FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
20/01/2009 02h04
"O FILHO DO HOMEM É SENHOR TAMBÉM DO SÁBADO"
Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense
Espelho da Caridade, III, cap. 3 (trad. Bellefontaine, 1992, p. 185)

«O sábado foi feito para o homem»

Quando um homem se retira do tumulto exterior para entrar no segredo do seu coração, quando fecha a porta à multidão ruidosa das vaidades e percorre os seus tesouros interiores, quando nada encontra em si mesmo que esteja agitado e desordenado, nada que o atormente e o contrarie, quando tudo nele está cheio de alegria, de harmonia, de paz e de tranquilidade; quando o pequeno mundo dos seus pensamentos, das suas palavras e das suas obras lhe sorri, como a família sorri ao pai numa casa onde reina a ordem e a paz; nessa altura, surge de repente uma segurança maravilhosa.

Dessa segurança provém uma alegria extraordinária, dessa alegria resulta um canto de satisfação e de louvor a Deus, louvor esse tanto mais fervoroso, quanto mais claramente se compreende que tudo quanto se tem de bom é dom de Deus.

A comemoração alegre do sábado deve ser precedida de seis dias, isto é, do completamento das obras. Começamos por transpirar praticando as boas obras, para em seguida descansarmos na paz da nossa consciência. Dessas obras boas nasce a pureza da consciência, que conduz a um justo amor de si mesmo, que nos permitirá amar o próximo como a nós mesmos (Mt 22, 39).

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 20/01/2009 às 02h04
 
20/01/2009 00h53
PARA QUE A MINHA CASA FIQUE CHEIA
Divina Liturgia de São Basílio (século IV)
Oração eucarística, I Parte
 
«Vai pelos caminhos e azinhagas e obriga toda a gente a entrar para que a minha casa fique cheia»
 
Santo, santo, Tu és verdadeiramente santo, Senhor nosso Deus, e não há limite para a grandeza da Tua santidade: Tu dispuseste todas as coisas com correção e justeza. Modelaste o homem com o barro da terra, honraste-o com a imagem do próprio Deus, colocaste-o num paraíso de delícias, prometendo-lhe – se observasse os mandamentos – a imortalidade e o gozo dos bens eternos.
 
Mas ele transgrediu os Teus mandamentos, Deus verdadeiro, e, seduzido pela malícia da serpente, vítima do seu próprio pecado, submeteu-se à morte. Pelo Teu justo juízo, foi expulso do Paraíso para este mundo, reenviado para a terra de onde havia sido tirado.
 
Mas Tu dispuseste para ele, no Teu Cristo, a salvação pelo novo nascimento, pois não rejeitaste para sempre a criatura que havias criado na Tua bondade; velaste por ela de muitas maneiras, na grandeza da Tua misericórdia. Enviaste profetas, fizeste milagres pelos santos que, em cada geração, Te foram agradáveis; deste-nos a Lei para nos socorrer; estabeleceste os anjos, para nos guardarem.
 
E, ao chegar a plenitude dos tempos, falaste-nos no Teu único Filho, por Quem criaste o universo; Ele que é o esplendor da Tua glória e a imagem da Tua natureza; Ele que tudo realiza pelo poder da Sua palavra; Ele, que não preservou ciosamente a Sua igualdade com Deus mas, desde toda a eternidade, veio à terra, viveu com os homens, tomou carne na Virgem Maria, aceitou a condição de escravo, assumiu o nosso corpo miserável, para nos tornar conformes ao Seu corpo de glória (Heb 1, 2-3; Fil 2, 6-7; 3, 21).
 
E, como foi pelo homem que o pecado entrou no mundo – e, pelo pecado, a morte –, agradou ao Filho único, a Ele que Se encontrava eternamente no Teu seio, ó Pai, mas que nasceu de mulher, condenar o pecado na Sua carne, a fim de que aqueles que haviam morrido em Adão tivessem a plenitude da vida em Cristo (Rom 5, 12; 8, 3).
 
Enquanto viveu neste mundo, Ele deu-nos preceitos de salvação, desviou-nos do erro dos ídolos, levando-nos a conhecer-Te, a Ti, Deus verdadeiro. Desse modo, conquistou-nos para Si como povo escolhido, sacerdócio real, nação santa (1 Ped 2, 9).

PAZ E BEM!

Publicado por Frei Fernando Maria em 20/01/2009 às 00h53
 
18/01/2009 00h44
MESTRE, ONDE MORAS?
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da IgrejaSermões sobre o Evangelho de São João, nº 7

«Ficaram com Ele nesse dia»

«João encontrava-se de novo ali, com dois dos seus discípulos.» João era de tal maneira «amigo do Esposo», que não procurava a sua própria glória, limitando-se a dar testemunho da verdade (Jo 3, 29.26). Ter-lhe-á ocorrido reter os seus discípulos, impedindo-os de seguir o Senhor? De maneira nenhuma. Pelo contrário, aponta-lhes Aquele a Quem devem seguir. [...] «Por que permaneceis ligados a mim?», pergunta-lhes. «Eu não sou o Cordeiro de Deus. Eis o Cordeiro de Deus [...], Aquele que tira os pecados do mundo.»

A estas palavras, os dois discípulos que estavam com João seguiram Jesus. «Jesus voltou-Se e, notando que eles O seguiam, perguntou-lhes: "Que pretendeis?" Eles disseram-Lhe: "Rabi, que quer dizer Mestre, onde moras?"» Ainda não O seguiam de maneira definitiva; sabemos que se ligaram a Ele quando os chamou a deixarem a barca [...], quando lhes disse: «Vinde após Mim e Eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19).

Foi a partir desse momento que se ligaram a Ele para nunca mais O deixarem. Para já, queriam ver onde Jesus morava, e pôr em prática aquela palavra da Escritura que diz: "Se vires um homem sensato, madruga para ir ter com ele, e desgastem os teus pés o limiar da sua porta. Fixa a tua atenção nos preceitos de Deus» (Ecli 6, 36-37).

Jesus mostrou-lhes, pois, onde morava; e eles ficaram com Ele. Que dia feliz aquele! Que noite bem-aventurada! O que eles terão ouvido da boca do Senhor! Construamos, também nós, uma morada no coração, ergamos uma casa onde Cristo possa vir instruir-nos e conversar connosco.

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 18/01/2009 às 00h44
 
15/01/2009 23h42
SACRAMENTO DA CONFISSÃO
Catecismo da Igreja Católica § 976-982
 
«Filho, os teus pecados estão perdoados.»
 
«Creio na remissão dos pecados»: o Símbolo dos Apóstolos liga a fé no perdão dos pecados à fé no Espírito Santo, mas também à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo ressuscitado lhes transmitiu o Seu próprio poder divino de perdoar os pecados: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos» (Jo 20,22-23). [...]
 
«Um só Batismo para a remissão dos pecados»: Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: «Ide por todo o mundo e proclamai a Boa-Nova a todas as criaturas. Quem acreditar e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). O Beatismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos pecados, porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação, a fim de que «também nós vivamos numa vida nova» (Rom 6,4).
 
«No momento em que fazemos a nossa primeira profissão de fé, ao receber o santo Batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e total que não fica absolutamente nada por apagar, quer da falta original, quer das faltas cometidas de própria vontade por ação ou omissão; nem qualquer pena a suportar para as expiar [...] Mas apesar disso, a graça do Batismo não isenta ninguém de nenhuma das enfermidades da natureza. Pelo contrário, resta-nos ainda combater os movimentos da concupiscência, que não cessam de nos arrastar para o mal.»
 
Neste combate contra a inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante para evitar todas as feridas do pecado? «Portanto era necessário que a Igreja [...] fosse capaz de perdoar as faltas a todos os penitentes que tivessem pecado, até mesmo ao último dia da sua vida». É pelo sacramento da Penitência que o batizado pode ser reconciliado com Deus e com a Igreja:
 
Não há nenhuma falta, por grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. «Não há ninguém, por malévolo ou culpado que seja, que não deva esperar com segurança o perdão, desde que o seu arrependimento seja sincero.» Cristo, que morreu por todos os homens, quer que dentro da Sua Igreja as portas do perdão estejam permanentemente abertas a quem quer que retorne do pecado.
 
Paz e Bem!
 


Publicado por Frei Fernando Maria em 15/01/2009 às 23h42
 
11/01/2009 00h30
"TU ÉS MEU FILHO MUITO AMADO"
São Sofrónio de Jerusalém (?-639), monge, bispo
Hino do ofício bizantino da Teofania (Oração das Igrejas de rito bizantino, t. 2, pp. 280-281)


«Hoje o céu abriu-se, o Espírito desceu sobre Jesus e a voz do Pai domina as águas : «Tu és o meu Filho muito amado»» (versículo do Aleluia)

Hoje nasceu o Sol sem ocaso e o mundo está iluminado com a luz do Senhor. [...] Hoje as nuvens derramam sobre a humanidade uma rosácea celeste de justiça. Hoje Aquele que não foi criado permite que Aquele que criou Lhe imponha a mão. Hoje o profeta e precursor chega antes do seu Mestre, mas fica ao seu lado, a tremer, ao ver a condescendência de Deus para connosco.

Hoje as marés do Jordão transformam-se em fonte de salvação na presença do Senhor. [...] Hoje as ofensas dos homens são apagadas nas águas do Jordão. Hoje o paraíso abre-se diante da humanidade e o Sol da justiça brilha sobre nós (Mal 3, 20) [...] Hoje o Mestre dispõe-Se a ser baptizado para salvar o género humano. Hoje Aquele que não Se pode baixar inclina-Se diante do Seu servidor para nos livrar da escravatura. Hoje adquirimos o Reino dos céus, pois o Reino do Senhor  não terá fim.

Hoje a terra e o céu partilham da alegria do mundo e o mundo está cheio de júbilo. «Ao verem-Vos, as águas, oh Deus, as águas tremeram» (Sl 77, 17). «O Jordão voltou para trás» (Sl 113, 3) ao ver o fogo da divindade vir até ele em corpo e descer à sua corrente. O Jordão voltou para trás ao ver o Espírito Santo descer do céu transformado em pomba e pairar sobre Ti.

O Jordão voltou para trás ao ver o Invisível tornar-Se visível, o Criador fazer-Se carne, o Senhor tomar a aparência de um escravo. [...] As nuvens fizeram escutar a sua voz na admiração que lhes causava a vinda a nós da Luz da Luz, do Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

É a festa do Senhor que nós vemos hoje no Jordão. Vemo-Lo deitar ao Jordão a morte que nos valeu a desobediência, o aguilhão do erro, as correntes do inferno e dar ao mundo o baptismo da salvação.

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 11/01/2009 às 00h30



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