O sofrimento é uma realidade vivida por todos e em todos os tempos; já no ato do nascimento ele se faz presente em mãe e filhos. Logo, percebemos que a vida sem sofrimento é impossível. Existem os sofrimentos físicos e espirituais. Os físicos muitas vezes são reflexos dos espirituais, dependem do estado de alma vivido por cada pessoa.

O pior de todos os sofrimentos é aquele causado pelo pecado, ele é o motivo da ruína de muitos, pois, nele perde-se a graça santificante, a alma fica angustiada e a vida torna-se um tormento; chama-se: estado de morte ou morbidez, por causa da ausência do amor de Deus. Além da angustia, ele pode causar depressão, insônia, insatisfação, opressão, síndrome do pânico e outros males terríveis.

Existe ainda um sofrimento, diferente de todos os outros, é o sofrimento salutar, ou seja, de salvação. Nele a alma sofre por amor, e a isso chamamos: provação ou desafia de fé. Ele aparece nos Atos do Apóstolos: "Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações". (At 14,22)

Ainda são Tiago: “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem
fraqueza alguma”. (Tg 1,2-4).

O exemplo mais relevante de sofrimento que temos é o de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele, o Justo, Santo, Inocente; Cordeiro Imaculado, Imolado...entregou a sua vida para nos resgatar, nos livrar do pecado; deu-se em Sacrifício por amor para nos preservar da morte, para que tivéssemos a vida eterna.

A esse respeito escreveu São Pedro: “Com efeito, é coisa agradável a Deus sofrer contrariedades e padecer injustamente, por motivo de consciência para com Deus. Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus. Ora, é para isto que fostes chamados. Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os seus passos.Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca (Is 53,9).

Ele, ultrajado, não retribuía com idêntico ultraje; ele, maltratado, não proferia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados (Is 53,5). Porque éreis como ovelhas desgarradas, mas agora retornastes ao Pastor e guarda das vossas almas”. (1Pe 2,19-25)

Paz e Bem!

O sentido da vida depende da motivação que temos pra viver. Alguns são movidos pelos interesses: só interessa aquilo que "tem importância"; fora desse interesse, nada importa. Outros são motivados pelos instintos, pela busca de satisfação, seja qual for o calão. E assim passam pela vida, mas sem destino certo, por isso não esperam nada além da morte.

Ora, o cristão é alguém movido pelo Espírito Santo, seus interesses são os interesses de Deus; toda a sua vida está em função da glória do Senhor, por isso, se dedica à perfeição existencial pela prática das virtudes e cresce na graça, na sabedoria e no conhecimento do Altíssimo. Para quem vive a dimensão da fé, a vida já é eterna, ou seja, aqui se experimenta o que é do alto, o que vem de Deus.

"Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis". (Gl 5,16-17).

“Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra.
Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória.

Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes. Outrora também vós assim vivíeis, mergulhados como estáveis nesses vícios.

Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros. Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. (Col 3,1-10).

Viver a vida em função do Reino dos Céus é dar a Deus o que é Dele: nossa vida, interesses, tempo e dedicação.

Paz e Bem!

“Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos”.

Eis a vontade de Deus a nosso respeito, precisamos corresponder a ela, ou seja, querer sempre o que o Senhor quer; ser o que somos aos seus olhos e nada mais. E aos seus olhos somos filhos e filhas.

Com efeito, estamos a caminho do Reino de Deus e sua Justiça, mas neste percurso encontramos às vezes muitos empecilhos que tentam nos tirar o galardão de sua glória. Creio que seja o mal tentando incutir em nossas mentes a desordem que ele carrega consigo. Por isso, precisamos nos defender com a arma poderosa que Deus nos deu: a renúncia.

Renunciar é querer somente aquilo que o Senhor nos concede como fonte de salvação. Pela obediência a Deus, renunciamos a tudo o que o mal nos sugere como satisfação, que na realidade é uma armadilha para nos derrubar do estado de graça; toda alma obediente goza da verdadeira liberdade, àquela que vem de Deus e nos faz santos como Ele é Santo.

Cristo obedeceu até a morte e morte de cruz, porque preferiu a Vontade do Pai a cima de todas as coisas. "Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade". (2Cor 3,17)

Todo filho ou filha obediente é intocável e inatacável, porque vive sob a proteção divina.

Paz e Bem!

Todos nós temos senso de responsabilidade e por causa dele nos preocupamos com os afazeres, com as pessoas e tudo o que diz respeito à nossa vida. Deus também tem o Seu Senso de Responsabilidade sobre nós, mas é preciso correspondermos a esse cuidado divino para conosco, pois sua Vontade está sempre à nossa disposição, seja qual for a situação.

Vejamos alguns exemplos de correspondência ao Pai: O primeiro é o exemplo de Cristo: justo, inocente, verdadeiro, pleno de todas as virtudes do Espírito; ao contrário, seus algozes: invejosos, mentirosos, corruptos, falsos, homicidas cruéis, etc. Em meio ao terrível sofrimento de cruz, causado por estes, Deus fez brilhar a sua glória e vontade, com a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.

Outro exemplo: Santo Inácio de Antioquia, prestes a ser martirizado pelas feras disse: “Deixem-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho que ser triturado pelos dentes das feras, para tornar-me pão puro de Cristo”.

E ainda São Paulo: “Estou pregado à cruz de Cristo.
Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gl 2,19b-20).

Baseados nesses exemplos percebemos que não estamos sozinhos, mas com Deus que nos deu a vida e cuida de nós muito mais do que possamos imaginar.

"Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus". (Fl 4,6-7)

Paz e Bem!

A vigilância espiritual é o meio pelo qual detectamos as vias da tentação em nós e combatemos pela oração o pecado que quer nos derrubar dos bons propósitos. Quando Jesus nos ensina: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca". (Mt 26,41) Ele quer dizer que estamos em meio a uma batalha contra nós mesmos. São Francisco também nos ensina o seguinte: "O pior inimigo do homem é ele mesmo; vence-te a ti mesmo e vencerás todos os inimigos, visíveis e invisíveis."

“Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos iludais, pois, irmãos meus muito amados.” (Tg 1,13-16).

“Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas.” (Tg 1,17-18)

Constantemente somos alvos de nossas próprias armadilhas e nos desculpamos a nós mesmos dos nossos erros e pecados, quando pensamos: "Vou me arriscar se pecar procuro um sacerdote e confesso". O fato é que uma vez o pecado praticado, deixa sua terrível marca, manchando nossa alma e nossa dignidade de filhos e filhas de Deus, nos levando para a infelicidade e o vazio existencial, nos afastando totalmente da piedade e da paz interior.

Ora, não basta sabermos tudo isso "de cor", precisamos praticar a fim de que essa verdade se torne realidade concreta em nossa vida. Assim estaremos na comunhão e na paz do Senhor.


Paz e Bem!