FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Meu Diário
03/09/2013 15h41
POR AMOR DE CRISTO, ME CONSAGRO TOTALMENTE À SUA PALAVRA...

Por amor de Cristo, me consagro totalmente à sua palavra...

Das Homilias sobre Ezequiel, de São Gregório Magno, papa (Lib. 1,11,4-6: CCL142,170-172) (Séc.VI)

Filho do homem, eu te coloquei como sentinela da casa de Israel (Ez 3,16). É de se notar que o Senhor chama de sentinela aquele a quem envia a pregar. A sentinela, de fato, está sempre no alto para enxergar de longe quem vem. E quem quer que seja sentinela do povo deve manter-se no alto por sua vida, para ser útil por sua providência.

Como é duro para mim isto que digo! Ao falar, firo-me a mim mesmo, pois minha língua não mantém, como seria justo, a pregação e, mesmo que consiga mantê-la, a vida não concorda com a língua.

Eu não nego ser culpado, conheço minha inércia e negligência. Talvez haja diante do juiz bondoso um pedido de perdão no reconhecimento da culpa. Na verdade, quando no mosteiro podia não só reter a língua de palavras ociosas, mas quase continuamente manter o espírito atento à oração. Mas depois que pus aos ombros do coração o cargo pastoral, meu espírito não consegue recolher-se sempre, porque está dividido entre muitas coisas.

Sou obrigado a decidir ora questões das Igrejas, ora dos mosteiros; com frequência ponderar a vida e as ações de outrem; ora auxiliar em certos negócios dos cidadãos, ora gemer sob as espadas dos bárbaros invasores e temer os lobos que rondam o rebanho sob minha guarda. Por vezes, devo encarregar-me da administração, para que não venha a faltar o necessário aos submetidos à disciplina da regra. Às vezes devo tolerar com igualdade de ânimo certos ladrões, ora opor-me a eles pelo desejo de conservar a caridade. Estando assim dispersa e dilacerada a mente, quando voltará a recolher-se toda na pregação, e não se afastar do ministério da proclamação da Palavra? Por obrigação do cargo, muitas vezes tenho de encontrar-me com seculares; por isso sempre relaxo a guarda da língua. Pois se constantemente me mantenho sob o rigor de minha censura, sei que sou evitado pelos mais fracos e nunca os atraio para onde desejo. Por esta razão, muitas vezes tenho de ouvi-los pacientemente em questões ociosas. Mas, sendo eu mesmo fraco, arrastado aos poucos pelas palavras vãs, começo a dizer sem dificuldade aquilo que a princípio tinha ouvido com má vontade; e ali onde me aborrecia cair, agrada-me permanecer.

Que, pois, ou que espécie de sentinela sou eu, que não estou de pé no monte da ação, mas ainda deitado no vale da fraqueza? Poderoso é, porém, o criador e redentor do gênero humano para conceder-me, a mim, indigno, a elevação da vida e a eficácia da palavra. Por seu amor, me consagro totalmente à sua palavra.

Paz e Bem!


Publicado por Frei Fernando Maria em 03/09/2013 às 15h41
 
25/08/2013 09h51
VOS SERÁ DADO UMA PALAVRA QUE NINGUÉM PODERÁ CONTRADIZER

VOS SERÁ DADO UMA PALAVRA QUE NINGUÉM PORDERÁ CONTRADIZER

São Pedro Damião (1007-1072), eremita, bispo, doutor da Igreja

Sermão 42, 2º para a festa de São Bartolomeu; PL 144, 726

«Vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem»

A glória de todos os apóstolos é de tal modo indissociável e está unida por tantas graças que, quando se celebra a festa de um deles, é a grandeza comum a todos que é trazida à atenção da nossa visão interior. Com efeito, eles partilham a mesma autoridade de juízes supremos, o mesmo grau de dignidade, e possuem o mesmo poder de ligar e de absolver (Mt 19,28; 18,18). Eles são essas pérolas preciosas que São João diz ter contemplado no Apocalipse e com as quais são feitas as portas da Jerusalém celeste (Ap 21,21.14). […] Com efeito, quando, através de sinais ou de milagres, irradiam a luz divina, os apóstolos abrem o acesso à glória celeste de Jerusalém aos povos convertidos à fé cristã. […]

É ainda deles que o profeta diz: «Quem são estes que voam como nuvens?» (Is 60,8). […] Deus eleva o espírito dos seus pregadores à contemplação das verdades do alto, […] de modo que eles possam espalhar com abundância a chuva da palavra de Deus no nosso coração. Assim, eles bebem a água na nascente para depois no-la darem a beber. São Bartolomeu bebeu plenamente dessa fonte quando o Espírito Santo desceu sobre ele, tal como sobre os outros apóstolos, sob a forma de línguas de fogo (At 2,3).

Mas ouves falar de fogo e talvez não vejas a relação com a água. Escuta como o Senhor chama água a esse Espirito Santo que desceu como um fogo sobre os apóstolos. «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» e acrescenta: «Do seio daquele que crê em Mim, como diz a Escritura, correrão rios de água viva»; e o evangelista explica: referia-Se «ao Espírito que iam receber os que nele acreditassem» (Jo 7,37-39). Também o salmista diz dos crentes: «Podem saciar-se da abundância da tua casa; Tu os inebrias na torrente das tuas delícias. Em Ti está a fonte da vida» (Sl 36, 9-10).

Paz e Bem!

©Evangelizo.org 2001-2013

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 25/08/2013 às 09h51
 
21/08/2013 08h33
SALMOS

SALMOS

A voz da Igreja que canta suavemente

Compostos por divina inspiração, os salmos colecionados na Sagrada Escritura foram desde os inícios da Igreja empregados, como se sabe, não apenas para alimentar maravilhosamente a piedade dos fiéis que ofereciam sempre a Deus o sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que louvam seu nome (cf. Hb 13,15; Os 14,3); mas também, como já era costume na antiga Lei, para ocupar lugar eminente na sagrada liturgia e no ofício divino. Daí nasceu, na expressão de Basílio, “a voz da Igreja” e a salmodia. Salmodia que é “filha de sua hino dia, que sempre a Igreja canta diante do trono de Deus e do Cordeiro”, como expõe nosso predecessor Urbano VI. Assim a Igreja ensina aos homens particularmente devotados ao culto divino, conforme as palavras de Atanásio, “de que modo se deve louvar o Senhor e com que palavras dignamente” confessá-lo. A este respeito disse muito bem Agostinho: “Para ser bem louvado pelo homem, Deus mesmo se louvou; e, aceitando louvar-se, deu ao homem encontrar o modo de louvá-lo”.

Além disto, nos salmos há uma maravilhosa força para despertar nos corações o desejo de todas as virtudes. Pois, “embora toda a nossa Escritura, tanto a antiga quanto a nova, seja inspirada por Deus e útil para a instrução, como está escrito (cf. 2Tm 3,16), o livro dos salmos porém, semelhante a um paraíso, que contém em si os frutos dos demais livros, produz o canto, e, ainda mais, oferece seus próprios frutos unidos aos dos outros durante a salmodia”. Essas palavras são novamente de Atanásio, que acrescenta: “A mim me parece que os salmos são como um espelho para quem salmodia, onde este se contempla a si e os movimentos de seu espírito, e, assim impressionado, os recita”. Também diz Agostinho nas Confissões: “Como chorei por causa de teus hinos e cânticos, vivamente comovido pelas suaves palavras do canto de tua Igreja! As palavras fluíam em meus ouvidos e instilava-se a verdade em meu coração, fazendo arder a piedade; corriam-me as lágrimas e sentia-me bem com elas”.

Na verdade, a quem não comovem aquelas frequentes passagens dos salmos onde se canta profundamente a imensa majestade de Deus, a onipotência, a indizível justiça,a bondade ou a clemência e todos os outros infinitos louvores? A quem não inspiram iguais sentimentos as ações de graças pelos benefícios recebidos de Deus, ou as humildes e confiantes preces pelo que se deseja, ou os clamores do arrependimento dos pecados? A quem não inflama a cuidadosamente velada imagem do Cristo Redentor “cuja voz ouvia Agostinho em todos os salmos a salmodiar, a gemer, a alegrar-se na esperança ou a suspirar pela realização?”

Paz e Bem!

Fonte: Da Constituição Apostólica Divino aflatu, de São Pio X, papa

(AAS3[1911],633-635)(Séc.XX)

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 21/08/2013 às 08h33
 
16/08/2013 17h02
E DEUS OS UNIU NUMA SÓ CARNE...

E DEUS OS UNIU NUMA SÓ CARNE...

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja - Sermão 99; PL 52,477

«Grande é este mistério» (Ef 5,32)

«Nem a mulher é separável do homem, nem o homem da mulher, diante do Senhor», diz o apóstolo Paulo (1Cor 11,11) […]. O homem e a mulher caminham juntos para o Reino. Sem os separar, Cristo chama simultaneamente o homem e a mulher, que Deus uniu e que a natureza liga, dando-lhes a partilhar os mesmos gestos e as mesmas tarefas, num acordo admirável. Pelo laço do casamento, Deus faz que dois seres sejam um apenas e que um seja dois, de maneira que cada um descubra um outro eu, que não perde a sua singularidade nem se confunde no casal.

Mas por que razão, nas imagens que nos dá do seu Reino, Deus faz que intervenham desta maneira a mulher e o homem? (cf Lc 13,18.21). Porque nos sugere tanta grandeza servindo-Se de exemplos que podem afigurar-se nos fracos e desproporcionados? Irmãos, um precioso mistério se esconde sob esta pobreza. Nas palavras do apóstolo Paulo: «Grande é este mistério: […] mas eu interpreto-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5,32).

Tais parábolas evocam o maior projeto da humanidade: o homem e a mulher puseram fim ao processo do mundo, processo que durava há séculos. Adão, o primeiro homem, e Eva, a primeira mulher, são conduzidos, da árvore do conhecimento do bem e do mal, ao fogo […] do Evangelho […]. Suas bocas, doentes com o fruto da árvore envenenada, sararão com o sabor caloroso da árvore da salvação; árvore com sabor a fogo, que inflama a consciência gelada pela árvore de outrora. Agora, a nudez perde efeito, já não causa vergonha: o homem e a mulher estão completamente cobertos de perdão.

Paz e Bem!

©Evangelizo.org 2001-2013

 


Publicado por Frei Fernando Maria em 16/08/2013 às 17h02
 
10/08/2013 08h25
"EIS OS TESOUROS DA IGREJA"

“EIS OS TESOUROS DA IGREJA”.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja

Sermão 302, para a festa de São Lourenço

«Ele distribui do que é seu, dá aos pobres; a sua prosperidade subsiste para sempre» (Sl 111,9)

São Lourenço era diácono em Roma. Os perseguidores da Igreja pediram-lhe para entregar os tesouros da Igreja; foi para obter um verdadeiro tesouro no céu que ele sofreu tormentos cujo relato não se consegue ouvir sem horror: foi deitado numa grelha sobre as chamas. […] No entanto, triunfou de todas as dores físicas pela extraordinária força que extraía da sua caridade e do auxílio daquele que o tornava inquebrável: «Pois nós somos obra sua, criados em Jesus Cristo em vista das boas ações que Deus de antemão preparou para nós as praticarmos» (Ef 2,10).

Eis o que provocou a cólera dos perseguidores. […] Lourenço disse: «Tragam-me carroças nas quais possa levar-vos os tesouros da Igreja.» Trouxeram-lhe carroças; ele encheu-as de pobres e enviou-lhos, dizendo: «Eis os tesouros da Igreja.»

Nada é mais verdadeiro, meus irmãos; nas necessidades dos pobres encontram-se as grandes riquezas dos cristãos, se compreendermos bem como fazer frutificar aquilo que possuímos. Os pobres estão sempre diante de nós; se lhes confiarmos os nossos tesouros, não os perderemos.

Paz e Bem!

©Evangelizo.org 2001-2013

        


Publicado por Frei Fernando Maria em 10/08/2013 às 08h25



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