É fato, constatado em nossa experiência humana, que pouco ou nada estamos satisfeitos com o que somos, temos e vivemos. Isso ocorre porque queremos satisfações imediatas ou meramente instintivas e, no mais das vezes, nos frustramos, porque tais satisfações nunca preenchem o anseio da alma, que deseja algo que seja permanente.

Ocorre que não somos apenas nervos e carne; não podemos esquecer que temos uma alma e que a verdadeira satisfação é de ordem espiritual e não apenas física. Porque só Deus nos basta e é Dele que nos vem a salvação.

Querer satisfação fora do Senhor é perder o sentido da vida, é emaranhar-se nos labirintos egoístas da concupiscência humana e morrer de tédio por não gozar das delícias do Senhor que nos vem pela fé. “O justo vive da fé”, porque por meio dela comungamos com a Vontade de Deus pelo Espírito Santo do qual somos templos.

Viver a dimensão salvífica de Cristo é viver como novas criaturas que no dia eterno experimentarão a plenitude da verdadeira satisfação.

Paz e Bem!

Porque somos filhos e filhas da Verdade, esta deve sempre ser o fundamento de todas as nossas ações. Somos tentados constantemente a perdermos esse valor eterno, seja pelas palavras, atos ou omissões; seja ainda pelo falso testemunho que aliado ao comodismo impregna a alma de preguiça e desmotivação.

Desse modo, quando envolvidos pela mentira, muitos cristãos encontram mil desculpas para não servir e amar o Senhor prontamente. E vivem mendigando as sobras das trevas quer pelo apego às coisas e pessoas; quer pela dependência psíco-sentimental; quer pelo vazio existencial, causado pelo não compromisso com o Senhor e o Seu Reino de Amor.

É por isso que vemos tantos “cristãos” se lamentando, murmurando, criticando ou condenando seus irmãos de fé; pessoas insatisfeitas, nada dá certo, reclamam de tudo e de todos e nem o próprio Deus escapa dessas línguas maldizentes. Quem cultiva essa espécie de mostro da fé, termina tragado pela infidelidade ou indiferença.

“Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros. Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração”. (Rm 12,9-12).

"Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo". (Mt 6,33)

O valor das pequenas coisas está nelas mesmas, porque elas são o meio pelo qual atingimos as grandes. É a fidelidade em reconhecer esse valor que nos faz experimentar o poder da pedagogia divina em nosso viver. Deus quando deu início à Criação o fez partindo das pequenas coisas até atingir as mais perfeitas. Isso nos ensina que, quando imitamos o Criador em nossa conduta, aprendemos a amar, respeitar e fazer bem todas as coisas.

A ganância acompanhada da soberba e dos vícios tem sido a causa da ruína de muitos; por outro lado, a obediência revestida da humildade e da busca da santidade tem gerado a felicidade e a da vida plena dos filhos de Deus. Quem se aventura no seguimento de Cristo, faz de sua história uma história de salvação; testemunha a verdade porque vive dela e caminha pela estrada da verdadeira vida rumo ao Reino dos Céus.

"Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes". (Lc 16,10) Nós, filhos e filhas de Deus, precisamos viver essa Sabedoria visto que significa sermos conduzidos pelo Espírito Santo.

Paz e Bem!

Aprendemos frequentemente com os erros e acertos cotidianos. Porém, nesse aprendizado precisamos mudar a atitude de nossas almas frente às nossas fraquezas; porque quem age na vida a partir do próprio pecado ou dos pecados alheios, termina se ferindo e mergulhando a existência no rancor, mágua, ressentimentos, desavenças, intrigas e toda espécie de perturbação.

“Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria. Mas, se tendes no coração um ciúme amargo e gosto pelas contendas, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que vem do alto, mas é uma sabedoria terrena, humana, diabólica. Onde houver ciúme e contenda, ali há também perturbação e toda espécie de vícios. (Tg 3,13-16).

“A sabedoria, porém, que vem de cima, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”. (Tg 3,17-18).

Logo, um coração reconciliado com Deus e por Ele com os irmãos, é um coração fraterno que sabe cultivar a paz. Vive de fato segundo o amor de Deus e produz frutos eternos, pois o seu testemunho transborda para além das fronteiras de nossa natureza mortal.

Ser de Deus e pertencer a Ele é viver transparentemente sem apego algum; é experimentar as maravilhas da filiação divina que nos foi outorgada em nosso batismo. É ter um coração feito comunhão que vive realizando a Vontade de Deus por onde passa. É pensar e querer sempre o que Deus quer; é carregar a cruz sem medo, porque sabe que o desfecho dela é a ressurreição para a vida eterna.

Paz e Bem!

A vida nos surpreende a cada instante à medida em que a vivemos no seguimento de Cristo para a nossa salvação; também quando não seguimos o Senhor, somos surpreendidos por aquilo que os descaminhos deste mundo nos oferece.

No primeiro caso, somos envolvidos na atmosfera reveladora do Espírito Santo que nos faz participantes das maravilhas que Deus dispõe a nosso favor. No segundo, somos tragados pelas tragédias causadas pelo pecado que dizima o ser de quem o cultiva na seara de sua existência.

S. Paulo nos ensina: “Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz.
Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus”. (Rm 8,5-8).

"Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. "Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis".(Gl 5,16-17)

"Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne". De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus". (Rm 8,12-14)

Paz e Bem!