FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Textos


CRÔNICAS DE MINHA ALMA
 
EXAME DE CONSCIÊNCIA...
 
 
Que posso eu querer mais Senhor, se já nos deste tudo? Nos deste a vida em meio a este belíssimo paraíso terrestre; mas não sabemos como vivê-la, mesmo sendo instruídos por Ti; pois te faltamos com a obediência e isso não nos deixa ter adesão perfeita à ti para te seguir fielmente e abraçarmos nossa cruz sem nenhum medo do amanhã. Ainda assim, Senhor, amparados por tua Divina Providência, somos protegidos de tal forma que jamais nos faltas em qualquer situação. Entretanto, não temos ainda plena confiança para crê de verdade que o teu poder não tem fim.
 
Ó Senhor, nos deste a terra, este paraíso lindo e tudo o que nele há, mas não sabemos como administrá-lo para Ti, porque o administramos a partir dos pecados que cometemos e esses pecados nos têm devorado por dentro, por isso, vivemos sem alento devido à nossa desobediência que é tanta. E mesmo tendo sido reparado o nosso pecado por tua obediência perfeita na cruz, continuamos a negar-te, com o nosso modo de ser e estar não condizente com a filiação divina que nos destes.
 
O que fazer então, Senhor, para permanecermos em tua presença sob o teu amparo, sem nunca sairmos dela? Isto porque, no pecado só há insegurança, medo, tristeza, dor, angústia, solidão, etc. É por isso que no pecado jamais Te encontramos de fato; a não ser pelo poder do arrependimento sincero, último dom que nos deixaste para obtermos tua misericórdia, teu perdão, que alimenta em nós a esperança da salvação eterna que viestes trazer.
 
Ó Senhor, tem compaixão de nós! Vem em nosso socorro sem demora, porque os homens debandaram para o lado do mal, e por isso não se suportam e não suportam mais a sã doutrina, porque abandonaram também o teu santo temor Senhor, para se perderem sem rumo em meio às trevas deste mundo, repletos de toda espécie de maldades; e assim seguem os caminhos tortuosos da perversidade que os leva somente à perdição e à morte.
 
Por fim, aqui estou Senhor, fazendo esse exame de consciência e pedindo tua clemência para essa nossa humanidade aparentemente derrotada pela própria pecaminosidade. Estamos nas últimas e ao que parece muitos não estão percebendo ou quem sabe ignorando ou fingindo, pois continuam a te afrontar e ofender com vão discursos e praticas abjetas; e desse modo vão afundando cada vez mais no lamaçal das drogas, da violência, da corrupção, da impureza sexual e tantos outros comportamentos horríveis que não vale a pena mencionar.
 
Por isso, é bom te ouvir Senhor, para não desanimarmos e com isso nos afastarmos de ti; pois, “ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo”. (Mt 24,12-13). De fato, e para perseverarmos até o fim, temos o maior tesouro que o Pai nos deu, o teu Corpo e Sangue, tua Alma e Divindade, realidade que transpõe a nossa natureza, a ponto de não entendemos tamanha predileção de amor, por quem não se dá merecer o que por graça nos concedestes. Pois tu mesmo disseste: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20b). E assim temos a certeza que não estamos sozinhos.
 
Destarte, faço minhas as palavras de São Columbano: “Suplico tenhas a condescendência de te mostrares, amado Salvador, a nós que batemos à tua porta para que, conhecendo-te, só a ti amemos, só a ti desejemos, só em ti meditemos dia e noite, sempre pensemos em ti. Inspira em nós tanto amor por ti quanto é justo que sejas, ó Deus, amado e querido. Teu amor invada todo o nosso íntimo, teu amor nos possua por inteiro, tua caridade penetre em nossos sentidos todos. Deste modo, não saibamos amar coisa alguma fora de ti, que és eterno. Uma caridade tamanha que nem as muitas águas do céu, da terra e do mar jamais a possam extinguir em nós, conforme a palavra: E as muitas águas não puderam extinguir o amor (cf. Ct 8,7). Que tudo se realize em nós, ao menos em parte, por teu dom, Senhor nosso, Jesus Cristo, a quem a glória pelos séculos. Amém”. (*).
 
(*) (Instr.Decompunctione,12,2-3:Opera,Dublin1957,pp.112-114)
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando,OFMConv.

Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 23/10/2012


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