FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
16/02/2009 11h08
"POR QUE PEDE ESTA GERAÇÃO UM SINAL"
Santo Hilário (v. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja

A Santíssima Trindade, livro 12, 52-53 (trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, Mediaspaul 1988, t. 1, p. 19)

«Por que pede esta geração um sinal?»

Pai Santo, Deus Todo Poderoso [...], quando levanto para o Teu céu a fraca luz dos meus olhos, posso duvidar de que é o Teu céu? Quando contemplo o caminho das estrelas, o seu regresso no ciclo anual, quando vejo as Plêiades, a Ursa Menor e a Estrela da Manhã e considero como cada uma brilha no lugar que lhe foi assinalado, compreendo, ó Deus, que Tu estás aí, nesses astros que eu não compreendo.

Quando vejo «as belas ondas do mar» (Sl 92,4), não compreendo a origem dessas águas, não compreendo sequer o que põe em movimento os seus fluxos e refluxos regulares, e no entanto, creio que existe uma causa – certamente impenetrável para mim – para estas realidades que ignoro, e também aí eu pressinto a Tua presença.

Se volto o meu espírito para a terra, que, pelo dinamismo das forças escondidas, decompõe todas as sementes que acolheu no seu seio, as faz germinar lentamente e as multiplica, e depois lhes permite crescerem, não encontro nada que possa compreender com a minha inteligência; mas esta ignorância ajuda-me a discernir-Te a Ti, porque, se não conheço a natureza posta ao meu serviço, reencontro-Te, no entanto, pelo facto de ela estar lá para minha utilização.

Se me volto para mim, a experiência diz-me que não me conheço a mim próprio e admiro-Te tanto mais quanto sou para mim um desconhecido. De facto, mesmo que não os possa compreender, tenho a experiência dos movimentos do meu espírito que julga, destas operações, da sua vida, e esta experiência a Ti a devo, a Ti que me deste a partilhar esta natureza sensível que faz a minha felicidade, mesmo que a sua origem esteja para além da minha inteligência. Eu não me conheço a mim próprio, mas dentro de mim encontro-Te e, ao encontrar-Te, adoro-Te.

Paz e Bem!

Fonte: ©Evangelizo.org 2001-2009


Publicado por Frei Fernando Maria em 16/02/2009 às 11h08
 
09/02/2009 23h55
"O REINO DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS"
“O Reino de Deus está no meio de vós”. Quando olhamos para nós mesmos, vemos essa verdade, anunciada pelo Senhor, presente em nossa vida; porque somos um misto de corpo e alma; temporalidade e eternidade.
 
Ora, e o que isso nos revela? Revela nosso desejo de perenidade, seja na vida, no amor, na felicidade, etc. E por que não obtemos essa perenidade desde já? Porque a buscamos nas criaturas, quando na verdade só a encontramos no Criador. Além do que, em seu desígnio de amor, Deus não nos criou para o pecado, mas para a santidade, porque Deus é Santo e só cria para a santidade; contrariar essa vontade divina é perder o sentido da vida.
 
Logo, nossa vida é um "caminhar" constante para Deus porque é com Ele que viveremos para sempre, pois, Deus em sua Sabedoria, nos dá encontrá-LO ainda aqui, por meio do Seu Filho Jesus, para que não nos percamos nesse percurso temporal que ainda nos resta, até que cheguemos à plenitude que Ele preparou para nós desde toda eternidade.
 
Paz e Bem!

Publicado por Frei Fernando Maria em 09/02/2009 às 23h55
 
09/02/2009 12h54
Ó DEUS VERDADEIRO E SENHOR MEU!
Santa Teresa d'Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja
Exclamação 16 (trad. a partir de Auclair, Oeuvres, 1964, p. 534 e OC, Cerf, 1995, p. 892)
 
«E quantos O tocavam ficavam curados»

 
Ó Deus verdadeiro e Senhor meu! Para a alma afligida pela solidão em que vive na Tua ausência, é grande consolo saber que estás em toda a parte. Mas que sentido há nisto, Senhor, quando a força do amor e a impetuosidade desta pena aumentam, e o coração se atormenta, a tal ponto, que nem podemos já compreender nem conhecer tal verdade?
 
A alma percebe apenas que está apartada de Ti, e nenhum remédio admite. Porque o coração que muito ama não consente outros conselhos nem consolos, senão os vindos d'Aquele que o feriu; d'Ele, somente, espera a cura para a pena.
 
Quando Tu queres, Senhor, depressa saras a ferida que fizeste. Ó meu Bem-Amado, com quanta compaixão, com quanta doçura, bondade e ternura, com quantas mostras de amor Tu saras estas chagas feitas com as setas do Teu amor! Ó meu Deus, Tu és o repouso para todas as penas.
 
Não será loucura vã procurar meios humanos para curar os que vivem enfermos do divino fogo? Quem poderá saber aonde tal ferida chegará, donde vem, e como mitigar tão penoso tormento? [...] Quanta razão tem a esposa do Cântico dos Cânticos, ao dizer: «O meu amado é para mim e eu para ele!» (Ct 2,16).
 
Porque o amor que sinto não pode ter origem em algo tão baixo como é este meu amor. E no entanto, Esposo meu, sendo ele assim tão baixo, como entender que seja afinal capaz de superar todas as coisas criadas, para chegar a seu Criador?
 
Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 09/02/2009 às 12h54
 
06/02/2009 13h39
JOÃO BATISTA, MÁRTIR DA VERDADE
São Beda o Venerável (c. 673-735), monge, Doutor da Igreja
Homilia 23 (livro 2); CCL 122, 354, 356-357 (trad. Orval)

João Baptista, mártir da verdade

Não há qualquer dúvida de que São João Baptista sofreu a prisão pelo nosso Redentor, que precedeu pelo seu testemunho, de que foi por Ele que deu a vida. O seu perseguidor não lhe pediu para negar Cristo, mas para calar a verdade, Contudo, foi por Cristo que morreu.

Com efeito, Cristo disse acerca d\'Ele mesmo: «Eu sou a verdade» (Jo 14,6). Se pela verdade derramou o seu sangue, então foi por Cristo. Nascendo, João testemunhou que Cristo iria nascer; pregando, testemunhou que Cristo iria pregar; baptizando, que Ele iria baptizar. Sofrendo primeiro a sua Paixão, significou que o próprio Cristo a sofreria [...]

Este homem tão grande chegou, então, ao fim da sua vida pelo derramamento do seu sangue, depois de um longo e penoso cativeiro. Ele, que anunciou a boa nova da liberdade de uma paz superior, foi lançado na prisão pelos ímpios. Foi fechado na obscuridade de um cárcere, ele que veio para dar testemunho da luz [...].

Pelo seu próprio sangue é baptizado aquele a quem foi dado baptizar o Redentor do mundo, ouvir a voz do Pai dirigindo-se a Cristo, e ver descer sobre Ele a graça do Espírito Santo.

O apóstolo Paulo efectivamente disse-o: «Porque a vós vos é dado por Cristo, não somente que creais n\'Ele, mas ainda que por Ele padeçais» (Fil 1,29). E, se disse que sofrer por Cristo é um dom dos Seus eleitos, é porque, como diz noutra parte: «Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há-de revelar-se em nós» (Rom 8,18).

Paz e Bem!

Publicado por Frei Fernando Maria em 06/02/2009 às 13h39
 
04/02/2009 11h35
DE ONDE LHE VEM ISTO?

São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja - Meditações sobre a vida de Cristo; Opera omnia, t. 12, pp. 530 ss. (trad. Bouchet, Lectionaire, p. 66)
 

«De onde é que isto Lhe vem? [...] Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria?»
 

O Senhor Jesus, regressando do Templo e de Jerusalém a Nazaré com seus pais, morou com eles até à idade de trinta anos «e era-lhes submisso» (Lc 2,51). Não se encontra nas Escrituras o que é que Ele fez durante todo este tempo, o que parece bastante surpreendente. [...] Mas, se olharmos com atenção, veremos claramente que, não fazendo nada, fazia maravilhas.
 

Cada um dos Seus gestos revela, com efeito, o Seu mistério. E, como agia com poder, também Se calou com poder, permanecendo recolhido na obscuridade com poder. O Mestre soberano, que nos vai ensinar os caminhos da vida, começa desde a Sua juventude a fazer obras de poder, mas de uma forma surpreendente, incógnita e inconcebível, parecendo aos olhos dos homens inútil, ignorante, e vivendo no opróbrio. [...]
 

Ele apreciava cada vez mais esta maneira de viver, a fim de ser julgado por todos como um ser pequeno e insignificante; isto fora anunciado pelo profeta, que dissera em seu nome: «Eu sou um verme e não um homem» (Sl 21,7). Vês, portanto, o que Ele fazia, não fazendo nada. Tornava-se desprezível [...]; acreditas que isso era pouca coisa? Seguramente, não era Ele que tinha necessidade disso, mas nós.
 

Não conheço nada mais difícil nem mais grandioso. Parece-me que chegaram ao mais alto grau aqueles que, de todo o seu coração e sem fingimento, se possuem suficientemente para não procurarem nada de outrem senão ser desprezados, não contar para nada e viver num abaixamento extremo. É uma vitória maior que a tomada de uma cidade.
 

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 04/02/2009 às 11h35



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