04/02/2009 11h35
DE ONDE LHE VEM ISTO?
São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja - Meditações sobre a vida de Cristo; Opera omnia, t. 12, pp. 530 ss. (trad. Bouchet, Lectionaire, p. 66) «De onde é que isto Lhe vem? [...] Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria?» O Senhor Jesus, regressando do Templo e de Jerusalém a Nazaré com seus pais, morou com eles até à idade de trinta anos «e era-lhes submisso» (Lc 2,51). Não se encontra nas Escrituras o que é que Ele fez durante todo este tempo, o que parece bastante surpreendente. [...] Mas, se olharmos com atenção, veremos claramente que, não fazendo nada, fazia maravilhas. Cada um dos Seus gestos revela, com efeito, o Seu mistério. E, como agia com poder, também Se calou com poder, permanecendo recolhido na obscuridade com poder. O Mestre soberano, que nos vai ensinar os caminhos da vida, começa desde a Sua juventude a fazer obras de poder, mas de uma forma surpreendente, incógnita e inconcebível, parecendo aos olhos dos homens inútil, ignorante, e vivendo no opróbrio. [...] Ele apreciava cada vez mais esta maneira de viver, a fim de ser julgado por todos como um ser pequeno e insignificante; isto fora anunciado pelo profeta, que dissera em seu nome: «Eu sou um verme e não um homem» (Sl 21,7). Vês, portanto, o que Ele fazia, não fazendo nada. Tornava-se desprezível [...]; acreditas que isso era pouca coisa? Seguramente, não era Ele que tinha necessidade disso, mas nós. Não conheço nada mais difícil nem mais grandioso. Parece-me que chegaram ao mais alto grau aqueles que, de todo o seu coração e sem fingimento, se possuem suficientemente para não procurarem nada de outrem senão ser desprezados, não contar para nada e viver num abaixamento extremo. É uma vitória maior que a tomada de uma cidade. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 04/02/2009 às 11h35
25/01/2009 02h55
DESPOJAMENTO
Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa Para a primeira profissão de sua irmã Myriam (trad. Source caché, p. 255) «Deixando logo as redes, seguiram-No» Aquele que se deixa conduzir como uma criança pelo vínculo da santa obediência chegará ao Reino de Deus prometido «às criancinhas» (Mt 19,14). Esta obediência conduziu Maria, a filha de rei, da casa de David, para a modesta casa do humilde carpinteiro de Nazaré; conduziu os dois seres mais santos do mundo para fora do recinto protetor do seu humilde lar, pelas grandes estradas, até ao estábulo de Belém. A obediência depositou o Filho de Deus na manjedoura. Na pobreza, livremente escolhida, o Salvador e Sua mãe percorreram os caminhos da Judéia e da Galileia e viveram da esmola dos que acreditavam. Nu e despojado, o Senhor foi suspenso da cruz e entregou ao discípulo amado a proteção de sua mãe. (Jo 19,25ss.). Eis o motivo por que Ele pede a pobreza àqueles que O querem seguir. O coração deve estar livre de tudo o que o prende aos bens terrenos, não deve desejá-los, não deve inquietar-se, nem deles depender, se quer pertencer totalmente ao Esposo divino. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 25/01/2009 às 02h55
24/01/2009 13h05
CRISTO ALIMENTA-NOS COM A PALAVRA E O PÃO
Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV (trad. Ravinaud/Driot, Médiaspaul 1984, p. 237) Livro IV, capítulo 11, 3-5 Tu me és testemunha, ó Deus, de que nenhuma coisa me pode consolar, nenhuma criatura dar repouso, senão Tu, meu Deus, a Quem desejo contemplar eternamente. Mas tal não é possível enquanto eu viver neste estado mortal. [...] Até lá, terei os livros sagrados por consolação e espelho de vida, e sobre tudo isto o Teu santíssimo Corpo por único remédio e refúgio. E, na verdade, sinto que duas coisas me são sobretudo necessárias neste mundo, sem as quais esta vida miserável se me tornaria impossível. Prisioneiro no cárcere deste corpo, confesso faltarem-me duas coisas: alimento e luz. E assim me deste, a mim, fraco, o Teu sagrado Corpo, para refeição do espírito e do corpo e «a Tua palavra é qual farol para os meus passos e uma luz para meus caminhos» (Sl 118, 105). Sem estas duas coisas, não poderia viver bem: a Palavra de Deus, luz da minha alma, e o Teu sacramento, Pão da Vida. Ambos se podem comparar também a duas mesas, postas dum e doutro lado do tesouro da Santa Igreja. Uma das mesas é a do altar sagrado, que tem o Pão santo, ou seja, o precioso Corpo de Cristo; a outra é a da Lei divina, que contém a doutrina santa, instruindo na verdadeira fé e conduzindo com firmeza para além do último véu, onde está o Santo dos Santos. [...] Graças a Ti, Criador e Redentor dos homens, que, para mostrares a todo o mundo a Tua caridade, preparaste a grande ceia, na qual ofereceste para comer, não o cordeiro simbólico, mas o Teu santíssimo Corpo e Sangue, e alegras todos os fiéis com o sagrado banquete, inebriando-os com o cálice da salvação, onde se encontram todas as delícias do paraíso. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 24/01/2009 às 13h05
23/01/2009 23h59
A FELICIDADE
A felicidade é uma dádiva do amor de Deus para nós, pois, foi para sermos felizes que o Senhor nos criou. De fato, ser feliz é um dom de Deus e o mais sublime, porque por meio desse dom alcançamos aquilo que Deus É e quer nos dar para sempre. Ninguém é feliz e satisfeito cem por cento com o que tem; nem com o que pode ou sente em si e das criaturas, porque somos limitados; nada do que vemos ou temos, nos basta; nosso maior desejo é o desejo de Deus. Por maior que seja a fortuna; por maior que seja o prazer ou a fama; nada disso nos completa ou realiza totalmente; porque diante de uma doença incurável ou mesmo da "morte", tudo se esvai; de nada adianta o que se acumulou de bens materiais ou status social, nesse instante. Então, onde reside a nossa esperança de Felicidade Eterna? Unicamente em Deus, nossa Fonte de Alegria permanente, nosso Oasis de paz. “Pois, só em Deus a nossa alma tem repouso, porque Dele é que nos vem a salvação. Ele é meu rochedo, meu abrigo onde encontro segurança”. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 23/01/2009 às 23h59
23/01/2009 00h47
"CHAMOU OS QUE ELE QUERIA"
Concílio Vaticano II Constituição Dogmática sobre a Igreja, «Lumen Gentium», §§ 18-20 «Chamou os que Ele queria» Este sagrado Concílio, seguindo os passos do Concílio Vaticano I, com ele ensina e declara que Jesus Cristo, pastor eterno, edificou a Igreja enviando os apóstolos como Ele fora enviado pelo Pai (Jo 20, 21); e quis que os sucessores deles, os bispos, fossem pastores na Sua Igreja até ao fim dos tempos. Mas, para que o mesmo episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão. [...] O Semhor Jesus, depois de ter orado ao Pai, chamando a Si os que Ele quis, elegeu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregarem o Reino de Deus (Mc 3, 13-19; Mt 10, 1-42); constituiu estes apóstolos em colégio, ou grupo estável, e deu-lhes como chefe Pedro, escolhido de entre eles (Jo 21, 15-17). Enviou-os primeiro aos filhos de Israel e, depois, a todos os povos (Rom 1, 16), para que, participando do Seu poder, fizessem de todas as gentes discípulos Seus e as santificassem e governassem (Mt 28, 16-20; Mc 16, 15; Lc 24, 45-48; Jo 20, 21-23), e deste modo propagassem e apascentassem a Igreja, servindo-a, sob a direcção do Senhor, todos os dias até ao fim dos tempos (Mt 28, 20). No dia de Pentecostes, foram plenamente confirmados nesta missão (Act 2, 1-26), segundo a promessa do Senhor: «Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra» (Act 1, 8). E os apóstolos, pregrando por toda a parte o Evangelho (Mc 16, 20), recebidos pelos ouvintes graças à acção do Espírito Santo, reúnem a Igreja universal que o Senhor fundou sobre os apóstolos e levantou sobre o bem-aventurado Pedro, seu chefe, sendo Jesus Cristo a suma pedra angular (Apoc 21, 14; Mt 16, 18; Ef 2, 20). A missão divina confiada por Cristo aos apóstolos durará até ao fim dos tempos (Mt 28, 20), uma vez que o Evangelho que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio de toda a vida na Igreja. Paz e Bem! Publicado por Frei Fernando Maria em 23/01/2009 às 00h47
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