FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
22/08/2012 12h00
"VEM E SEGUE-ME"

 

Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir 
«Contra as heresias», IV, 14,1 
 
«Vem e segue-Me» 
 
Por ter seguido a Palavra de Deus, o Seu chamamento, espontânea e livremente, na generosidade da sua fé, Abraão tornou-se «o amigo de Deus» (Tg 2,23). Não foi por indigência Sua que o Verbo de Deus quis esta amizade de Abraão, Ele que é perfeito desde o princípio; «antes de Abraão existir, Eu sou!» (Jo 8,58). Mas para poder dar a vida eterna a Abraão, porque Ele é bom. [...] Também no princípio, não foi por ter precisado do homem que Deus modelou Adão, mas para ter alguém em quem depositar os Seus benefícios.
 
Também não é por ter necessidade dos nossos serviços que nos manda segui-Lo, mas para nos salvar. Porque seguir o Salvador é ter parte na salvação, como seguir a luz é ter parte na luz. Quando os homens estão na luz não são eles que iluminam a luz e a fazem resplandecer: mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por causa dela. [...] Deus dá os Seus benefícios aos que O servem porque O servem e aos que O seguem porque O seguem; mas não recebe deles nenhum benefício porque Ele é perfeito e não tem necessidades.
 
Se Deus solicita o serviço dos homens é para poder, Ele que é bom e misericordioso, dar os Seus benefícios a quem perseverar no Seu serviço. Pois, se Deus não tem necessidade de nada, o homem tem necessidade da comunhão de Deus. A glória do homem é perseverar no serviço de Deus. Por isso, o Senhor disse aos Seus discípulos: «Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós» (Jo 15,16), indicando assim que, [...] por terem seguido o Filho de Deus, seriam glorificados por Ele: «Pai, quero que onde Eu estiver estejam também Comigo aqueles que Tu Me confiaste, para que contemplem a Minha glória» (Jo 17,24). 
 
Paz e Bem!
 
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Publicado por Frei Fernando Maria em 22/08/2012 às 12h00
 
20/08/2012 16h47
SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE: MÁRTIR DA CARIDADE

 

SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE: MÁRTIR DA CARIDADE

 

É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência.

Muito me alegra, caro irmão, o zelo que te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em nossos tempos, não só entre os leigos mas também entre os religiosos, a doença quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas. Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória, embora nunca possamos da quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece.

Como a glória de Deus resplandece principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade sobretudo pelos seus ministros na terra.

É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo – uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel intérprete de Deus.

Só Deus é infinito, sapientíssimo, santíssimo e clementíssimo, Senhor, Criador e Pai nosso, princípio e fim, sabedoria, poder e amor; tudo isso é Deus. Tudo que não seja Deus só vale enquanto se refere a ele, Criador de tudo e Redentor dos homens, último fim de toda a criação. É ele que nos manifesta a sua adorável vontade por meio daqueles que o representam, e nos atrai a si, querendo, deste modo, atrair por nós outras almas, unindo-as a si em amor cada vez mais perfeito.

Vê, irmão, quão grande é, pela misericórdia divina, a dignidade de nossa condição! Pela obediência com que ultrapassamos os limites de nossa pequenez e conformamo-nos à vontade divina, que nos dirige com sua infinita sabedoria e prudência, a fim de agirmos com retidão.

Pode-se até dizer que, seguindo assim a vontade de Deus à qual nenhuma criatura pode resistir, nos tornamos mais fortes que tudo.

Esta é a vereda da sabedoria e da prudência, este é o único caminho pelo qual possamos dar a Deus maior glória. Pois, se existisse caminho diferente e mais alto, certamente Cristo no-lo teria manifestado com sua doutrina e exemplo. Ora, a divina Escritura resumiu a sua longa permanência em Nazaré com estas palavras: E era-lhes submisso (Lc 2,51), como nos indicou toda a sua vida ulterior sob o signo da obediência, mostrando que desceu à terra para fazer a vontade do Pai.

Amemos por isso, irmão, amemos sumamente o amantíssimo Pai celeste, e deste amor seja prova a nossa obediência, exercida em grau supremo quando nos exige o sacrifício da própria vontade. Não conhecemos, para progredir no amor a Deus, livro mais sublime que Jesus Cristo crucificado.

Tudo isso conseguiremos mais facilmente pela Virgem Imaculada, a quem a bondade de Deus confiou os tesouros da sua misericórdia. Pois não há dúvida que a vontade de Maria seja para nós a própria vontade de Deus. E, quando nos dedicamos a ela, tornamo-nos em suas mãos como instrumentos, como ela própria, nas mãos de Deus. Portanto, deixemo-nos dirigir por ela, ser conduzidos por ela, e sejamos calmos e seguros por ela guiados: pois cuidará de nós, tudo proverá e há de socorrer-nos prontamente nas necessidades do corpo e da alma, afastando nossas dificuldades e angústias.

Paz e Bem!

Fonte: Das Cartas de São Maximiliano Maria Kolbe (O. Joachim Roman Bar, O.F.M. Conv., ed. Wybór Pism, Warszawa 1973, 41-42;226)(Séc.XX).

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 20/08/2012 às 16h47
 
12/08/2012 06h37
SACRIFÍCIO DE AMOR

 

«SE ALGUÉM COMER DESTE PÃO, VIVERÁ ETERNAMENTE»

 

Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa

Diário, 1393 (Fátima, Marianos da Imaculada Conceição, 2003)

 

 

Jesus, Pão dos anjos, delícia do meu coração,

Todo o meu ser em Vós se abisma em fundura.

E vivo como os que no céu têm eleição,

Certa da vida sem fim, ainda que na sepultura.

 

Jesus eucaristia, Vós, ó Deus imortal,

E que sempre permaneceis em meu coração,

E enquanto Vos tenho não há morte fatal

Diz-me o amor que de Vós, por fim, terei visão.

 

Abismo-me em Vossa divina vida.

Olho o céu, quase aberto, tranquilizada,

E a morte envergonhada fito de fugida,

Pois divina vida na minh'alma é encerrada.

 

Senhor, que pelo Vosso santo querer 

A morte venha este meu corpo tocar,

Desejo o mais breve tal enlace acontecer.

Pois assim na vida eterna hei de ingressar.

 

Jesus, vida da minha alma, eucaristia,

Vós me elevastes às esferas eternas,

Em terrível suplício pela Paixão e agonia.

 

Paz e Bem!

 

        ©Evangelizo.org 2001-2012


Publicado por Frei Fernando Maria em 12/08/2012 às 06h37
 
06/08/2012 11h32
É BOM PARA NÓS ESTARMOS AQUI...

 

É BOM PARA NÓS ESTARMOS AQUI...

Jesus manifestou a seus discípulos este mistério no monte Tabor. Havia andado com eles, falando-lhes a respeito de seu reino e da segunda vinda na glória. Mas talvez não estivessem muito seguros daquilo que lhes anunciara sobre o reino. Para que tivessem firme convicção no íntimo do coração e, mediante as realidades presentes, cressem nas futuras, deu-lhes ver maravilhosamente a divina manifestação do monte Tabor, imagem prefigurada do reino dos céus.

Foi como se dissesse: Para que a demora não faça nascer em vós a incredulidade, logo, agora mesmo, eu vos digo, alguns dos que aqui estão não provarão a morte antes de verem o Filho do homem vindo na glória de seu Pai (cf. Mt 16,28). Mostrando o Evangelista ser um só o poder de Cristo com sua vontade, acrescentou: E seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João e levou-os a um monte alto e afastado. E transfigurou-se diante deles; seu rosto brilhou como o sol, as vestes se fizeram alvas como a neve. E eis que apareceram Moisés e Elias a falar com ele (cf. Mt 17,1-3).

São estas as maravilhas da presente solenidade, é este o mistério de salvação para nós que agora se cumpriu no monte: ao mesmo tempo, congregam-nos agora a morte e a festa de Cristo. Para penetrarmos junto àqueles escolhidos dentre os discípulos, inspirados por Deus, na profundeza destes inefáveis e sagrados mistérios, escutemos a voz divina que do alto, do cume da montanha, nos chama instantemente.

Para lá, cumpre nos apresarmos, ouso dizer, como Jesus, que agora nos céus é nosso chefe e precursor, com quem refulgiremos aos olhos espirituais – renovadas de certo modo as feições de nossa alma – conformados à sua imagem; e à semelhança dele, incessantemente transfigurados, feitos consortes da natureza divina e prontos para as alturas.

Para lá corramos cheios de ardor e de alegria; entremos na nuvem misteriosa, semelhantes a Moisés e Elias ou Tiago e João. Sê tu também como Pedro, arrebatado pela divina visão e aparição, transfigurado por esta linda Transfiguração, erguido do mundo, separado da terra. Deixa a carne, abandona a criatura e converte-te para o Criador a quem Pedro, fora de si, diz: Senhor, é bom para nós estarmos aqui (Mt 17,4).

Sim, Pedro, verdadeiramente é bom para nós estarmos aqui com Jesus e aqui permanecermos pelos séculos. Que pode haver de mais delicioso, de mais profundo, de melhor do que estar com Deus, conformar-se a ele, encontrar-se na luz? De fato, cada um de nós, tendo Deus em si, transfigurado em sua imagem divina, exclame jubiloso: É bom para nós estarmos aqui, onde tudo é luminoso, onde está o gáudio, a felicidade e a alegria. Onde no coração tudo é tranquilo, sereno e suave. Onde se vê a Cristo, Deus. Onde ele junto com o Pai tem sua morada e ao entrar, diz: Hoje chegou a salvação para esta casa (cf. Lc 19,9). Onde com Cristo estão os tesouros e se acumulam os bens eternos. Onde as primícias e figuras dos séculos futuros se desenham como em espelho.

Paz e Bem!

Fonte: Do Sermão no dia da Transfiguração do Senhor, de Anastásio Sinaíta, bispo - (Nn.6-10: Mélanges d’archéologie ET d’histoire 67[1955],241-244) (Séc.VII)

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 06/08/2012 às 11h32
 
03/08/2012 21h27
"NÃO É ELE O FILHO DO CARPINTEIRO?

 

«NÃO É ELE O FILHO DO CARPINTEIRO?»

 

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja

II homília sobre as palavras do Evangelho: «O anjo Gabriel foi enviado», § 16

Irmãos lembrai-vos do patriarca José [...], de quem José, o esposo de Maria, herdou não apenas o nome mas também a castidade, a inocência e as graças. [...] O primeiro recebeu do céu a interpretação dos sonhos (cf. Gn 40;41); o segundo não só teve conhecimento dos segredos do céu, como teve a honra de neles participar. O primeiro providenciou o sustento a todo um povo, fornecendo-lhe trigo em abundância (cf. Gn 41,55); o segundo foi estabelecido como guardião do pão vivo que veio para dar pessoalmente a vida ao mundo inteiro (cf. Jo 6,51).

Não há dúvida de que José, que foi noivo da mãe do Salvador, foi um homem bom e fiel, ou antes, o «servo bom e fiel» (Mt 25,21) que o Senhor colocou à frente da Sua família para ser a consolação de Sua mãe, o pai nutrício da Sua humanidade, o colaborador fiel no Seu desígnio para o mundo.

E era da casa de David [...], descendente da estirpe real, nobre por nascimento, mas ainda mais nobre de coração. Sim, era verdadeiramente filho de David, não apenas pelo sangue, mas pela sua fé, pela sua santidade, pelo seu fervor no serviço de Deus. Em José o Senhor encontrou verdadeiramente, como em David, «um homem segundo o Seu coração» (1Sm 13,14) a quem pôde confiar, com toda a segurança, o maior segredo do Seu coração.

Ele revelou-lhe «a sabedoria que instrui no segredo» (Sl 50, 8), deu-lhe a conhecer uma maravilha que nenhum dos príncipes desta terra conheceu; concedeu-lhe, enfim, ver o que «muitos profetas e reis quiseram ver [...] e não viram», escutar o que muitos queriam «ouvir [...] e não ouviram!» (Lc 10,24). E não apenas vê-Lo e ouvi-Lo, mas também levá-Lo nos braços, conduzi-Lo pela mão, apertá-Lo ao coração, abraçá-Lo, alimentá-Lo e cuidar d'Ele.

Paz e Bem!

        ©Evangelizo.org 2001-2012


Publicado por Frei Fernando Maria em 03/08/2012 às 21h27



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