FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Textos

AINDA HÁ TEMPO
Morro a cada instante do meu nada.
Corro solto na estrada desta vida errante.
Horizonte que vejo, mas que parece miragem...
Será saudade que tenho do devir?
Não sei ao certo, só sei que a tenho em mim...

Corro ainda pra todos os lados...
Corro esburgado,
desolado querendo me sustentar...
Mas não me sustento...
Alguém me sustenta...
Pois, como posso existir sem o Eterno a me segurar?

Tenho sangue nas veias...mas, até quando?
Não posso afirmar...
Dói em mim a dor da razão
que imersa na solidão do mundo
não sabe até onde vai...
E, nesta atmosfera que respiro,
qual é o meu lugar?

Meu Deus,
sou apenas um sopro e nada mais...
Mesmo assim quero ser muito mais
do que aparento ser em mim...
Porém, na verdade,
nada sou além do sopro que me dás...

Vem Senhor, apossa-te do meu nada...
Transforma essa carcaça que sou...
Tira-me de mim mesmo,
que eu viva essa beleza tua que me cerca
como obra prima do teu infinito amor...

Não suporto essa minha finitude...
Desejos tenho, mas como realiza-los?
Talvez, só por meio de sonhos...
Mas nem isso é fácil para mim...
Porque sonhar não é o bastante...
Prefiro a realidade da fé,
que me faz enxergar,
muito além dos meus sonhos limitados...

Vivo um dilema terrível em mim...
Quero tão somente o que é eterno...
Mas minha pequenez ignorante
Se apega ao que é rude e inconstante...
e isso não me satisfaz...
De fato, desejo muito além do meu nada mais...

Ah! Senhor,
como superar-me em meu dilema...
Teorema assombroso de um ser fadado à morrer?
Tua esperança eterna ecoa dentro em mim...
Dizendo: faz assim e verás a glória eterna que te reservei...

Ó Senhor,
como esperar se me embaraça a dor
que sinto quando vou buscar no limite
aquilo que só em ti terei?!?
Sensatez,
preciso viver pra fazer acontecer
a tua Vontade em mim.

Mesmo assim, Senhor,
ainda me vejo perdido...
iludido por minha procura...
que nada encontra além da ilusão das criaturas...
que imaturas me fazem definhar...

Oh, destreza sagaz de alma enamorada...
que louca...
apaixonada...
busca respostas onde não há...
Pára teu infortúnio...ó minh'alma...!
Chega de confusão...
Ainda há tempo de voltares ao primeiro amor...
Àquele que não passa e nunca passou...
porque está sempre à te esperar...
Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 28/05/2007
Alterado em 29/05/2007


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