FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
22/08/2011 10h37
VIVEI PELA HUMILDADE

VIVEI PELA HUMILDADE

Doroteu de Gaza (c. 500-?), monge na Palestina - Instruções, I, § 8-9; SC 92

Deus chama-nos incessantemente à conversão

A bondade de Deus, como refiro frequentemente, não abandonou os que Ele criou, mas continua a voltar-se para eles e a lembrar-lhes: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei» (Mt 11,28). Isto é, estais cansados, estais infelizes, tivestes a experiência do mal da vossa desobediência. Vinde, convertei-vos; vivei pela humildade, vós que estáveis mortos devido ao orgulho. Devido o pecado. [...]

Oh, meus irmãos, o que não faz o orgulho, e que poder é o da humildade! Que necessidade havia de todos esses desvios? Se desde o início o homem tivesse permanecido humilde e tivesse obedecido a Deus [...], não teria caído. Mesmo após a queda, Deus ofereceu-lhe uma ocasião de se arrepender e de obter misericórdia; mas ele manteve-se orgulhoso.

Com efeito, Deus veio dizer-lhe: «Adão, onde estás» (Gn 3,9), ou seja: «De que glória caíste?» [...] Depois perguntou-lhe: «Porque pecaste? Porque desobedeceste?», querendo com isto que ele respondesse: «Perdoa-me». Mas [...] não encontrou nem humildade nem arrependimento, mas sim o contrário. O homem respondeu: «A mulher que me deste escarneceu de mim» (v. 12); não disse «a minha mulher» mas «a mulher que me deste», como quem diz: «o fardo que colocaste sobre a minha cabeça». E é assim, meus irmãos: quando um homem não aceita reconhecer que pecou, não receia acusar o próprio Deus.

Deus dirige-Se em seguida à mulher e pergunta-lhe: «Porque foi que, também tu, desobedeceste ao mandamento?», como se dissesse: «Tu, pelo menos, diz: Desculpa-me, para que a tua alma se humilhe e obtenha misericórdia». Mas [...] a mulher responde: «A serpente enganou-me» (v. 13), como que a dizer: «Se ele pecou, que culpa tenho eu?» Que dizeis, infelizes? [...] Reconhecei o vosso erro; tende piedade da vossa nudez! Mas nem um nem outro se dignou reconhecer que pecara.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 22/08/2011 às 10h37
 
18/08/2011 10h07
O FESTIM REAL

 

O FESTIM REAL

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo - Sermão 74

«Vinde às bodas»

«Tudo está preparado. Vinde às bodas». Os convidados, porém, desculparam-se, «foram um para o seu campo, outro para o seu negócio». No mundo inteiro são inúmeros aqueles que continuamente se empenham nessa agitação contínua de singulares afazeres. A cabeça fica a andar à roda com a quantidade prodigiosa de roupa, de comida, de construções e outras coisas tais, das quais metade apenas já seria suficiente.

Lutemos com todas as forças para fugir da exuberância de tais atividades e desdobramentos, para fugir de tudo o que não seja uma necessidade absoluta e recolhermo-nos em nós próprios e na nossa própria vocação, considerando onde, como e de que modo nos chama o Senhor; este à contemplação interior, aquele à ação pura e simples, aquele outro, bem acima dos outros dois, ao doce repouso interior no silêncio calmo das brumas divinas e na unidade do Espírito.

Se o homem chamado interiormente ao silêncio nobre e calmo na vacuidade da nuvem misteriosa (Cf. Ex 24, 18), apesar disso quiser por completo abster-se de quaisquer obras de caridade, não estará a agir bem, e como tal deverá fazê-las também segundo as circunstâncias a que tiver sido chamado [...]

«Abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas». Este festim representa o repouso interior no qual entramos se agirmos e fruirmos como o próprio Deus faz conSigo próprio, ativamente, e onde o Mestre, o Rei, é constantemente chamado a ser o supervisor. O Evangelho refere, no entanto, que Ele deu com um convidado sentado à mesa sem o traje nupcial vestido. Este não é mais do que a pura, verdadeira e divina caridade, que faltava ao tal conviva, essa intenção sincera de buscar a Deus excluindo todo o amor-próprio e tudo o que Lhe é estranho, a caridade que quer só aquilo que Deus quer. [...] Para alguns, essa intenção, esse amor, não pertencem pura e exclusivamente, no fundo da sua alma, a Deus, porque a si próprios se buscam. A esses diz o Senhor: Amigo, como entraste aqui sem o traje da verdadeira caridade? Pois buscam antes as dádivas de Deus do que o próprio Deus.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 18/08/2011 às 10h07
 
14/08/2011 11h34
NASCIDOS PELO ESPÍRITO PARA VIVERMOS EM CRISTO...

NASCIDOS PELO ESPÍRITO PARA VIVERMOS EM CRISTO...

Pelo Espírito sigamos o novo modo de viver em Cristo

O pecado de Adão passara para toda a raça: Por um homem, assim diz o apóstolo, entrou o delito e pelo delito, a morte; assim também a morte passou para todos os homens (Rm 5,12). Portanto é necessário que a justiça de Cristo também passe para o gênero humano. Como aquele, pelo pecado fez perecer sua raça, assim Cristo pela justiça vivificará todo o seu povo. 

O Apóstolo insiste: Como pela desobediência de um só muitos foram constituídos pecadores, assim pela obediência de um só muitos se constituem justos. Como reinou o delito para a morte, de igual modo reinará a graça pela justiça para a vida eterna (Rm 5,19.21).

Dirá alguém: “Mas havia motivo para o pecado de Adão passar aos seus descendentes, pois foram gerados por ele; e nós, será que somos gerados por Cristo para podermos ser salvos por ele?” Nada de pensamentos carnais. Já diremos de que modo somos gerados, tendo Cristo por pai. Nos últimos tempos, assumiu Cristo de Maria a alma com a carne. A ela veio salvar, não a abandonou nos infernos, uniu-a a seu Espírito, fazendo-a sua. São estas as núpcias do Senhor, a união a uma carne, para formarem, conforme o grande sacramento, de dois uma só carne, Cristo e a Igreja.

Destas núpcias nasce o povo cristão, com a vinda do alto do Espírito do Senhor. À substância de nossas almas une-se logo a semente celeste descida do céu e brotamos nas entranhas da mãe e, postos em seu seio, somos vivificados em Cristo. Daí dizer o Apóstolo: O primeiro Adão, alma vivente; o último Adão, espírito vivificante (1Cor 15,45).

Assim gera Cristo, na Igreja, por meio de seus sacerdotes. O mesmo Apóstolo: Em Cristo eu vos gerei (1Cor 4,15). A semente de Cristo, o Espírito de Deus, suscitando o novo homem no seio da mãe e dando-o à luz pelo parto da fonte, é dada pelas mãos do sacerdote; a madrinha do casamento é a fé.

É preciso receber a Cristo para nascer, pois assim diz o apóstolo João: A todos aqueles que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). Não há possibilidade de se cumprir isto a não ser pelo sacramento do batismo, da crisma e do sacerdócio.

O batismo purifica os pecados. Pela crisma é infundido o Espírito Santo. Solicitamos ambos das mãos e das palavras do bispo. Deste modo o homem todo renasce e se renova em Cristo. Da forma como Cristo ressuscitou dos mortos, assim também nós caminhemos com vida (Rm6,4). Quer dizer, despojados dos erros da vida antiga, sigamos pelo Espírito o novo modo de viver em Cristo.

Paz e Bem!

Fonte: Do Sermão sobre o batismo, de São Paciano, bispo - (Nn.5-6: PL 13,1092-1093)(Séc.IV)

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 14/08/2011 às 11h34
 
08/08/2011 10h20
PARA TODO O SEMPRE ESTAMOS LIVRES

 

PARA TODO O SEMPRE ESTAMOS LIVRES

São Paciano de Barcelona ( ? – c. 390), bispo

Homilia sobre o baptismo, 7

Libertados pelo Filho do Homem que Se entrega às mãos dos homens

Todos os povos foram libertados, por Nosso Senhor Jesus Cristo, das forças que os mantinham cativos. Foi Ele, sim, Ele, quem nos resgatou. Como diz o apóstolo Paulo: «perdoou-nos todas as nossas faltas, anulou o documento que, com os seus decretos, era contra nós; aboliu-o inteiramente, e cravou-o na cruz. Depois de ter despojado os Poderes e as Autoridades, expô-los publicamente em espetáculo, e celebrou o triunfo que na cruz obtivera sobre eles» (Col 2, 13-15). Ele libertou os presos acorrentados e quebrou as correntes, como David dissera: «O Senhor salva os oprimidos, o Senhor liberta os prisioneiros, o Senhor dá vista aos cegos». E ainda: «Senhor, quebraste as minhas cadeias, hei de oferecer-Te sacrifícios de louvor» (Sl 145, 7-8; 115, 16-17).

Sim, ficamos libertos das correntes, nós que fomos reunidos ao chamado do Senhor pelo sacramento do batismo [...]. Fomos libertados pelo sangue de Cristo e pela invocação do Seu nome. [...] Portanto, ó bem-amados, fomos para todo o sempre lavados pela água do batismo, para todo o sempre estamos libertos, para todo o sempre acolhidos no Seu Reino imortal. Para todo o sempre será «feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado» (Sl 31, 1; Rm 4,7). Mantende com coragem o que haveis recebido, conservai-o para vossa felicidade, não volteis a pecar. De ora em diante, conservai-vos puros e irrepreensíveis para o dia do Senhor.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 08/08/2011 às 10h20
 
01/08/2011 18h19
"SALVA-ME, SENHOR!"

 

«SALVA-ME, SENHOR!»

Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers e doutor da Igreja

Comentário do Evangelho de São Mateus, 14, 15; SC 258

O fato de Pedro, de entre todos os passageiros da embarcação, ousar responder e pedir ao Senhor que lhe dê ordem para ir por sobre as águas até Si, indica já a disposição do seu coração no momento da Paixão. Momento em que, sozinho, seguindo os passos do Senhor e desprezando as agitações do mundo, comparáveis às do mar, O acompanhou com igual coragem para desprezar a morte. Mas a falta de segurança de Pedro revela a sua fragilidade na tentação que o esperava: pois, embora tivesse ousado avançar, afundou-se. A fraqueza da carne e o medo da morte obrigaram-no à fatalidade da negação. No entanto, solta um grito e pede a salvação ao Senhor. Tal grito é a voz gemente do seu arrependimento. [...]

Há, em Pedro, uma coisa que devemos considerar: ele excedeu todos os outros na fé, porque, enquanto estavam na ignorância, foi ele o primeiro a responder: «Tu és [...] o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16). Foi o primeiro a rejeitar a Paixão, pensando que era uma infelicidade (Mt 16,22); foi o primeiro a prometer que havia de morrer e que não renegaria (Mt 26,35); foi o primeiro a recusar que lhe lavassem os pés (Jo 13,8); e também desembainhou a espada contra os que se acercavam do Senhor para O prender (Jo 18,10).

A calma do vento e do mar, amainados depois de o Senhor ter subido à embarcação, é apresentada como a paz e a tranquilidade da Igreja eterna na sequência do Seu glorioso regresso. Porque então Ele há de vir, manifestando-Se, como naquele momento em que um justo espanto fez que todos dissessem: «Tu és, verdadeiramente, o Filho de Deus». Todos os homens darão então o testemunho claro e público de que o Filho de Deus deu a paz à Igreja, já não na humildade da carne, mas na glória do céu.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 01/08/2011 às 18h19



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