![]() 01/03/2009 13h07
ESCUTAI, Ó DEUS, O MEU CLAMOR, ATENDEI MINHA ORAÇÃO!
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja Discursos sobre os Salmos, PS 60; CCL 39, 766 (trad. Brésard, 2000 anos C, p. 88) «Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado» (Heb 4, 15) «Escutai, ó Deus, o meu clamor, atendei a minha oração! [...] Dos confins da terra grito por Vós, com o meu coração desfalecido.» (Sl 60, 2-3). Dos confins da terra, ou seja, de toda a parte. [...] Não é só uma pessoa que fala assim; e, no entanto, é uma só pessoa, porque não há senão um só Cristo do qual somos os membros (Ef 5,23). [...] Aquele que grita dos confins da terra está na angústia, mas não está abandonado. Porque fomos nós, ou seja, o Seu corpo, que o Senhor quis prefigurar no Seu próprio corpo. [...] Simbolizou-nos na Sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Lê-se no Evangelho que Nosso Senhor, o Cristo Jesus, foi tentado no deserto pelo diabo. Em Cristo, és tu que és tentado, porque Cristo tomou de ti a Sua humanidade para te dar a Sua salvação, de ti tomou a Sua morte para te dar a Sua vida, de ti sofreu os Seus ultrajes para te dar a Sua honra. Foi portanto de ti que Ele tomou as tentações, para te dar a Sua vitória. Se somos tentados n'Ele, n'Ele também triunfaremos do diabo. Reconheces que Cristo foi tentado, e não reconheces que alcançou a vitória? Reconhece-te como tentado n'Ele, reconhece-te como vencedor n'Ele. Ele poderia ter impedido o diabo de se aproximar d'Ele; mas, se não tivesse sido tentado, como nos teria ensinado a maneira de vencer a tentação? Eis por que motivo não é de espantar que, atormentado pela tentação, Ele grite dos confins da terra segundo este salmo. Mas por que não é vencido? O salmo continua: «Conduzi-me ao rochedo». [...] Recorda o Evangelho: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18). Assim, é a Igreja, que Ele quis construir sobre a pedra, que grita dos confins da terra. Mas quem se tornou rochedo, para que a Igreja pudesse ser construída sobre a rocha? Ouçamos São Paulo: «O rochedo era Cristo» (1Co 10, 4). É pois sobre Ele que nós somos edificados. Eis por que razão a pedra sobre a qual somos construídos foi a primeira a ser batida pelos ventos, pelas torrentes e pelas chuvas, quando Cristo foi tentado pelo diabo (Mt 7, 25). Eis a fundação inabalável sobre a qual Ele te quis edificar. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 01/03/2009 às 13h07
23/02/2009 23h30
EM CRISTO TUDO É REVELAÇÃO ATÉ MESMO AS SUAS DORES
São Gregório Nazianzeno (330-390), bispo, Doutor a Igreja Homilia para a festa da Páscoa; PG 36, 624 (trad. Homéliaire patristique, coll. Lex orandi n°8, p. 223 rev.) «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos» Há quem se deixe abater pela dúvida ao ver no corpo de Cristo os estigmas da Paixão, e se pergunte: «Quem é este rei glorioso?» (Sl 23, 8). Responde-lhes que é o Cristo, «forte e poderoso» (v. 8) em tudo quanto fez e continua a fazer. [...] Faz-lhes ver a beleza da túnica envergada que é o corpo sofredor de Cristo, embelezado pela Paixão e transfigurado pelo brilho da divindade, essa túnica de glória que foi o objeto mais belo e mais digno de ser amado neste mundo. [...] Ele será pequeno pelo fato de Se ter feito humilde por tua causa? Será desprezível pelo facto de, Bom Pastor que dá a vida pelo Seu rebanho (Jo 10, 11), ter ido à procura da ovelha perdida e, depois de a ter encontrado, a ter posto aos ombros que por ela carregaram com a cruz e a ter contado de novo entre o número das ovelhas fiéis que permaneceram dentro do aprisco (Lc 15, 4ss.)? Parece-te menos grandioso por Se ter cingido com uma toalha para lavar os pés aos discípulos, mostrando-lhes assim que o meio mais seguro de a pessoa se elevar é humilhando-se (Jo 13, 4; Mt 23, 12)? Porque, inclinando a alma para a terra, Se abaixa a fim de elevar Consigo aqueles que viviam abatidos sob o peso do pecado? Censuras-Lhe o facto de ter comido com os publicanos e os pecadores, para salvação deles (Mt 9, 10)? Ele conheceu a fadiga, a fome, a sede, a angústia e as lágrimas, seguindo a lei da nossa natureza humana. Como Deus, porém, o que não fez? [...] Precisávamos de um Deus feito homem, tornado mortal, para podermos viver. Partilhámos a Sua morte, que nos purifica; pela Sua morte, Ele deu-nos a partilhar a Sua ressurreição; pela Sua ressurreição, deu-nos a partilhar a Sua glória. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 23/02/2009 às 23h30
20/02/2009 08h45
"TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME"
São Leão Magno (? – c. 461), Papa e Doutor da Igreja 8ª Homilia sobre a Paixão «Tome a sua cruz e siga-Me» O Senhor foi entregue aos que O odeiam. Para insultar a sua dignidade real, obrigam-No a transportar Ele próprio o instrumento do Seu suplício. Assim se cumpria o oráculo do profeta Isaías: «Ele recebeu sobre os Seus ombros a insígnia do poder» (Is 9,5). Transportar assim a cruz, aquela cruz que Ele iria transformar em cetro da Sua força, era certamente, aos olhos dos ímpios, um grande motivo de zombaria, mas para os fiéis foi um mistério espantoso: o glorioso vencedor do demônio, o todo-poderoso adversário das forças do mal, exibia aos Seus ombros, para adoração de todos os povos e com uma paciência invencível, o troféu da Sua vitória, o sinal da salvação. E através da imagem que Ele dá com este gesto, dir-se-ia que queria fortalecer todos aqueles que O imitarão, todos aqueles a quem dissera: «Aquele que não toma a sua cruz e não Me segue não é digno de Mim» (Mt 10,30). Como a multidão acompanhasse Jesus até ao local do suplício, encontraram um certo Simão de Cirene e fizeram passar a cruz dos ombros do Senhor para os seus. Este gesto prefigurava a fé das nações, para quem a cruz de Cristo iria tornar-se, não um opróbrio, mas uma glória. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 20/02/2009 às 08h45
19/02/2009 10h34
FOI POR TI QUE ELE MORREU
São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja Catequese baptismal n° 13, 3.6.23 (trad. breviário) «Pedro, desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-Lo.» Não devemos ter vergonha da cruz do Salvador, mas devemos gloriar-nos nela. «A linguagem da cruz é escândalo para os judeus, loucura para os gentios», mas para nós é salvação. É loucura para os que se perdem, e poder de Deus para os que se salvam (1Cor 1, 18-24). Não foi apenas um homem que morreu, mas o Filho de Deus, Deus feito homem. No tempo de Moisés, o cordeiro afastou o anjo exterminador (Ex 12, 23); pois muito mais «o Cordeiro de Deus que vai tirar o pecado do mundo» (Jo 1, 29) nos libertou dos nossos pecados. [...] Não foi obrigado que Ele deixou a vida, não foi pela força que foi imolado, mas pela Sua própria vontade. Escutai o que nos diz: «Tenho poder para a dar e para tornar a tomá-la» (Jo 10, 18). [...] Entregou-Se deliberadamente à sua Paixão, feliz pela Sua entrega, sorrindo ao Seu triunfo, contente por salvar os homens. Não teve vergonha da cruz, porque salvava a terra inteira. Não era um pobre homem que sofria, mas Deus feito homem que ia combater para obter o preço da paciência. [...] Não te regozijes da cruz somente em tempos de paz; guarda a mesma fé em tempos de perseguição; não sejas amigo de Jesus apenas em tempos de paz, para te tornares Seu inimigo em tempos de guerra. Recebes agora o perdão dos teus pecados e os dons espirituais prodigalizados pelo teu rei; quando eclodir a guerra, combate com bravura pelo teu rei. Jesus foi crucificado por ti, Ele que não tinha pecado. [...] Não foste tu que Lhe deste esta graça, porque recebeste-a primeiro. Mas dá graças Àquele que pagou a tua dívida sendo crucificado por ti no Gólgota. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 19/02/2009 às 10h34
17/02/2009 23h42
"MULTIPLICAI VOSSOS ESFORÇOS PARA PROCURÁ-LO"
PARA UMA ENTREGA TOTAL Tomemos o livro de Baruc 4, 25: "Suportai, filhos meus, com paciência o golpe da cólera divina. Fostes perseguidos por vossos inimigos; em breve, porém, assistireis à sua ruína, e sobre suas cervizes poreis os pés”. A palavra “inimigo” não esta no sentido de pessoas que são contra nós. São Paulo fala bem claro sobre isso em Efésios. Não são simplesmente pessoas que nos perseguem, vizinhos que nos querem mal, parentes que nos aborrecem. São adversários conforme a Escritura nos fala: “Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Efésios 6, 12). Estamos em tempo de guerra! Há muita confusão no mundo; controvérsias na própria Igreja de Deus. A razão disso tudo é que o inimigo de Deus sabe que seu tempo está acabando e que Jesus se aproxima a passos largos. Eis a razão de toda sua artimanha para estragar a obra de Deus, a começar por nós. Tudo o que ele tem feito no mundo é devido a seu desespero; ele sabe que pouco tempo lhe resta. E qual deve ser nossa atitude? Se nos entregamos a Cristo, servindo-Lhe e lutando com Ele, temos n'Ele a vitória. Ao contrário: se andamos pelos caminhos do mundo, seguindo a carne, damos a vitória ao inimigo de Deus. Não pense que precisamos ser maus, desonestos, impuros, adúlteros e beberrões para sermos do inimigo e trabalharmos para ele. Basta largar Jesus. Basta isso! E o inimigo vem com tudo para nos abocanhar. Eis o segredo: nós damos a vitória àquele a quem escolhemos, a quem seguimos e a quem servimos. O grande mal é querer ser de Deus e do mundo ao mesmo tempo. Grande insensatez! Quanto ao mundo, estamos nele. Quanto ao Senhor, pertencemos a Ele. É preciso decidir, com urgência, com quem ficar. Se de um lado, Deus nos atrai, de outro o inimigo nos arrasta. A quem você quer servir? Mais do que nunca devemos ser inteira e exclusivamente do Senhor. Não dá para ficar com um pé aqui e outro lá. Eis nossa luta: “Tende coragem, filhos, e clamai a Deus, pois aquele que vos conduziu para lá lembrar-se-á de vós. Assim como tivestes o propósito de vos afastar de Deus, depois de convertidos, multiplicai vossos esforços para procurá-lo!” (Baruc 4, 27-28). Monsenhor Jonas Abib Fundador da Comunidade Canção Nova Trecho retirado do livro 'Considerai como cresem os Lírios dos Campos' Publicado por Frei Fernando Maria em 17/02/2009 às 23h42
|