FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
04/03/2009 23h00
MEU SENHOR, MEU ÚNICO REI
Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]
Retiro pregado ao Vaticano, 1983


«Meu Senhor, meu único rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão Vós» (Est 14, 3)

No Evangelho, Jesus convida-nos à oração: «pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á». Estas palavras de Jesus são preciosíssimas, porque exprimem a verdadeira relação entre Deus e o homem, e porque respondem a um problema fundamental de toda a história das religiões e da nossa vida pessoal: será justo e bom pedir alguma coisa a Deus? Ou a única resposta correspondente à transcendência e à grandeza de Deus consiste em glorificá-Lo, adorá-Lo, dar-Lhe graças, numa oração que será por conseguinte desapegada? [...] 

Jesus ignora este receio. Jesus não ensina uma religião para elites, totalmente desinteressada. A ideia de Deus que Jesus nos ensina é diferente: o seu Deus é muito humano; esse Deus é bom e poderoso. A religião de Jesus é muito humana, muito simples, é a religião dos simples: «Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).

Os pequeninos, os que têm necessidade da ajuda de Deus e o dizem, compreendem muito melhor a verdade do que os inteligentes que, recusando a oração de súplica e aceitando apenas o louvor desinteressado de Deus, constroem uma auto-suficiência do homem que não corresponde à sua indigência, tal como é expressa nas palavras de Ester: «Assisti-me no meu desamparo» (Est 14, 3).

Por detrás desta nobre atitude que não quer incomodar Deus com os nossos pequenos males, esconde-se a seguinte dúvida: terá Deus o poder de responder às realidades da nossa vida, poderá Deus mudar as nossas situações e entrar na realidade da nossa vida terrestre? [...]

Se Deus não atua, se ele não tem poder sobre os acontecimentos concretos da nossa vida, como é que continua a ser Deus? E se Deus é amor, o amor não encontrará uma possibilidade de responder à esperança daquele que ama? Se Deus é amor, e se Ele não pudesse ajudar-nos na nossa vida concreta, o amor não seria o poder maior deste mundo.

Paz e Bem!
 

Publicado por Frei Fernando Maria em 04/03/2009 às 23h00

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