqui em diante e para sempre». (Referências bíblicas: Is 9, 1-6; Mt 5, 14; Sl 125,6) Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 04/01/2010 às 11h46
02/01/2010 13h22
NO MEIO DE VÓS...
João Escoto Erigena (?- c. 870), beneditino irlandês Homilia sobre o Prólogo de João, cap. 15 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 168; cf SC 151, p. 275) «No meio de vós está Aquele que não conheceis: é Ele quem vem após mim» Como é lógico, é o evangelista João quem introduz João Baptista no seu discurso sobre Deus, «o abismo que atrai o abismo» à voz dos mistérios divinos (Sl 41, 8): o evangelista conta a história do precursor. Aquele que recebeu a graça de conhecer «o Verbo no princípio» (Jo 1, 1) ensina-nos acerca daquele que recebeu a graça de vir à frente do Verbo encarnado. [...] Ele não diz simplesmente: houve um enviado de Deus, mas «houve um homem». Fala assim para distinguir o precursor, que participa apenas da humanidade, e o Homem que, unindo estreitamente em si divindade e humanidade, veio em seguida; para separar a voz que passa e o Verbo que permanece para sempre de maneira imutável; para sugerir que um é a estrela da manhã que aparece na aurora do Reino dos céus e declarar que o Outro é o Sol da justiça que lhe sucede (Ml 3, 20). Distingue a testemunha Daquele que o envia, a lâmpada vacilante da luz esplêndida que enche o universo (cf. Jo 5, 35) e que, para todo o gênero humano, dissipa as trevas da morte e do pecado. [...] «Um homem foi enviado». Por quem? Pelo Deus Verbo que o precedeu. A sua missão era ser precursor. É num grito que ele envia a palavra à sua frente: «no deserto, uma voz grita» (Mt 3, 3). O mensageiro prepara a vinda do Senhor. «O seu nome era João» (Jo 1, 6): foi-lhe dada a graça de ser o precursor do Rei dos reis, o revelador do Verbo desconhecido, o que batiza em ordem ao nascimento espiritual, a testemunha da luz eterna, pela sua palavra e pelo seu martírio. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 02/01/2010 às 13h22
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