FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
14/10/2009 22h49
SOBRE JULGAMENTO...
As Máximas dos Padres do Deserto (séculos IV e V)
Collection systématique, cap. 9 (a partir da trad. de SC 387, pp. 427ss.)
 
«Ai de vós, também, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos insuportáveis»
 
Um irmão que tinha pecado foi expulso da igreja pelo sacerdote; e o abba Bessarion levantou-se e saiu com ele, dizendo: «Eu também sou pecador» [...]
 
Certa vez, em Scété, um irmão cometeu uma falta. Convocou-se um conselho para o qual chamaram o abba Moisés, mas este recusou-se a comparecer. Então o padre mandou-lhe dizer: «Vem, porque toda a gente está à tua espera». Ele levantou-se, pegou numa cesta rota, encheu-a de areia, colocou-a aos ombros e foi assim. Os outros, que saíram ao seu encontro, perguntaram-lhe: «Que é isso, pai?» O ancião respondeu: «Os meus pecados vão-se derramando atrás de mim e eu nem consigo vê-los; e, no entanto, vim aqui hoje julgar os pecados de outrem». Ouvindo isto, não disseram nada ao irmão, mas perdoaram-lhe.
 
O abba Joseph perguntou ao abba Poemen: «Diz-me o que devo fazer para me tornar monge». O ancião respondeu: «Se queres encontrar repouso aqui e no mundo que há de vir, repete continuamente: «Quem sou eu?» E não julgues ninguém».
 
Um irmão perguntou ao mesmo abba Poemen: «Se eu vir um pecado do meu irmão, será correto ocultá-lo?» O ancião respondeu-lhe: «Enquanto escondermos os pecados dos nossos irmãos, também Deus esconde os nossos; a partir do momento em que manifestamos as faltas dos irmãos, Deus manifesta também as nossas».
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 14/10/2009 às 22h49
 
12/10/2009 10h09
PROGREDIR NA PERFEIÇÃO
São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge e bispo
Homilia sobre o Cântico dos Cânticos (a partir da trad. de Migne 1992, p.40 rev.)
 
«Aqui está quem é maior do que Salomão!»
 
O texto do Cântico dos Cânticos de Salomão apresenta a alma como uma noiva, preparada para uma união incorpórea, espiritual e sem mancha com Deus. Aquele que «deseja que todos os homens se salvem e conheçam a verdade» (1Tim 2, 4) expõe assim o meio mais completo, o feliz meio de alcançar a salvação, a saber, aquele que passa pelo amor.
 
Há quem encontre a salvação no temor, evitando fazer o mal pela consideração dos castigos que nos ameaçam na geena. Há também quem leve uma vida de retidão e de virtude porque tem a esperança de receber o salário reservado àqueles que tiveram uma existência piedosa; estes agem, não por amor do bem, mas com a esperança de serem recompensados.
 
Ora, para avançarmos na perfeição, temos de começar por expulsar da alma o temor; é uma atitude servil não estarmos vinculados ao mestre apenas por amor. [...] Não amamos com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças (Mc 12, 30) um dos dons com os quais somos recompensados, mas Aquele que é a própria fonte destes bens. Assim deve ser a alma segundo a palavra de Salomão. [...]
 
Julgas que evoco o Salomão, o filho de Bersabéia, que no alto da montanha sacrificou mil bois e que, a conselho de sua mulher estrangeira, cometeu um pecado? Não. Estou a pensar noutro Salomão, naquele que também nasceu de David segundo a carne, e que tem por nome «paz», pois o nome de Salomão significa «homem de paz». Esse é o verdadeiro Rei de Israel, o construtor do Templo de Deus, o detentor do conhecimento universal, Aquele cuja sabedoria é incomensurável - mais ainda, que é por essência sabedoria e verdade, cujo nome e cujo pensamento são perfeitamente divinos e sublimes.
 
Ele serviu-Se de Salomão como de um instrumento; é Ele que, através da voz de Salomão, Se dirige a nós, primeiro nos Provérbios, depois no Eclesiastes, e depois no Cântico dos Cânticos, apresentando assim à nossa reflexão, com ordem e método, a forma de progredir com vista à perfeição.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 12/10/2009 às 10h09
 
11/10/2009 10h37
"TERÁS UM TESOURO..."
São João Crisóstomo (c. 345-407), Bispo de Antioquia e, mais tarde, de Constantinopla, Doutor da Igreja. Homilia 63 sobre São Mateus; PG 58,603 (trad. cf. Marc commenté, DDB 1986, p. 104)
 
«Terás um tesouro no Céu»
 
Cristo tinha dito ao jovem: «Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos» (Mt 19, 17). E ele pergunta: «Quais?», não para O pôr à prova, longe disso, mas por supor que o Senhor tem para ele, a par da Lei de Moisés, outros mandamentos que lhe proporcionem a vida; era uma prova do seu desejo ardente. Depois de Jesus lhe enunciar os mandamentos da Lei, o jovem diz-Lhe: «Tenho cumprido tudo isso»; mas prossegue: «Que me falta ainda?» (Mt 19, 20), sinal certo desse mesmo desejo ardente. Não são as almas pequenas as que consideram que ainda lhes falta alguma coisa, aquelas a quem parece insuficiente o ideal proposto para alcançarem o objeto dos seus desejos.
 
E que diz Cristo? Propõe-lhe uma coisa grande; começa por propor-lhe a recompensa, declarando: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-Me». Vês o preço, a coroa que Ele oferece como prêmio desta corrida desportiva? [...] Para o atrair, propõe-lhe uma recompensa de grande valor e apresenta-lhe o cenário completo.
 
Aquilo que poderia parecer penoso permanece na sombra. Antes de falar de combates e de esforços, mostra-lhe a recompensa: «Se queres ser perfeito», diz-lhe: eis a glória, eis a felicidade! [...] «Terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-Me»: eis a soberba recompensa daqueles que seguem a Cristo, daqueles que escolhem ser Seus companheiros e Seus amigos! Este jovem apreciava as riquezas da terra; Cristo aconselha-o a despojar-se delas, não para empobrecer com este despojamento, mas para enriquecer ainda mais.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 11/10/2009 às 10h37
 
09/10/2009 08h26
A FORÇA DA VERDADE
Santo [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho
CE 33 (a partir da trad. Une pensée, Médiaspaul 1991, p. 56)
 
O local do combate espiritual
 
O local do combate entre Deus e Satanás é a alma humana em cada instante da vida. É por conseguinte necessário que a alma dê livre acesso ao Senhor, para que Ele a fortaleça de todas as maneiras e através de todo o tipo de armas. Deste modo a Sua luz pode vir iluminá-la para melhor combater as trevas do erro.

Revestida de Cristo (Gal 3, 27), da Sua verdade e da Sua justiça, protegida pelo escudo da fé e pela palavra de Deus, ela vencerá os seus inimigos por muito poderosos que eles sejam (Ef 6, 13ss.). Mas, para se ficar revestido de Cristo, é necessário morrer para si mesmo.
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 09/10/2009 às 08h26
 
05/10/2009 09h57
FRANCISCO DE ASSIS: PLENAMENTE HUMANO
FRANCISCO DE ASSIS: PLENAMENTE HUMANO
 
Nestes dias estamos comemorando o Pobrezinho de Assis, uma pessoa tão reconciliada consigo mesmo, com Deus e com as criaturas que acaba por extrapolar os confins do mundo católico, para ser atrativo a outros cristãos e a outras pessoas.

Gosto sempre de recordar como fiquei impressionado quando visitei Assis pela primeira fez. Era o ano 1996 e eu fiquei estupefato com o grande número de budistas que estavam em oração silenciosa na tumba de Francisco. Enquanto os cristãos faziam barulho nas basílicas superiores, eles estavam lá, não para encontrar-se com a arte, mas para se encontrarem com Francisco.


Depois, ao longo dos anos, eu fui me deixando atrair sempre mais por esta figura. Primeiramente, foi lendo os Fioretti que fiquei encantado por Francisco, a ponto de pedir para entrar no postulantado do Jardim da Imaculada. Depois, sobretudo a formação do noviciado, me moveram para aceitar plenamente este homem e sua espiritualidade. Acredito que a isto eu devo ter suportado uma série de coisas.


É interessante porque quando se lê as biografias medievais, elas tendem a fazer uma imagem do santo tão angelical que acabam produzindo no leitor o sentimento de que é impossível chegar a ser assim. Devemos reconhecer que esta tendência está presente na hagiografia de Francisco, mas ao mesmo tempo deixa escapar um Francisco muito humano, simpático, dócil, terno e vigoroso. Francisco é um santo simpático, não é como alguns que nos provocam uma distância quando queremos conhecer a sua vida.


A sua grandeza nos coloca diante do imenso desafio que é atualizar o seu carisma no mundo de hoje. Na verdade penso que diante de pessoas grandes tendemos somente a repetir os gestos e formas, pois é muito difícil conseguirmos entender o essencial da sua vida. Aqui está o desafio, sempre mais instigante, para os filhos de Francisco: fazer com que a nossa vida transpareça o carisma de Francisco, sem aprisionar este carisma, que pode e deve ser vivido fora das instituições franciscanas.


Se pensarmos nos grandes desafios da modernidade: ecumenismo, diálogo, ecologia, justiça, paz, etc., e nos eternos sonhos da humanidade: encontro com Deus, auto-reconciliação, fraternidade, etc., veremos que no Irmão de Assis encontraremos uma resposta, uma direção a ser seguida, e que após tantos séculos permanece valida para nós hoje.


Que o Santo de Assis e do mundo todo nos ajude na vocação comum de seguir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paz e Bem!

 
Frei João Benedito,OFMConv.
 
Fonte: http://frjoaobenedito.blogspot.com/
 

Publicado por Frei Fernando Maria em 05/10/2009 às 09h57



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