FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
18/08/2011 10h07
O FESTIM REAL

 

O FESTIM REAL

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo - Sermão 74

«Vinde às bodas»

«Tudo está preparado. Vinde às bodas». Os convidados, porém, desculparam-se, «foram um para o seu campo, outro para o seu negócio». No mundo inteiro são inúmeros aqueles que continuamente se empenham nessa agitação contínua de singulares afazeres. A cabeça fica a andar à roda com a quantidade prodigiosa de roupa, de comida, de construções e outras coisas tais, das quais metade apenas já seria suficiente.

Lutemos com todas as forças para fugir da exuberância de tais atividades e desdobramentos, para fugir de tudo o que não seja uma necessidade absoluta e recolhermo-nos em nós próprios e na nossa própria vocação, considerando onde, como e de que modo nos chama o Senhor; este à contemplação interior, aquele à ação pura e simples, aquele outro, bem acima dos outros dois, ao doce repouso interior no silêncio calmo das brumas divinas e na unidade do Espírito.

Se o homem chamado interiormente ao silêncio nobre e calmo na vacuidade da nuvem misteriosa (Cf. Ex 24, 18), apesar disso quiser por completo abster-se de quaisquer obras de caridade, não estará a agir bem, e como tal deverá fazê-las também segundo as circunstâncias a que tiver sido chamado [...]

«Abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas». Este festim representa o repouso interior no qual entramos se agirmos e fruirmos como o próprio Deus faz conSigo próprio, ativamente, e onde o Mestre, o Rei, é constantemente chamado a ser o supervisor. O Evangelho refere, no entanto, que Ele deu com um convidado sentado à mesa sem o traje nupcial vestido. Este não é mais do que a pura, verdadeira e divina caridade, que faltava ao tal conviva, essa intenção sincera de buscar a Deus excluindo todo o amor-próprio e tudo o que Lhe é estranho, a caridade que quer só aquilo que Deus quer. [...] Para alguns, essa intenção, esse amor, não pertencem pura e exclusivamente, no fundo da sua alma, a Deus, porque a si próprios se buscam. A esses diz o Senhor: Amigo, como entraste aqui sem o traje da verdadeira caridade? Pois buscam antes as dádivas de Deus do que o próprio Deus.

Paz e Bem!

         ©Evangelizo.org 2001-2010


Publicado por Frei Fernando Maria em 18/08/2011 às 10h07

Site do Escritor criado por Recanto das Letras