FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
25/06/2015 09h26
UMA QUESTÃO DE OBEDIÊNCIA...

ACORDA, TU QUE DORMES” (Ef 5,14)

“Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” Por isso, convém que nos apliquemos, não somente a escutar a Palavra de Deus, mas também a conformar a nossa vida com essa mesma Palavra. [...] Escutar a lei é uma boa regra, porque nos incita à prática das virtudes. Fazemos bem em ler e meditar as Escrituras, pois é assim que purificamos o fundo da nossa alma dos maus pensamentos.

Mas ler, escutar e meditar assiduamente a Palavra de Deus sem a pôr em prática é uma falta que o Espírito de Deus já condenou antecipadamente. [...] Os que se encontram nestas disposições nem sequer devem pegar nos livros sagrados. Ao ímpio, Deus declara: “Porque andas sempre a falar da minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e rejeitas as minhas palavras?” (Sl 49,16-17)

Aquele que lê assiduamente as Escrituras sem as pôr em prática encontra a sua condenação na própria leitura; e merece uma condenação tanto mais grave quanto despreza e desdenha em cada dia aquilo que ouve em cada dia.  É como um morto, um cadáver sem alma. Podem soar milhares de trombetas aos ouvidos dum morto, que ele não as ouvirá. Da mesma forma, a alma que está morta no pecado, o coração que perdeu a lembrança de Deus não ouve o som nem os gritos da Palavra divina, e a trombeta das palavras espirituais não a impressiona; esta alma está mergulhada no sono da morte.[1]

Paz e Bem!

 


[1] Filoxeno de Mabug (?-c. 523), bispo da Síria - Homilia 1


Publicado por Frei Fernando Maria em 25/06/2015 às 09h26
 
18/06/2015 11h09
ENTRA NO TEU CORAÇÃO...

ENTRA NO TEU CORAÇÃO...

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - 2º discurso sobre o Salmo 33

«Quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo»

Entrar no fundo da tua casa é entrar no teu coração. Felizes os que se alegram por entrar no seu próprio coração e nele não encontram mal. [...]

São de lamentar aqueles que, ao entrarem em sua casa, podem recear ser dela expulsos por causa de duras disputas com os seus. Mas muito mais infelizes são aqueles que não ousam sequer entrar na sua consciência, com medo de serem expulsos pelo remorso dos seus pecados. Se queres entrar com prazer no teu coração, purifica-o: «felizes os corações puros, porque verão a Deus» (Mt 5,8). Arranca do teu coração as nódoas da cupidez, as manchas da avareza, a úlcera da superstição; arranca os sacrilégios, os maus pensamentos, os ódios, não só para com os teus amigos mas também para com os teus inimigos. Arranca tudo isso; depois, entra no teu coração e nele serás feliz.

Paz e Bem!

“Guarda teu coração acima de todas as outras coisas, porque dele brotam todas as fontes da vida”. (Pr 4,23).

Ps: Teu coração: O coração é, na Bíblia, considerado como sede da inteligência, dos desejos, dos pensamentos, da vontade, da consciência.


Publicado por Frei Fernando Maria em 18/06/2015 às 11h09
 
11/06/2015 09h06
VEM SENHOR JESUS, VEM!!!

«PROCLAMAI QUE O REINO DO CÉU ESTÁ PERTO»

É finalmente a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem — pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela.

A Igreja, durante quatro anos, tem estado a trabalhar para um rejuvenescimento do seu rosto, para melhor responder à intenção do seu Fundador, o grande vivente, o Cristo eternamente jovem. E no termo desta importante «revisão de vida», volta-se para vós. É para vós, os jovens, especialmente para vós, que ela acaba de acender, pelo seu Concílio, uma luz: luz que iluminará o futuro, o vosso futuro.

A Igreja deseja que esta sociedade que vós ides constituir respeite a dignidade, a liberdade, o direito das pessoas: e estas pessoas sois vós. Deseja em especial que esta sociedade deixe espalhar-se o seu tesoiro sempre antigo e sempre novo, a fé, e que as vossas almas possam banhar-se livremente nos seus clarões benéficos. Tem confiança que vós encontrareis uma força e uma alegria tais, que não chegareis a ser tentados, como alguns dos vossos antepassados, a ceder à sedução das filosofias do egoísmo e do prazer, ou às do desespero e do nada, e que perante o ateísmo, fenómeno de cansaço e de velhice, sabereis afirmar a vossa fé na vida e no que dá sentido à vida: a certeza da existência de um Deus justo e bom.

Paz e Bem!

Fonte: Concílio Vaticano II - Mensagem aos Jovens, 8 de Dezembro de 1965


Publicado por Frei Fernando Maria em 11/06/2015 às 09h06
 
16/05/2015 10h10
A ORAÇÃO É MAIS DO QUE PEDIDOS...

A ORAÇÃO É MAIS DO QUE PEDIDOS...

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão da Quaresma nº 5, 5

«Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá»

Quando falo da súplica, parece-me perceber no vosso coração certas reflexões humanas que tenho ouvido muitas vezes, até no meu próprio coração. Não cessando nós nunca de suplicar, como é que parece que tão raramente experimentamos o fruto das nossas súplicas? Temos a impressão de sair da oração de súplica como entrámos: ninguém nos responde uma única palavra, ninguém nos dá nada e temos a impressão de ter pedido em vão. Mas o que diz o Senhor no evangelho? «Não julgueis pelas aparências, julgai segundo a justiça» (Jo 7,24). E o que é um julgamento justo, senão um julgamento de fé? Porque «o justo vive pela fé» (Gal 3,11). Julgai, pois, preferencialmente pela fé, em vez de o fazerdes pela experiência, porque a fé não engana, enquanto a experiência pode induzir em erro.

E qual é a verdade da fé, senão a que o próprio Filho de Deus nos prometeu? «Tudo quanto pedirdes, orando, acreditai que o recebereis e obtereis» (Mc 11,24). Assim, que ninguém entre vós, irmãos, tenha em pouca conta a sua prece! Porque vos asseguro que Aquele a quem ela é dirigida não a tem em pouca conta; antes mesmo de ela ter saído da vossa boca, Ele a escreveu no seu livro. Podemos estar certos, sem a mínima dúvida, de que, ou Deus nos concede o que lhe pedimos, ou nos dará outra coisa que Ele sabe ser mais vantajosa para nós. Porque «nós não sabemos o que devemos pedir em nossas orações» (Rom 8,26), mas Deus tem compaixão da nossa ignorância e recebe a nossa prece com bondade. [...] Por isso, «põe no Senhor as tuas delícias; Ele conceder-te-á os desejos do teu coração» (Sl 36,4).

Paz e Bem!

PS: Para os que creem a oração é mais do que pedidos, ela é intimidade com o Senhor, é expressão de nosso amor filial, do nosso desejo de convívio eterno...


Publicado por Frei Fernando Maria em 16/05/2015 às 10h10
 
15/04/2015 13h23
DISTO NÃO PODEMOS DUVIDAR...

DISTO NÃO PODEMOS DUVIDAR...

Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 12, De Pasione, 3. 6-7:PL54,355-357)(Séc.V)

Cristo vivo em sua Igreja

Caríssimos filhos, a natureza humana foi assumida tão intimamente pelo Filho de Deus, que o único e mesmo Cristo está não apenas neste homem, primogênito de toda a criatura, mas também em todos os seus santos. Disto não podemos duvidar. E como a Cabeça não pode separar-se dos membros, também os membros não podem separar-se da Cabeça. Se é certo que Deus será tudo em todos não nesta vida, mas na eterna, também é verdade que, desde agora, ele habita inseparavelmente no seu templo, que é a Igreja, conforme sua promessa: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,20).

Por conseguinte, tudo quanto o Filho de Deus fez e ensinou para a reconciliação do mundo, podemos saber não apenas pela história do passado, mas experimentando-o na eficácia do que ele realiza no presente. É ele que, tendo nascido da Virgem Mãe pelo poder do Espírito Santo, por ação do mesmo Espírito, fecunda a sua Igreja imaculada, a fim de gerar pelo nascimento batismal, uma inumerável multidão de filhos de Deus. É deles que se diz: “Estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo” (Jo 1,13).

É nele que foi abençoada a descendência de Abraão por meio da adoção filial de todos os povos do mundo; e o santo patriarca torna-se pai das nações quando, pela fé e não pela carne, lhe nascemos filhos da promessa. É ele que, sem excluir povo algum, reúne em um só rebanho as santas ovelhas de todas as nações que existem debaixo do céu, e todos os dias cumpre o que prometera, ao dizer: Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor (Jo 10,16).

Embora tenha dito de modo especial a São Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17), é ele o único Senhor que orienta o ministério de todos os pastores. É ele que alimenta os que se aproximam desta pedra, com pastos tão férteis e bem irrigados, que inúmeras ovelhas, fortalecidas pela generosidade do seu amor, não hesitam em morrer pelo Pastor, o Bom Pastor que deu a vida por suas ovelhas. É ele que une à sua Paixão não apenas a gloriosa fortaleza dos mártires, mas também a fé de todos aqueles que renasceram nas águas batismais.

É nisso que consiste celebrar dignamente a Páscoa do Senhor com os ázimos da sinceridade e da verdade: tendo rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor. A nossa participação no corpo e no sangue de Cristo age de tal modo que nos transformamos naquele que recebemos. Mortos, sepultados e ressuscitados nele, que o tenhamos sempre em nós tanto no espírito quanto no corpo.

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 15/04/2015 às 13h23



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