![]() 27/03/2009 16h28
ONDE ESTÁS?
São João da Cruz (1542-1591), Carmelita, Doutor da Igreja
Cântico Espiritual, estrofe 1 (a partir da trad. OC, Cerf 1990, p. 1218) «Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão» Onde Te escondeste, meu Bem-Amado, Por isso, é de notar que, por muito íntimas que sejam as comunicações, por muito sublime que possa ser o conhecimento que uma alma tenha de Deus nesta vida, o que ela percebe não é a essência de Deus e nada tem de comum com Ele. Na realidade, Deus está sempre escondido da nossa alma. Quaisquer que sejam as maravilhas que lhe sejam desveladas, a alma deve sempre tê-Lo por escondido e procurá-Lo em sua morada, dizendo: «Onde Te escondeste?» De facto, nem a comunicação sublime nem a presença sensível são testemunho seguro da favorável presença de Deus numa alma, nem a secura e a carência de tais dons serão um indício da Sua ausência. É o que nos diz o profeta Job: «Passa diante de mim e eu não O vejo, afasta-Se de mim e não me apercebo» (Job 9, 11). Devemos daqui tirar um ensinamento. Se uma alma for favorecida com sublimes comunicações, conhecimentos e sentimentos espirituais, não deve nunca persuadir-se de que possui a Deus ou que vê clara e essencialmente a Deus, nem que esses dons signifiquem ter mais a Deus ou estar mais em Deus do que os outros; da mesma forma, se todas estas comunicações sensíveis e espirituais vierem a faltar-lhe deixando-a na aridez, nas trevas e no desamparo, não deve ela nunca pensar que nesse estado Deus lhe falta [...]. O principal intento da alma, neste verso, não é pois pedir devoção afectuosa e sensível, que não dá certeza nem evidência da posse do Esposo nesta vida: ela reclama a presença e a clara visão da Sua essência, que quer fruir, de maneira firme e segura, na outra vida. Paz e Bem! ©Evangelizo.org 2001-2009 Publicado por Frei Fernando Maria em 27/03/2009 às 16h28
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