A ALMA NORDESTINA
A alma nordestina
tem um quê de afeto, é algo poético, é pura canção. É o sofrer cantado, no repente, no gingado do artista desbravado; Luiz Gonzaga, seu-baião. O poeta de cordel, o violeiro repentista, o embolador de côco, que artistas! Todos ganhando a vida fazendo versos. É o vaqueiro sertanejo montado em seu alazão, aboiando com emoção para amainar sua boiada. E a cantiga camarada dos cegos com sua violas nas feiras pedindo esmolas esbanjando rimas às suas platéias. Tudo isso sem contar as festas e os carnavais, São João e os festivais. Eita Nordeste animação! Pernambuco com seus frevos e maracatús, Maranhão do boi-bumbá. A Bahia, nem falar com seus batuques musicais. E a Paraíba do forró, do "rela bucho" bem dançado, do matuto enfadado da noite de dançaria!? Ceará do "Padim Ciço". Dos humoristas que beleza! Fazendo rir com natureza este Brasil de norte a sul. Tudo isso é meu Nordeste sua alma, sua gente. Se fiz versos diferentes é pra dizer que nasci lá. Caso não gostem destas rimas feito literatura de Cordel, respeitem ao menos o papel deste poeta pequenino que aprendeu desde menino com as cantigas de ninar. Agora pra encerrar os meus versos numa boa aclamo fazendo uma loa, que é um dizer típico daquele chão. O nordestino é um sofredor que traz a alma no olhar. Sabe padecer, mas sabe amar porque faz da luta sua sina. Não se rende, não se enclina, não se dá por derrotado mesmo estando entediado sabe sorrir e cantar... Eis a alma nordestina!
Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 24/09/2006
Alterado em 25/09/2006 |