FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
18/03/2016 17h04
APRENDAMOS, POIS, AMAR A DEUS EM TODO TEMPO...

APRENDAMOS, POIS,  AMAR A DEUS EM TODO TEMPO...

Meditemos profundamente sobre o amor de Cristo, nosso Salvador, que «amou os seus até ao fim» (Jo 13,1), a ponto de, para seu bem, ter voluntariamente sofrido uma morte dolorosa, manifestando assim o maior amor possível. Porque Ele próprio tinha dito: «Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos» (Jo 15,13). Sim, é sem dúvida esse o maior amor que alguém jamais manifestou; e contudo, o nosso Salvador deu prova de um amor ainda maior, porque o fez tanto pelos amigos como pelos inimigos.

Que diferença entre este amor fiel e as outras formas de amor, falso e inconstante, que encontramos no nosso pobre mundo! [...] Quem terá a certeza de, na adversidade, continuar a ter muitos amigos, se o próprio Salvador, quando foi preso, ficou só, abandonado pelos seus? Quando vos fordes embora, quem quererá ir convosco? Se fôsseis rei, o vosso reino não vos deixaria partir só, esquecendo-vos sem demora? A vossa própria família não vos deixaria partir, qual pobre alma abandonada que não sabe para onde vai?

Aprendamos, pois, a amar em todo o tempo como temos o dever de amar: a Deus acima de todas as coisas, e a todas as coisas por causa dele. Porque todo o amor que não se orienta para este fim – ou seja, para a vontade de Deus – é um amor completamente vão e estéril. Qualquer amor que devotemos a um ser criado que enfraqueça o nosso amor a Deus é um amor detestável e um obstáculo ao nosso caminho para o céu. [...] Assim pois, uma vez que Nosso Senhor nos amou tanto pela nossa salvação, imploremos-Lhe assiduamente a sua graça, não vá acontecer que, em comparação com o seu grande amor, nos encontremos cheios de ingratidão.[1]

Paz e Bem!


[1] São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir

Tratado sobre a Paixão, Cristo amou-os até ao fim, 1ª homilia


Publicado por Frei Fernando Maria em 18/03/2016 às 17h04
 
14/03/2016 07h15
"EU SOU A LUZ DO MUNDO"

“SALVE, LUZ VERDADEIRA”

Quando Tu, Senhor Jesus, me conduzes à luz, e encontro a Deus graças a Ti, ou recebo de Ti o Pai, torno-me teu coerdeiro (Rom 8,17), pois não Te envergonhaste de me ter por irmão (Hb 2,11). Acabemos, portanto, com o esquecimento da verdade, acabemos com a ignorância; e, tendo-se dissipado as trevas que nos envolvem como uma nuvem diante dos olhos, contemplemos o verdadeiro Deus, proclamando: «Salve, luz verdadeira»!».

A luz elevou-se, pois, sobre nós que estávamos mergulhados nas trevas e encerrados na sombra da morte (Lc 1,79), luz mais pura que o sol, e mais bela que esta vida cá de baixo. Esta luz é a vida eterna, e todos os que nela participam estão vivos. A noite evita a luz e, escondendo-se com medo, cede lugar ao dia do Senhor. A luz que não pode ser extinta espalhou-se por toda a Terra e o Ocidente juntou-se ao Oriente. É isto que significa a «nova criação». Com efeito, o sol da justiça (Mal 3,20), que ilumina todas as coisas, resplandece sobre toda a espécie humana, a exemplo de seu Pai, que faz nascer o sol sobre todos os homens (Mt 5,45) e os asperge com o orvalho da verdade.[1]

Paz e Bem!

 

 

 


[1] São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo «Stromata»


Publicado por Frei Fernando Maria em 14/03/2016 às 07h15
 
05/03/2016 10h10
SUBINDO PARA DEUS: OS DEGRAUS DA ORAÇÃO...

OS DEGRAUS DA ORAÇÃO...

«Tem piedade de mim que sou pecador»

Que a vossa oração seja muito simples; uma só palavra bastou ao publicano e ao filho pródigo para obterem o perdão de Deus (cf Lc 15,21). [...] Não rebusqueis palavras na vossa oração; quantas vezes o balbuciar simples e monótono das crianças não dobrou a vontade de seus pais? Não vos lanceis, pois, em longos discursos, para que o vosso espírito não se distraia na busca das palavras. Uma só palavra do publicano tocou a misericórdia de Deus; uma só palavra cheia de fé salvou o bom ladrão (cf Lc 23,42).

O palavreado na oração enche o espírito de imagens e distrai-o, ao passo que uma só palavra tem, muitas vezes, o efeito de o concentrar. Sentis-vos consolados com uma palavra na vossa oração? Pois detende-vos nela, porque é o vosso anjo que reza convosco. Não vos sintais excessivamente seguros, mesmo que tenhais atingido a pureza, mas vivei em grande humildade e sentir-vos-eis confiantes. Ainda que tenhais subido a escada da perfeição, pedi perdão pelos vossos pecados; escutai o que diz São Paulo: «Sou o primeiro dos pecadores» (1Tim 1,15). [...] Se estiverdes revestidos de mansidão e libertos de toda a cólera, não vos custará muito libertar o vosso espírito do cativeiro.

Enquanto não conseguirmos uma oração verdadeira, assemelhamo-nos aos que ensinam as crianças a dar os primeiros passos. Trabalhai para elevar o vosso pensamento, ou melhor, para o confinar às palavras da vossa oração; se a fraqueza da infância o fizer cair, erguei-o. Porque o espírito é instável por natureza, mas Aquele que pode tudo fortalecer, também pode estabilizar o vosso espírito. [...] O primeiro degrau da oração consiste, pois, em expulsar com uma palavra simples as sugestões do espírito no próprio momento em que elas se apresentam. O segundo, em guardar o nosso pensamento apenas para o que dizemos e pensamos. O terceiro é a entrega da alma ao Senhor.[1]

Paz e Bem!


[1] São João Clímaco (c. 575-c. 650), monge do Monte Sinai - A Escada Santa, cap. 28


Publicado por Frei Fernando Maria em 05/03/2016 às 10h10
 
29/02/2016 10h20
TAL COMO ACONTECE COM OS RAMOS DA VIDEIRA...

TAL COMO ACONTECE COM OS RAMOS DA VIDEIRA...

A parábola da vinha

A vinha é o nosso símbolo, porque o povo de Deus eleva-se acima da terra enraizado na cepa da vinha eterna (Jo 15, 5). Fruto de um solo ingrato, a vinha pode desenvolver-se e florescer, ou revestir-se de verdura, ou assemelhar-se ao jugo amável da cruz, quando cresce e os seus braços estendidos são os sarmentos de uma videira fecunda. [...] É, pois, com razão que chamamos vinha ao povo de Cristo, quer porque ele traça na testa o sinal da cruz (Ez 9, 4), quer porque os frutos da vinha são recolhidos na última estação do ano, quer porque, tal como acontece aos ramos da videira, pobres e ricos, humildes e poderosos, servos e senhores, todos são, na Igreja, de uma igualdade completa. [...]

Quando é ligada, a vinha endireita-se; se é podada, não é para a diminuir, mas para fazê-la crescer. E o mesmo se passa com o povo santo: quando é preso, liberta-se; quando é humilhado, eleva-se; quando é cortado, é uma coroa que lhe é dada. Melhor ainda: tal como o rebento que é retirado de uma árvore velha e enxertado noutra raiz, assim também este povo santo [...] se desenvolve quando é alimentado na árvore da cruz [...]. E o Espírito Santo, como que expandindo-Se nos sulcos de um terreno, derrama-Se sobre o nosso corpo, lavando tudo o que é imundo e limpando-nos os membros, para os dirigir para o céu.

O Vinhateiro tem por costume mondar esta vinha, ligá-la e apará-la (Jo 15, 2). [...] Ora inunda de sol os segredos do nosso corpo, ora os rega com a chuva. Ele gosta de mondar o terreno, para que os espinheiros não perturbem os rebentos; e vela para que as folhas não façam demasiada sombra [...], privando de luz as virtudes e impedindo os frutos de amadurecer.[1]

Paz  e Bem!

 


[1] Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de São Lucas 9, 29-30 (trad. Véricel, L'Evangile commenté, p. 290 rev. ; cf SC 52, p. 150)


Publicado por Frei Fernando Maria em 29/02/2016 às 10h20
 
25/02/2016 15h14
NEM SEMPRE...

NEM SEMPRE ENTEDEMOS OS PORQUÊS DA VIDA...

«Um pobre [...] jazia junto do seu portão»

Cristo disse: «Tive fome e destes-Me de comer» (Mt 25, 35). E não teve fome só de pão, mas também da estima acolhedora que nos permite sentirmo-nos amados, reconhecidos, sermos alguém aos olhos de outrem. Ele não foi desprovido só das suas vestes, mas também da dignidade e do respeito humano, pela grande injustiça que é cometida com o pobre, que é precisamente ser desprezado por ser pobre. Não só foi privado de um teto, mas também sofreu as privações por que passam os encarcerados, os rejeitados e os escorraçados, aqueles que vagueiam pelo mundo sem ter ninguém que trate deles.

Ao desceres a rua, sem outro propósito senão esse, talvez atentes no homem que está ali à esquina, e vás ao seu encontro. Talvez ele fique de pé atrás, mas tu colocas-te na sua frente. Tens de irradiar a presença que trazes dentro de ti com o amor e a atenção que dás ao homem a quem te diriges. E por quê? Porque, para ti, Ele é Jesus. Sim, é Jesus, mas não pode receber-te em sua casa — é por isso que tens de ser tu a dirigir-te a Ele. Ele está escondido ali, naquela pessoa. Jesus, oculto no mais pequenino dos irmãos (cf. Mt 25, 40), cheio de fome de pão, mas também de amor, de reconhecimento, de ser tido como alguém com valor.[1]

Paz e Bem!

 

 


[1] Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade - «Não há maior amor»


Publicado por Frei Fernando Maria em 25/02/2016 às 15h14



Página 16 de 197 « 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 » «anterior próxima»

Site do Escritor criado por Recanto das Letras