01/09/2009 21h35
COMBATENDO CONTRA O MAL
Diádoco de Foticeia (c. 400-?), bispo Cem Capítulos Sobre o Conhecimento, 78-80, da Filocalia (tradução a partir da de Bellefontaine 1987, t. 8, p. 159 rev.) «Cala-te e sai desse homem!» O Batismo, banho de santidade, lava as manchas do pecado, mas não altera a dualidade da nossa vontade e não impede que os espíritos do mal nos combatam ou nos enredem nas suas ilusões. [...] Mas a graça de Deus tem a sua morada na profundidade da alma, ou seja, no entendimento. Com efeito, diz-se que a filha do rei e as donzelas suas amigas «avançam com alegria e júbilo e entram com alegria no palácio real» (Sl 44, 16): entram para o interior, não se mostram aos demônios. Por isso, quando nos recordamos de Deus com fervor, sentimos brotar o desejo do divino do fundo do nosso coração. Mas, nessa altura, os espíritos malignos atacam os sentidos corporais e aí se ocultam, aproveitando o relaxamento da carne. [...] Desta forma, o nosso interior, como diz o divino apóstolo Paulo, rejubila continuamente na lei do Espírito (Rom 7, 22), mas os sentidos desejam deixar-se levar pela propensão para os prazeres [...]. «A luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam» (Jo 1, 5) [...]: o Verbo de Deus, verdadeira Luz, no Seu incomensurável amor pelo Homem, considerou oportuno manifestar-Se à Criação em carne e osso, acendendo em nós a luz do Seu conhecimento divino. O espírito do mundo não acolheu o desígnio de Deus, isto é, não O reconheceu. [...] No entanto, como maravilhoso teólogo, o evangelista João acrescenta: «O Verbo era a luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina. Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não O reconheceu. Veio para o que era Seu e os Seus não O receberam. Mas, a quantos O receberam, aos que Nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (vv. 9-12). [...] Quando diz que o mundo não recebeu a verdadeira Luz, o evangelista não se refere a Satanás, que lhe é estranho, visto que A rejeitou desde o início. Com esta afirmação, São João acusa justamente os homens que compreendem os poderes e as maravilhas de Deus mas, devido aos corações obscurecidos, não se querem aproximar da claridade do Seu conhecimento. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 01/09/2009 às 21h35
31/08/2009 13h33
APRENDEI DE MIM
São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja Meditações sobre a vida de Cristo; Opera omnia, t. 12, pp. 530ss. (a partir da trad. Bouchet, Lectionnaire, p. 67 rev.) «Não é este o filho de José?» Parecem ter alcançado o grau mais alto esses que, com todo o coração e sem fingimento, são de tal maneira senhores de si, que nada mais procuram do que ser desprezados, não ser tidos em conta e viver na humildade. [...] Enquanto não chegardes aí, pensai que nada fizestes. Com efeito, como somos todos «servos inúteis», nas palavras do Senhor (Lc 17, 10), mesmo que façamos tudo bem, enquanto não alcançarmos este grau de humildade não estaremos na verdade, mas estaremos e caminharemos na vaidade. [...] Sabes também que o Senhor Jesus começou por fazer antes de ensinar. Mais tarde, haveria de dizer: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). E quis praticá-lo realmente, sem fingimento. Fê-lo de todo o coração, como era manso e humilde de todo o coração e em verdade. Nele não havia dissimulação (cf. 2Cor 1, 19). Estava de tal maneira mergulhado na humildade, no desprezo e na abjeção, aniquilara-Se de tal maneira aos olhos de todos, que quando começou a pregar e a anunciar as maravilhas de Deus, e a fazer milagres e coisas admiráveis, ninguém Lhe dava valor, antes O desprezavam e troçavam Dele dizendo: «Não é este o filho do carpinteiro?», e outras coisas parecidas. Assim se cumpre a palavra de São Paulo: «Aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo» (Fil 2, 7), e não apenas de servo comum, pela encarnação, mas de um servo inútil, através da Sua vida humilde e desprezada. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 31/08/2009 às 13h33
29/08/2009 08h40
E JOÃO FOI MARTIRIZADO...
São Beda, o Venerável (c. 673-735), monge, Doutor da Igreja
Hino ao Martírio de São João Baptista; PL 94, 630 Precursor na morte como na vida Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade, João Baptista, tocha de Cristo, torna-se evangelista da Luz eterna. O testemunho profético que não cessou de dar com a sua mensagem, com toda a sua vida e a sua actividade, assinala-o hoje com o seu sangue e o seu martírio. Sempre tinha precedido o Mestre: ao nascer, anunciara a Sua vinda a este mundo. Ao baptizar os penitentes do Jordão, tinha prefigurado Aquele que vinha instituir o Seu baptismo. E a morte de Cristo redentor, seu Salvador, que deu a vida ao mundo, também João Baptista a viveu antecipadamente, derramando o seu sangue por Ele, por amor. Bem pode um tirano cruel metê-lo na prisão e a ferros; em Cristo, as correntes não conseguem prender aquele que um coração livre abre para o Reino. Como poderiam a escuridão e as torturas de um cárcere sombrio dominar aquele que vê a glória de Cristo, e que recebe Dele os dons do Espírito? Voluntariamente oferece a cabeça ao gládio do carrasco; como pode perder a cabeça aquele que tem a Cristo por seu chefe? Hoje sente-se feliz por completar o seu papel de precursor com a sua partida deste mundo. Aquele de Quem dera testemunho em vida, Cristo que vem e que já aqui está, hoje o proclama a sua morte. Poderia a mansão dos mortos reter esta mensagem que lhe foge? Alegram-se os justos, os profetas e os mártires, que com ele vão ao encontro do Salvador. Todos eles rodeiam João com amor e louvores. E com ele suplicam a Cristo que venha finalmente ter com os Seus. Oh grande precursor do Redentor! Ele não tarda, Aquele que te libertará para sempre da morte. Conduzido pelo teu Senhor, entra na glória com os santos! Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 29/08/2009 às 08h40
28/08/2009 08h47
QUEM ESTÁ PRONTO?
São Bernardo (1091-1153), monge cistercense e Doutor da Igreja 2º sermão para o 1º dia da Quaresma, 5; PL 183, 172-174 (a partir da trad. Bouchet, Lectionnaire, p. 143) «Cria em mim, ó Deus, um coração puro» (Sl 50, 12) «Rasgai os vossos corações, e não as vossas vestes», diz o profeta (Jl 2, 13). Qual de entre vós tem uma vontade particularmente submissa à teimosia? Que rasgue o seu coração com a espada do Espírito, que não é outra senão a Palavra de Deus. Que o rasgue e o reduza a pó, porque ninguém pode converter-se ao Senhor se não com o coração quebrado. [...] Escuta um homem que Deus encontrou de acordo com o Seu coração: «O meu coração está firme, ó Deus, o meu coração está firme» (Sl 56, 8). Está firme para a adversidade, está firme para a prosperidade, está pronto para as coisas humildes, está pronto para aquelas que são elevadas, está pronto para o que ordenares. [...] «O meu coração está firme, ó Deus, está firme o meu coração». Quem está, como David, pronto a partir, a entrar e a caminhar segundo a vontade do Rei? Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 28/08/2009 às 08h47
28/08/2009 08h46
PREPARAI-VOS...POIS O NOIVO JÁ VEM!
São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo e Doutor da Igreja Sobre o Santo Baptismo, Discurso 40, 46; PG 36, 425 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 154) «Aí vem o noivo!» Imediatamente após o teu batismo, ficarás de pé diante do grande santuário para significar a glória do mundo que está para vir. O canto dos salmos que te acolherá é o prelúdio dos louvores celestes. As candeias que acenderás prefiguram esse cortejo de luzes que conduzirá ao noivo as nossas almas resplandecentes e virgens, munidas das candeias brilhantes da fé. Tenhamos o cuidado de não nos abandonarmos ao sono, por descuido, não vá Aquele que esperamos surgir de improviso sem que O tenhamos visto chegar. Não nos deixemos ficar sem provisões de azeite e de boas obras, não aconteça que sejamos excluídos da sala de núpcias. [...] O noivo entrará com grande pressa. As almas prudentes entrarão com Ele. As outras, atarefadas, a preparar as suas candeias, não disporão de tempo para entrar e serão deixadas de fora, no meio das lamentações. Só demasiado tarde se darão conta do que perderam devido ao seu descuido. [...] Elas assemelhar-se-ão também àqueles convidados para as núpcias que um nobre pai celebra em honra de um noivo nobre e que se recusam a tomar parte nelas: um, porque acabava de se casar; outro porque acabava de comprar um campo; um terceiro porque adquirira uma parelha de bois (Lc 14, 18ss.). [...] Porque não há lugar no céu para o orgulhoso e o descuidado, para o homem sem vestes convenientes, que não usa o traje de núpcias (Mt 22, 11), ainda que na terra ele fosse considerado digno do esplendor celeste, e se tivesse introduzido furtivamente no grupo dos fiéis, alimentado de falsas esperanças. Que acontecerá em seguida? O Noivo sabe o que nos ensinará quando estivermos no céu e sabe que relações estabelecerá com as almas que aí tenham entrado com Ele. Creio que viverá em sua companhia e lhes ensinará os mistérios mais perfeitos e mais puros. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 28/08/2009 às 08h46
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