FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
28/03/2012 07h40
FAZEI AS OBRAS DE ABRAÃO

 

FAZER AS OBRAS DE ABRAÃO

São Cesário de Arles (470-543), monge e bispo - Homilia 83

Em Mambré, três homens aproximam-se de Abraão e colocam-se de pé junto dele (Gn 18). Imaginai a cena: estes homens apresentam-se acima dele, não à face dele. Abraão submeteu-se à vontade de Deus, o que fica expresso pelo fato de Deus Se apresentar num nível superior ao dele. Portanto, Eles não se apresentam [...] diante dele para o humilhar, mas acima dele, para o proteger.

Abraão acolhe os três homens e serve-lhes três medidas de pão. Que explicação dar a isto, meus irmãos, se não a de que ele reconhece o mistério da Trindade? Também lhes leva um vitelo que não é duro, mas «dos mais tenros e gordos». Para ser assim tão bom, assim tão tenro, não pode senão tratar-se d'Aquele que Se humilhou por nós até à morte, Cristo. É mesmo Ele, o vitelo gordo que o Pai imola para celebrar o regresso do filho pródigo arrependido (cf. Lc 15,23): «Porque, tanto amou Deus o mundo que lhe deu o Seu Filho Unigénito» (Jo 3,16).

 

Abraão vai, portanto, ao encontro dos três homens, mas Aquele que ele adora é único. [...] Como já disse, aqui discernimos o mistério da Trindade; se ele se prostrou em adoração, como se, diante dele, estivesse apenas uma pessoa, foi porque sabia que Deus é único em três pessoas. Dirige-se apenas a uma pessoa, ao dizer: «Peço-te que não passes adiante, sem parar em casa do Teu servo» (v. 3); mas acrescenta, deixando que se pense que se dirige a várias pessoas: «Permite que se traga um pouco de água para Vos lavar os pés» (v. 4).

Que o bem-aventurado Abraão vos sirva de exemplo, irmãos, para receberdes os vossos hóspedes com amabilidade, e lhes lavardes os pés com humildade e respeito. [...] Não negligencieis este propósito, irmãos, vós que não quereis mostrar-vos hospitaleiros, vós que recebeis o vosso hóspede como a um inimigo. De fato, devido à sua hospitalidade, o bem-aventurado Abraão mereceu receber Deus em pessoa, recebendo estes três homens. Cristo também confirma este propósito, dizendo no Evangelho: «Era peregrino e vós Me recolhestes» (Mt 25,35). Não negligencieis, pois, os viajantes, não seja que vos recuseis a receber o próprio Deus.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 28/03/2012 às 07h40
 
23/03/2012 18h36
"SABEIS QUEM EU SOU? E SABEIS DE ONDE VENHO?"

 

«SABEIS QUEM EU SOU ? E SABEIS DE ONDE VENHO?»

Bem-aventurado João Paulo II - Encíclica «Dives in Misericordia» § 8

O mistério pascal é Cristo no topo da revelação do insondável mistério de Deus. É então que se cumprem plenamente as palavras proferidas no Cenáculo: «Quem Me viu, viu o Pai» (Jo 14,9). Com efeito, Cristo, que o Pai «não poupou» (Rm 8,32) a favor do homem e que, na sua Paixão e no suplício da cruz, não foi alvo da misericórdia humana, revelou na Sua ressurreição a plenitude do amor que o Pai tem por Ele e, através d'Ele, por todos os homens. «Não é Deus de mortos, mas de vivos» (Mc 12,27).

Na Sua ressurreição, Cristo revelou o Deus do amor misericordioso, precisamente porque aceitou a cruz como caminho para a ressurreição. E é por isso que, quando evocamos a cruz de Cristo, a Sua Paixão e a Sua morte, a nossa fé e a nossa esperança se fixam no Ressuscitado: em Cristo que, «na tarde desse dia, o primeiro da semana [...], veio pôr-Se no meio dos discípulos» no Cenáculo onde «eles se encontravam [...], soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos» (Jo 20,19ss).

Eis que o Filho de Deus, na Sua ressurreição, teve a experiência radical da misericórdia, isto é, do amor do Pai, mais forte do que a morte. E é também o mesmo Cristo que [...] Se revela como fonte inesgotável da misericórdia, do amor [...] mais forte do que o pecado.

Paz e Bem! 

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Publicado por Frei Fernando Maria em 23/03/2012 às 18h36
 
21/03/2012 17h49
A PRESENÇA DO RESSUSCITADO

 

A PRESENÇA DO RESSUSCITADO
 
São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja 
Sermão 53; PL 52, 375; CCL 241, 498 
 
 
«Os que estão nos túmulos hão-de ouvir a Sua voz»: «Lázaro, vem cá para fora!» (Jo 11,43) 
 
 O Senhor tinha ressuscitado a filha de Jairo mas, numa altura em que o cadáver ainda estava quente, a morte ainda só tinha feito metade da sua obra (cf. Mt 9,18ss). [...] Ressuscitou também o filho único duma mãe, mas detendo a padiola antes de esta chegar à tumba [...], antes que esse morto entrasse completamente na lei da morte (cf. Lc 7,11s). Mas o que se passa com Lázaro é único [...]: Lázaro, em quem todo o poder da morte já se tinha concretizado e em quem resplandeceu igualmente a imagem completa da ressurreição. [...] Com efeito, Cristo ressuscitou ao terceiro dia porque era o Senhor; Lázaro, que era servo, foi chamado à vida ao quarto dia. [...]
 
O Senhor dizia e repetia aos Seus discípulos: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos-sacerdotes e aos doutores da Lei, que O vão condenar à morte. Hão-de entregá-Lo aos pagãos, que O vão escarnecer, açoitar e crucificar» (Mt 20,18ss). E, dizendo isto, via-os indecisos, tristes, inconsoláveis. Ele sabia que eles tinham de ficar subjugados ao peso da Paixão, até que nada das suas vidas subsistisse, nada da sua fé, nada da sua luz pessoal, mas que, pelo contrário, os seus corações ficariam obscurecidos pela noite quase total da falta de fé. Foi por isso que fez com que a morte de Lázaro se prolongasse por quatro dias. [...] Daí que o Senhor tenha dito aos Seus discípulos: «Lázaro morreu; e Eu, por amor de vós, estou contente por não ter estado lá» (Jo 11,14-15) [...] «para, assim, poderdes crer». A morte de Lázaro foi, portanto, necessária, para que, com Lázaro, a fé dos Seus discípulos também se elevasse da tumba.
 
«Por não ter estado lá». E haveria algum lugar onde Cristo não estivesse? [...] Cristo Deus estava lá, meus irmãos, mas Cristo homem não estava. Quando Lázaro morreu, Cristo Deus estava lá, mas, agora, Cristo vinha para junto do morto, uma vez que Cristo Senhor ia entrar na morte: «É na morte, no túmulo, nos infernos, é aí que todo o poder da morte tem de ser abatido, por Mim e pela Minha morte». 
 
  Paz e Bem!
 
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 21/03/2012 às 17h49
 
12/03/2012 11h54
QUEM APRENDE COM A GENEROSIDADE, NUNCA DEIXA DE RECEBER...

 

QUEM APRENDE COM A GENEROSIDADE, NUNCA DEIXA DE RECEBER...

João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja - Homílias sobre a conversão, n°3, sobre a esmola

Acolher Cristo

Os pobres no adro da igreja pedem esmola. Quanto dar? Cabe-vos a vós decidir; não fixarei montante, a fim de vos evitar qualquer embaraço. Comprai na medida das vossas posses. Tendes uma moeda? Comprai o céu! Não que o céu seja barato, mas é a bondade do Senhor que o permite. Não tendes moedas? Dai-lhes um copo de água fresca. (Mt 10,42). [...]

Podemos adquirir o céu e deixamos de o fazer! Por um pão que deis, recebereis o paraíso. Oferecei objetos de pouco valor, e recebereis tesouros; oferecei as adversidades, e obtereis a imortalidade; dai bens perecíveis, e recebereis em troca bens imperecíveis. [...] Quando se trata dos bens perecíveis, revelais muita perspicácia; por que manifestais tal indiferença quando se trata da vida eterna? [...] De resto, podemos estabelecer um paralelo entre os vasos cheios de água que se encontram à porta das igrejas para purificar as mãos e os pobres que estão sentados fora do edifício para purificardes a vossa alma através deles. Lavastes as mãos na água: da mesma maneira, lavai a alma através da esmola. [...]

Uma viúva, reduzida a uma pobreza extrema, deu hospitalidade a Elias (1R 17,9ss): a sua indigência não a impediu de o acolher com grande alegria. Então, em sinal de reconhecimento, recebeu numerosos presentes, que simbolizavam o fruto do seu gesto. Este exemplo talvez vos faça desejar acolher um Elias. Mas por que pedis Elias? Proponho-vos o Senhor de Elias, e não lhe ofereceis hospitalidade. [...] Eis o que Cristo, o Senhor do universo, nos diz: «Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40).

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Publicado por Frei Fernando Maria em 12/03/2012 às 11h54
 
10/03/2012 12h54
A FESTA DO ENCONTRO

 

A FESTA DO ENCONTRO...

Bem-aventurado João Paulo II - Exortação apostólica «Reconciliação e penitência», §§ 5-6 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

«Um homem tinha dois filhos»

O homem — cada um dos homens — é este filho pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai para viver de modo independente a própria existência; caído na tentação; desiludido do nada que, como miragem, o tinha deslumbrado; sozinho, desonrado e explorado no momento em que tenta construir um mundo só para si; atormentado, mesmo no mais profundo da própria miséria, pelo desejo de voltar à comunhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus fica à espreita do regresso do filho, abraça-o à sua chegada e põe a mesa para o banquete do novo encontro, com que se festeja a reconciliação.

Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão mais velho, que se recusa a ocupar o seu lugar no banquete. Reprova ao irmão mais novo os seus extravios e ao pai o acolhimento que lhe dispensou, enquanto a ele, morigerado e trabalhador, fiel ao pai e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma festa com os amigos. Sinal de que não compreende a bondade do pai. Enquanto este irmão, demasiado seguro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento e desdenhoso, cheio de azedume e de raiva, não se converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o banquete ainda não era, no sentido pleno, a festa do encontro e do convívio recuperado.

O homem — cada um dos homens — é também este irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, endurece-lhe o coração, cega-o e leva-o a fechar-se aos outros e a Deus. [...]

A parábola do filho pródigo é, antes de mais, a história inefável do grande amor de um Pai. [...] E ao evocar, na figura do irmão mais velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si, ela torna-se também a história da família humana. [...] Ela retrata a situação da família humana dividida pelos egoísmos, põe em evidência a dificuldade em secundar o desejo e a nostalgia de uma só família reconciliada e unida; apela para a necessidade de uma profunda transformação dos corações, pela redescoberta da misericórdia do Pai e pela vitória sobre a incompreensão e a hostilidade entre irmãos.

Paz e Bem!

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Publicado por Frei Fernando Maria em 10/03/2012 às 12h54



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