FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
26/03/2007 06h59
CARTA DE UM CONFRADE QUE ESTAVA PRESTES A DEIXAR A ORDEM FRANCISCANA...
Oi frei. Quero que você me perdoe. Parece até uma ironia. Ontem você recebe uma minha mensagem e hoje outra. É verdade, eu enviei uma poesia, na qual eu deixava quase que como um testamento, um motivo, para abandonar aquele que é meu sonho, ou melhor, meu único.

O fato é que precipitei, quis resolver minhas dificuldades fugindo delas, sei que não é assim. Devo encarar a vida de frente. Eu não estou passando por bons momentos e tomei aquela iniciativa.

Quero agora me redimir e peço que não leve em consideração aquela poesia.Eu sempre preguei que a vida pode ser melhor, que um erro pode ser superado, que uma dificuldade pode também ser. Que o amanhã será melhor, do que o hoje que temos. “A diferença é que a diversidade pode fazer a diferença”, me explico.

Com certeza eu estava disposto a partir e, mais uma vez, abandonar meu sonho, aquele que é meu único sonho, aquilo que me faz acordar e perceber que vale a pena viver, que vale a pena acreditar num ideal.
Eu não vim aqui para brincar, quando sai de casa eu tinha em mente um desejo profundo de servir a Deus, as pessoas e a igreja, na Ordem franciscana, e levar adiante o desejo de são Francisco. De fazer o bem, de levar o evangelho e de ser sinal de Deus para o mundo e para os homens.

Não nego, com ao passar dos anos isso foi se perdendo, o sentido foi se esgotando “porque o sentido tem sentido enquanto dou sentido ao próprio sentido”. E quando isso foge aos olhos do coração, não diz muita coisa e mudamos a direção da nossa vida, foi o que eu quis fazer.

A minha família estava sabendo.O seminário já estava sabendo, já tinha me despedido de cada um dos frades, as coisas estavam arrumadas. Em duas horas eu partiria, o frei Janusz já me aguardava para me levar para casa. A tristeza me invadia.

O frei Adriano me chamou no quarto e me perguntou: você vai mesmo embora? Vai largar para trás seu ideal? Tudo aquilo que você projetou? O que realmente te trouxe aqui? Foi Deus ou uma dificuldade? Foi uma conversa demorada, nunca chorei tanto na minha vida. Pude perceber como eu estava perturbado, confuso e o frei me fez pensar mais uma vez, o sentido de recomeçar.

Re-começar não é voltar à casa da família, lá é tudo muito bom. Recomeçar é voltar de onde se veio, é resgatar o significado de nossa existência. Do que nos impulsiona a viver, lutar para que sejamos felizes sendo o que somos e fazemos, como instrumentos nas mãos de Deus. Eu perguntei se ele, o frei Adriano se comprometeria a me ajudar. Ele disse que sim, agora pergunto a você: quer me ajudar? Você pode me ajudar?

Eu sai do quarto dele e fale ao frei Janusz, frei me dê mais uma chance de mudar. Eu quero ser frade é tudo que quero, outra coisa não almejo, por outra coisa não suspiro, é isto que me faz feliz, isso me impulsiona a viver, eu não seria feliz distante daqui. É a única coisa que quero pra mim.

“É do inferno que se vê o paraíso”, quando estamos com sede, descobrimos o valor que a água tem. O sabor da comida quem dá é a nossa fome. Foi isso que descobri quando estava me despedindo e via que outro lugar não me faria ser tão feliz.

Desculpe os transtornos e peço que me ajudem a ajudá-los nessa tão grande aventura de levar o ideal de são Francisco ao mundo e ser sinal de Deus para os homens.

É POSSÍVEL RECOMEÇAR SEMPRE QUANDO SE TEM COMO OBJETIVO O REINO DE DEUS...A VIDA SEM UM IDEAL, PERDE O SENTIDO!

Paz e Bem!

Publicado por Frei Fernando Maria em 26/03/2007 às 06h59

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