PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 20,17-28)(28/02/24) . 1. Caríssimos, um coração unido a Deus é um coração todo de Deus. Pois, somos consagrados ao Senhor pelo santo batismo para vivermos em comunhão de amor com Ele e entre nós, seus filhos e filhas. . 2. Todavia, vivemos ainda neste vale de lágrimas à caminho da vida eterna, e aqui convivemos diariamente com todo tipo tentações e perseguições por conta de fé que professamos. Tal como vimos na primeira leitura, em que o Profeta Jeremias sofre perseguição por ser fiel à Palavra de Deus e à missão profética que o Senhor lhe confiou. . 3. O Evangelho de hoje nos apresenta dois episódios que nos leva, nesta quaresma, à uma profunda reflexão. O primeiro, é o anúncio da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Esse anúncio nos aponta para a cruz como caminho a ser percorrido por todos os discípulos de Cristo. . 4. O segundo episódio, trata especificamente da oração em meio aos interesses pessoais, onde a mãe de Tiago e João, pede a Jesus os primeiros lugares no Reino dos Céus para os seus filhos. . 5. A resposta de Jesus nos leva a compreender que, quando a oração não é uma expressão do plano salvífico de Deus para a nossa salvação, ela não passa de interesse pessoal sem nenhum sentido de ser, por isso, disse o Senhor: "Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” (Mt 20,22). . 6. Portanto, caríssimos, estamos saindo do "Egito" deste mundo, a caminho da terra prometida, o Reino dos Céus, por isso, precisamos ficar atentos ao que o Senhor Jesus nos ensina: "O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão. Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão." (Mt 10, 24-25a). . 7. Em outras palavras, precisamos beber com o Senhor Jesus o cálice amargo da sua paixão e morte, para vivermos a verdadeira condição de sermos seus fiéis seguidores. De fato, a cruz não é fácil, mas é o perfeito caminho para se chegar ao céu, basta carregar-la com o Senhor e ela torna-se-a leve, e o seu tempo breve. . 8. Comentando esse Evangelho disse o Papa Bento XVI: "O pedido de Tiago e João e a indignação dos "outros dez" Apóstolos levantam uma questão central à qual Jesus quer responder: quem é grande, quem é o "primeiro" para Deus? Em primeiro lugar, o olhar dirige-se para o comportamento que "aqueles que são considerados os chefes das nações" correm o risco de adotar: "dominar e oprimir". Jesus indica aos discípulos um caminho completamente diferente: "Entre vós, porém, não é assim". . 9. A sua comunidade segue uma outra regra, uma outra lógica, um outro modelo: "Quem quiser ser grande entre vós será vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós será escravo de todos". O critério de grandeza e de primazia, segundo Deus, não é o domínio, mas o serviço; a diaconia é a lei fundamental do discípulo e da comunidade cristã, e deixa entrever algo do "senhorio de Deus".
10. E Jesus indica também o ponto de referência: o Filho do Homem, que veio para servir; ou seja, sintetiza a sua missão sob a categoria do serviço, entendido não no sentido genérico, mas no sentido concreto da Cruz, do dom total da vida como "resgate", como redenção para muitos, e indica-o como condição para o seguimento. . 11. É uma mensagem que vale para os Apóstolos, vale para toda a Igreja, vale especialmente para aqueles que têm tarefas de direção no Povo de Deus. Não é a lógica do domínio, do poder segundo critérios humanos, mas a lógica do abaixar-se para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz que subjaz a todo o exercício da autoridade. Em cada época, a Igreja está empenhada em conformar-se a esta lógica e em testemunhá-la para fazer brilhar o verdadeiro "senhorio de Deus", o do amor." . Paz e Bem! . Frei Fernando Maria OFMConv. Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 28/02/2024
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