FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

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A IGREJA É SANTA: LOGO, SEDE SANTOS COMO O VOSSO PAI CELESTE É SANTO...
 
No Credo Niceno-constantinopolitano, professamos: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. O fato é que, São Paulo, em sua carta aos efésios já havia emitido tal profissão de fé, pois lá está escrito: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível”. (Ef. 5,25-27). E professou ainda: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja. Dela fui constituído ministro, em virtude da missão que Deus me conferiu de anunciar em vosso favor a realização da palavra de Deus, mistério este que esteve escondido desde a origem às gerações (passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos”. (Col 1,24-26).
 
Desse modo, creio firmemente o que a Igreja crê e ensina: a Igreja é Santa, porque ela é o Corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça e nós somos seus membros; e a faço pelo fato de que sua origem é divina, pois foi o próprio salvador que a fundou e a mantém, como meditamos no Evangelho de São Mateus: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,18-19).
 
E o faço ainda, conforme a Igreja nos ensina no Catecismo: “Cristo e a Igreja, eis, portanto, o "Cristo total" ("Christus totus"). A Igreja é una com Cristo. Os Santos têm uma consciência bem viva desta unidade:
 
Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós somos os membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. O que significa isto: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja.
 
Redemptor nos ter unam se personam cum sancta Eccies ia, quam assumpsit, exhibuit - Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a santa Igreja, que ele assumiu.
 
Caput et inembra sunt quasi una persona mystica - Cabeça e membros são como uma só pessoa mística”. (CIC §795).
 
Sei que muitos dizem por aí, que a Igreja é santa e pecadora, dependendo da compreensão dessa colocação, não me conformo com isso, pois se essa afirmação (“a igreja é santa e pecadora”) for realmente o que diz, a Igreja teria de mudar o seu símbolo apostólico. Isto porque, na primeira Carta de São João, meditamos o seguinte: “Sabeis que (Jesus) apareceu para tirar os pecados, e que nele não há pecado. Todo aquele que permanece nele não peca; e todo o que peca não o viu, nem o conheceu”. (1Jo 3,5).
 
E ainda: “Filhinhos, ninguém vos seduza: aquele que pratica a justiça é justo, como também (Jesus) é justo. Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio. Todo o que é nascido de Deus não peca, porque o germe divino reside nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus (cf. Jo 3,5-9;1Jo 3,1-3). É nisto que se conhece quais são os filhos de Deus e quais os do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama o seu irmão”. (1Jo 3,6-10). Ou seja, não pode uma mesma fonte jorrar água pura e água podre (cf. Tg 3,11-12).
 
Com efeito, assim nos ensinou o Senhor Jesus, no Evangelho de São João: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado”. (Jo 3,1-3). E na explicação da parábola do joio, disse, Jesus: “O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça”. (Mt 13,37-43).
 
Portanto, não chamem de Igreja aqueles que vivem dentro da Igreja, mas não obedecem ao que a Igreja ensina, não fazem a vontade de Deus como a Igreja faz e não testemunham Jesus como a Igreja testemunha; isto porque no pecado e no escândalo não existe a vontade de Deus, e onde a vontade de Deus não se faz presente, a Igreja também não se faz presente, porque a Igreja é a vontade de Deus para a salvação da humanidade. Todavia, precisamos cuidar de nossa conduta para que não seja conduta de insensatos, nos achando santos e os outros condenados; longe de nós pensarmos e agirmos assim.
 
Ora, quem no alerta sobre isto é São Paulo, na sua missiva aos Gálatas: “Irmãos, se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias também em tentação! Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo. Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Cada um examine o seu procedimento. Então poderá gloriar-se do que lhe pertence e não do que pertence a outro. Pois cada um deve carregar o seu próprio fardo”. (Gl 6,1-5).
 
Já na Carta aos Romanos, ele escreve: “Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus. Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus (Is 45,23). Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros; antes, cuidai em não pôr um tropeço diante do vosso irmão ou dar-lhe ocasião de queda”. (Rm 14,7-13).
 
Aliás, o Senhor Jesus já nos havia ensinado antes sobre isto, quando disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”. (Lc 6,35-38).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando Maria,OFMConv.
Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 30/07/2014
Alterado em 14/08/2014


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