![]() 18/07/2010 07h23
A VERDADEIRA HUMILDADE
MARTA E MARIA: ATIVIDADE E CONTEMPLAÇÃO Santa Teresa de Ávila (1515-1582), Carmelita, Doutora da Igreja Caminho da Perfeição, cap. 17, §§ 5-7 (trad. de Vasco Dias Ribeiro, OCD, Águeda, Edições Carmelo) Marta e Maria Santa era santa Marta, e não dizem que fosse contemplativa. Pois, que mais quereis do que chegar a ser como esta bem-aventurada, que mereceu ter a Cristo Nosso Senhor tantas vezes em sua casa e dar-Lhe de comer e servi-Lo e comer com Ele à sua mesa? Se ficasse como a Madalena, embevecida, não teria havido quem desse de comer a este divino Hóspede. Pois pensai que esta Congregação é a casa de Santa Marta e que há de haver de tudo. As que forem levadas pela vida ativa não murmurem das que se embeberem na contemplação. [...] Tenham-se por ditosas de O andar a servir como Marta. Olhem que a verdadeira humildade consiste, em grande parte, em estar muito pronto em se contentar com o que o Senhor quiser fazer de cada um de nós, achando-nos sempre indignos de nos chamarmos Seus servos. Pois se contemplar e ter oração mental e vocal, e cuidar dos enfermos, e servir nas coisas da casa e trabalhar – mesmo no mais humilde –, se tudo é servir o Hóspede que vem estar, comer e recrear-Se conosco, que mais nos dá que seja nisto ou naquilo? Não digo que falhe pela nossa parte, mas que vos exerciteis em tudo, porque não está isto no vosso escolher, senão no do Senhor; mas se, depois de muitos anos, quiser a cada uma para seu ofício, bonita humildade seria quererdes escolher! Deixai o Senhor da casa fazer o que quiser. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 18/07/2010 às 07h23
16/07/2010 07h44
CONTRAOS OS VICÍOS E TODO O MAL
CONTRA OS VÍCIOS E TODA ESPÉCIE DE MAL Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense Le Miroir de la charité, III, 3,4 (a partir da trad. cf. Brésard, 2000 ans B, p. 80 e Bellefontaine 1992, p. 186) Observar o descanso sabático da alma A princípio, temos de fazer o esforço de praticar as boas obras, para seguidamente repousarmos na paz da nossa consciência. [...] É a celebração jubilosa de um primeiro descanso sabático, em que repousamos das obras servis do mundo [...] e deixamos de transportar o fardo das paixões. Mas podemos deixar o quarto íntimo em que celebramos este primeiro dia de descanso e dirigir-nos ao albergue do nosso coração, onde temos o hábito de nos alegrar com os que se alegram, de chorar com os que choram (cf. Rom 12, 15), e de nos perguntar: «Quem é fraco, que eu não seja fraco? Quem sofre escândalo, que eu não me consuma de dor?» (cf. 2Cor 11, 29). Aí, sentiremos a nossa alma unida à de todos os irmãos pelo cimento da caridade; aí, deixaremos de ser perturbados pelos aguilhões da inveja, de ser queimados pelo fogo da cólera, de ser feridos pelas flechas da desconfiança; estaremos libertos das dentadas devoradoras da tristeza. Se atrairmos todos os homens para o ambiente pacificado do nosso espírito, no qual todos são acolhidos, acalentados por uma doce afeição e em que já não somos com eles senão «um só coração e uma só alma» (At 4, 32), nesse momento, ao saborear esta maravilhosa mansidão, o tumulto da cobiça imediatamente se silencia, a algazarra das paixões apazigua-se e, no interior, opera-se um desapego total de todas as coisas prejudiciais, um repouso alegre e sereno na doçura do amor fraterno. Na quietude deste segundo repouso sabático, a caridade fraterna já não deixa subsistir nenhum vício [...]. Impregnado pela mansidão tranquila deste repouso, David explodiu num canto de júbilo: «Vede como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos!» [Sl 133 (132), 1]. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 16/07/2010 às 07h44
14/07/2010 08h19
O CÂNTICO DA VIDA
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja Sermão 34; a partir da trad. de CCL 41, 423-426 «Bendigo-te, ó Pai» Somos convidados a cantar ao Senhor um cântico novo (Sl 149, 1). É o homem novo que conhece este cântico novo. O cântico é alegria e, se o analisarmos com mais atenção, também é amor. Aquele que sabe amar a vida nova conhece esse cântico novo. Mas também é necessário que estejamos conscientes do que é a vida nova por causa do cântico novo. Tudo isto faz parte do mesmo Reino: o homem novo, o cântico novo, a nova aliança. O homem novo cantará um cântico novo e fará parte da nova aliança. [...] «Eis-me a cantar», dirás. Cantas, sim, tu cantas: estou a ouvir-te. Mas toma cuidado para que a tua vida não dê um testemunho contrário ao da tua língua. Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com a boca, cantai com a vossa conduta, «cantai ao senhor um cântico novo». Se vos questionais sobre o que deveis cantar Àquele que amais, e procurais louvores para Lhe cantar, «louvai-O na assembleia dos fiéis» (Sl 149, 1). O cântico de louvor é o próprio cantor. Quereis cantar os louvores de Deus? Sede o que cantais. Vós sois o Seu louvor, se viverdes bem. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 14/07/2010 às 08h19
11/07/2010 10h38
O BOM SAMARITANO
São Severo de Antioquia (465-538), bispo Homilia 89 (a partir da trad. de Lubac, Catholicisme, Le Cerf 1947 rev.) «Desceu do Céu» (Credo) «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó». Cristo [...] não disse: «Alguém descia», mas «certo homem descia», porque a passagem diz respeito a toda a humanidade. A mesma que, a seguir ao pecado de Adão, deixou a morada suprema, calma, sem sofrimento e maravilhosa do paraíso, chamada de pleno direito Jerusalém – nome que significa «paz de Deus» –, e desceu para Jericó, país rude e baixo, onde o calor é abrasador. Jericó é a vida febril deste mundo, a vida que nos separa de Deus. [...] Uma vez que a humanidade se desviou do bom caminho para esta vida [...], o bando de demônios selvagens vem atacá-la como um bando de salteadores, que a despojam das vestes da perfeição, não lhe deixando nenhum vestígio da força de alma, nem da pureza, nem da justiça, nem da prudência, nem de nada do que caracteriza a imagem divina (Gn 1, 26); mas, batendo-lhe com as pancadas repetidas dos vários pecados, abatem-na e deixam-na por fim meia morta. [...] A Lei dada por Moisés passou [...], mas faltou-lhe força, não conduzindo a humanidade a uma cura completa, não levantando a humanidade que jazia por terra. [...] É que a Lei oferecia sacrifícios e oferendas «que de modo algum podiam dar a perfeição àqueles que assistiam aos sacrifícios» porque «é impossível que o sangue dos touros e dos carneiros tire os pecados» (Heb 10, 1.4). [...] Por fim passou um Samaritano. Cristo dá-Se a Si mesmo o nome de Samaritano. Porque [...] é Ele mesmo que vem, realizando o desígnio da Lei e fazendo ver, pelas Suas obras, «quem é o próximo» e em que consiste «amar os outros como a si mesmo». Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 11/07/2010 às 10h38
10/07/2010 14h30
SEDE FIÉIS E CORAJOSOS
Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja Homília 20 sobre o salmo 118; CSEL 62, 467ss. (a partir da trad. do breviário) Declarar-se por Cristo diante dos homens Todos os dias podes ser testemunha de Cristo. Foste tentado pelo espírito da impureza, mas [...] pareceu-te que não devias macular a castidade do espírito e do corpo: és mártir, ou seja, testemunha de Cristo. [...] Foste tentado pelo espírito do orgulho, mas, vendo o pobre e o indigente, foste tomado de uma terna compaixão e preferiste a humildade à arrogância: és testemunha de Cristo. Mais que isso: não deste o teu testemunho apenas com palavras, mas também com obras. Qual é o testemunho mais autêntico? «Todo o espírito que confessa Jesus Cristo, que veio em carne mortal» (1Jo 4, 2), e que observa os preceitos do Evangelho. [...] Quantos serão, em cada dia, estes mártires escondidos de Cristo, que confessam o Senhor Jesus! O apóstolo Paulo conheceu esse martírio e o testemunho de fé dado a Cristo, ele que disse: «Este é o nosso motivo de glória: o testemunho da nossa consciência» (2Cor 1, 12). Quantos confessam a fé exteriormente mas a negam interiormente! [...] Por conseguinte, sede fiéis e corajosos nas perseguições interiores, para triunfardes também nas perseguições exteriores. Também nas perseguições interiores há «reis e governadores», juízes de poder temível. Tendes o exemplo nas tentações sofridas pelo Senhor (Mt 4, 1ss.). Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2010 Publicado por Frei Fernando Maria em 10/07/2010 às 14h30
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